Saída do Bolsa Família avança e estudos mostram mobilidade social

Saída do Bolsa Família avança e estudos mostram mobilidade social | Lyon Santos/MDS
A saída do Bolsa Família ganhou força na última década e mostrou que o programa conseguiu promover mobilidade social entre jovens que cresceram sob sua proteção. O novo estudo “Filhos do Bolsa Família”, divulgado pela FGV, revela que seis em cada dez beneficiários deixaram a ajuda financeira entre 2014 e 2025, movimento que altera o perfil da política pública e reforça o impacto das condicionalidades de educação e saúde.
Os adolescentes que tinham entre 15 e 17 anos em 2014 lideram o avanço. Eles deixaram o programa com ritmo acima da média e alcançaram taxa de desligamento de 71,25%, cenário que mostra acesso maior a emprego, estudo e autonomia econômica. Em seguida, surgem jovens de 11 a 14 anos, com 68,8%, enquanto as crianças com até 4 anos registraram saída de 41,26%.
O estudo classifica o grupo analisado como “segunda geração”, formado pelos filhos de famílias que entraram no programa nos primeiros anos da política social. Os pesquisadores destacam que o ciclo só se mantém saudável porque grande parte desse público consegue caminhar sem a transferência de renda após o ensino básico.
A pesquisa mostra que o contexto familiar acelera ou freia o desligamento. Jovens que vivem com responsáveis com emprego formal deixam o benefício com 79,4% de taxa, índice que supera com folga famílias de trabalhadores informais ou autônomos. A escolaridade também pesa: quando o responsável tem ensino médio completo, a taxa sobe para 70%.
Os pesquisadores afirmam que a combinação entre renda mínima, escola e acompanhamento de saúde gera capital humano e abre portas para o mercado de trabalho. Entre os jovens que tinham 15 a 17 anos em 2014, 52,67% saíram do CadÚnico dez anos depois e 28,4% já tinham emprego formal, cenário que confirma o fortalecimento da autonomia.
O ministro Wellington Dias disse que o desligamento crescente reforça o papel do programa como porta de entrada para novas oportunidades. Ele lembrou que fome, evasão escolar e dificuldades de trabalho andam juntas e que a transferência de renda funciona como base para romper esse ciclo.
A FGV analisou também a tendência recente. Desde 2023, com a nova versão do Bolsa Família, 31,25% dos inscritos saíram do programa até outubro de 2025, ritmo que chega a 42,59% entre jovens de 15 a 17 anos. Hoje, mais pessoas deixam o programa do que entram. A média mensal registra 447 mil saídas e 359 mil entradas, sinal de que as próximas gerações podem ter mobilidade ainda maior.
Os pesquisadores destacam dois mecanismos que estimularam a autonomia: a regra de proteção, que impede o corte imediato do benefício quando o beneficiário consegue emprego; e o Programa Acredita, que oferece microcrédito para empreendedores de baixa renda.
Atualmente, o Bolsa Família atende famílias com renda de até R$ 218 por pessoa. O benefício base é de R$ 600, com valores adicionais para crianças, gestantes e adolescentes. Em novembro, o programa alcançou 18,65 milhões de famílias e consumiu R$ 12,69 bilhões.
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