Candidatos à Prefeitura de Niterói debatem no g1; Rodrigo falta

Bruno Lessa (Podemos), Talíria Petrone (Psol) e Carlos Jordy (PL), candidatos à Prefeitura de Niterói participam de debate no g1; Rodrigo falta | Reprodução/g1

O Grupo Globo, através portal do g1 e respectivos canais, promoveu o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de Niterói nesta quinta-feira (29). Tiveram participação assegurada os candidatos cujos partidos possuem, pelo menos, cinco representantes no Congresso Nacional.

Compareceram ao encontro Bruno Lessa (Podemos), Carlos Jordy (PL) e Talíria Petrone (Psol). Embora convidado, Rodrigo Neves (PDT) optou por não comparecer ao encontro. O jornalista Edmilson Ávila mediou a dinâmica, previamente combinada com as coordenações das campanhas dos concorrentes.

Edimilson Ávila apresenta o debate entre os candidatos à Prefeitura de Niterói, no g1 | Reprodução/g1

Inicialmente, a assessoria de Neves participou das reuniões preparatórias do evento. Porém, apenas duas horas antes ele avisou que não ia comparecer. Dessa forma, tornou-se alvo de críticas dos demais candidatos, chegando a ser chamado de “fujão”. Além disso, mesmo ausente, Rodrigo esteve no centro dos ataques de todos os candidatos ao longo do debate.

Rodrigo Neves justifica ausência dizendo que, em função do novo cenário das disputas eleitorais deste ano, os debates se tornaram fontes para aventureiros e extremistas. apesar de reconhecer a iniciativa como importante | Reprodução/g1

Assim sendo, restou a Lessa, Jordy e Talíria se enfrentarem nos seis blocos do encontro. As principais questões abordadas pelos participantes estavam relacionadas a temas como saúde, educação e população em situação de rua. O último assunto se desdobrou como tema central das questões de segurança pública, com o debate de proposta de internação compulsória daqueles que atualmente vivem nas ruas.

Educação

Ao destacar a importância do papel da Universidade Federal Fluminense, Talíria Petrone atacou Carlos Jordy. Ela acusou o candidato de “odiar universidade pública”, bem como de atacar os estudantes. Nesse sentido, Talíria prometeu dobrar o número de vagas para ensino em tempo integral. De igual forma, disse que pretende implementar o “Espaço Coruja” para o cuidado de crianças de famílias que trabalham no turno noturno.

Candidatos à Prefeitura de Niterói debatem no g1

Candidatos à Prefeitura de Niterói, Talíria Petrone e Carlos Jordy travam debate intenso no g1 | Reprodução/g1

Carlos Jordy, por sua vez, rebateu a acusação de Talíria, dizendo não odiar os estudantes, mas ressaltou que está havendo politização da educação. Indo além, destacou a importância de incluir a Universidade Federal Fluminense (UFF) em um plano de revitalização da indústria naval e de estaleiros. Ainda sobre o tema, prometeu promover a oferta de ensino técnico e criticou o fato de haver 3 mil crianças fora das creches e o recente resultado negativo da cidade no Ideb. Como solução, propôs trazer para Niterói os melhores consultores de educação do país para fazer da cidade uma referência.

Já Bruno Lessa destacou ter certeza de que Educação da cidade voltará a liderar o estado com competência e boa gestão, principalmente investindo na população e zerando a fila por vagas em creches. O candidato citou ainda que a Educação de Niterói arrecadou nos últimos 12 anos 4,5 bilhões de Reais, mas que um dos problemas está na qualidade. Ele se comprometeu a implementar o ensino integral em 50% das escolas e a construir 21 novas Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis).

Pessoas em Situação de Rua

Na sequência, os candidatos debateram questões envolvendo as pessoas em situação de rua e o transporte público.

Provocada por uma pergunta de Carlos Jordy sobre ações de violência praticadas por pessoas em situação de rua, Talíria se posicionou contra a internação compulsória. Ela chamou a proposta de “farsa” e defendeu a humanidade no trato da questão. Talíria ponderou sobre o quão chocante está a situação e afirmou que rua não é “lugar para ningém viver”.

Nesse contexto, Talíria disse que vai implantar o projeto Acolher. A ação consiste no estímulo à iniciativa privada para a contratação de pessoas em situação de rua, com a Prefeitura pagando metade do salário, além de prover moradia e tarifa zero. A candidata ressaltou que apenas 17% desse grupo de pessoas está em situação de drogadição, defendendo o tratamento delas por meio do fortalecimento da rede de atenção psicossocial do município e com o Centropop itinerante.

Jordy, por outro lado, defendeu a internação compulsória das pessoas em situação de rua que, segundo ele, vivem em situação de flagelo humano. Ele ainda prometeu resolver a questão no seu primeiro ano de governo, caso eleito, através de política de reinserção laboral.

Afirmando que a questão da população em situação de rua está diretamente ligada com a sensação de insegurança da população, Bruno Lessa também se manifestou favorável à internação involuntária das pessoas em situação de drogadição. Mas ressaltou o emprego como o caminho para tirar das ruas quem não é dependente químico.

Transporte Público

Em relação ao transporte, Talíria apresentou como proposta o transporte coletivo de ônibus no sistema “tarifa zero”, conforme o modelo de Maricá. Bruno Lessa se declarou contra a tarifa zero, sobretudo se custeada por royalties do petróleo.

Tarifa zero em debate: Bruno Lessa se diz contra proposta defendida por Talíria e que Jordy pretende aplicar para beneficiários da moeda Arariboia | Reprodução/g1

Em contrapartida, o candidato propôs uma redução tarifária por meio de bilhetagem eletrônica, ao passo que Jordy sugeriu rever os contratos de transporte, sobretudo das empresas de ônibus e do Niterói Rotativo. Todavia, Jordy defendeu a aplicação do “tarifa zero” para os beneficiários da Moeda Arariboia, além de prometer devolver as linhas de ônibus retiradas.

Segurança

Além das questões exaustivamente debatidas sobre a população em situação de rua, a segurança pública também esteve em pauta. Bruno Lessa questionou Jordy sobre seu plano de governo não tratar da questão do armamento da Guarda Municipal. O candidato do PL disse que, apesar de ser favorável a pauta, é necessário discutir a questão com a categoria.

No debate entre os candidatos à Prefeitura de Niterói, Bruno Lessa e Carlos Jordy falam sobre segurança pública | Reprodução/g1

Em contrapartida, Jordy sugeriu o fortalecimento do Programa de Integração na Segurança (Proeis), para o fortalecimento do policiamento de madrugada, no horário em que o Segurança Presente não atua. Também prometeu implementar 100% de iluminação de Led na cidade.

Em se tratando do Segurança Presente, Bruno Lessa defendeu que a gestão do programa, atualmente feita pelo estado, precisa retornar para o município, com gestão plena. Lessa disse que, caso eleito, vai articular com o governador do estado o retorno da gestão para o município. O candidato acredita, primordialmente, que a população tem uma percepção de segurança maior com o Segurança Presente sob cuidados municipais.

Saúde

Quando a saúde esteve no centro do debate, mais uma vez Talíria confrontou Jordy ao abordar a queda da imunização de crianças pela vacina tríplice viral, em Niterói. Ela acusou o colega de não gostar de vacinas de ter feito campanhas contra a vacinação contra a covid-19, no período mais crítico da pandemia do novo coronavírus.

Em sua defesa, Jordy retrucou dizendo que o candidato Rodrigo não havia ido ao debate, mas que tinha mandado Talíria como sua representante.

Indo além, disse que não era contra as vacinas, dizendo-se uma pessoa responsável, vacinada e que, inclusive, tinha vacinado sua filha. Defendeu-se, ainda, justificando que sua posição contrária se resumia à obrigatoriedade da vacinação. E, argumentou que os fabricantes dos imunizantes contra a covid-19 queriam se isentar de responsabilidade quanto aos efeitos colaterais. Por fim, disse ia vacinar Niterói contra a corrupção.

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Em termos propositivos, Jordy propôs a construção de um centro de imagem e outro especializado para autistas.

Bruno Lessa prometeu zerar a fila por exames na rede municipal, construir centros de imagem e especialidades. Ela ainda defendeu aquisição de vagas na rede privada – mediante pagamento de acordo com a tabela do Sistema Único de Saúde – enquanto as obras não ficam prontas.

Ainda sobre saúde, Talíria Petrone defendeu a universalização do programa Médico de Família. Igualmente, a ampliação de leitos hospitalares, a criação de um centro para tratamento de AVC e infarto, e a renovação do parque tecnológico das policlínicas.

Infraestrutura

No campo da infraestrutura, Lessa prometeu acabar com a Empresa Municipal de Moradia Urbanização e Saneamento (Emusa), alvo de denúncias no ano passado. Jordy sugeriu a construção de piscinões em Caio Martins e no Barreto para combater os alagamentos e propôs um grande pacote de obras para reformar todas as calçadas de Niterói. Talíria criticou a nova lei urbanística da cidade, e prometeu investimentos no meio ambiente e sustentabilidade.

Considerações Finais

Nas considerações finais, os candidatos se esforçaram para conquistar o eleitorado. Bruno Lessa destacou seu orgulho em ser niteroiense e criticou a administração atual pela piora na qualidade de vida na cidade. Talíria Petrone reforçou que a eleição é uma escolha entre o passado e o futuro, associando Rodrigo Neves à estagnação. Jordy enfatizou seu conhecimento dos problemas da cidade e se comprometeu a resolver a questão da população de rua no seu primeiro ano de mandato, caso eleito.

Rodrigo Neves justificou sua ausência com uma nota, criticando o uso dos debates para fins mal-intencionados e a proliferação de notícias falsas, comprometendo-se a participar de entrevistas e sabatinas.

Segundo o g1, Rodrigo enviou a seguinte nota à produção:

“O candidato a prefeito de Niterói Rodrigo Neves tem grande respeito pelo trabalho jornalístico do g1 e das Organizações Globo, tendo participado ativamente de debates eleitorais e sabatinas nas últimas campanhas. Ele, no entanto, tomou a decisão de não participar do evento em função do novo cenário das disputas eleitorais deste ano.

Infelizmente, o que se vê, de forma cada vez mais exponencial, são iniciativas importantes, como os debates, se tornarem fontes para aventureiros e extremistas. Eles fazem edições mal-intencionadas com único objetivo de criar notícias falsas e posições fora do contexto dos candidatos. Apesar de proibidas, essas edições criminosas são espalhadas nas redes sociais, onde o controle pelos meios legais é muito mais difícil.

Rodrigo Neves acredita que o debate, que é um instrumento democrático para esclarecer o eleitor, nos tempos atuais vem sendo deturpado pela máquina das notícias falsas para, na verdade, confundir o eleitor. Ele ressalta que está à disposição para entrevistas e sabatinas com veículos das Organizações Globo.”