A eleição para a presidência do Senado e os cargos da Mesa Diretora acontece neste sábado (1º), e a disputa promete ser acirrada nos bastidores. Com início previsto para as 10h, a sessão definirá quem comandará a Casa pelos próximos dois anos.
A briga pelo cargo coloca no ringue pelo menos quatro candidatos oficiais, mas o nome que realmente movimenta as articulações é Davi Alcolumbre (União-AP), que até a tarde de sexta-feira (31) ainda não havia registrado formalmente sua candidatura. Todavia, isso pode ocorrer até instantes antes do início dos trabalhos. Ele tem o apoio do atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, bem como do governo Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os nomes confirmados na corrida são Marcos do Val (Podemos-ES), o primeiro a registrar candidatura, Eduardo Girão (Novo-CE), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Soraya Thronicke (Podemos-MS), que entrou na disputa na quinta-feira (30). Mas todos sabem que a verdadeira luta se desenrola longe dos holofotes, com promessas, acordos e trocas de favores.
O Poder Absoluto do Presidente do Senado
Não se engane: o presidente do Senado não é apenas um burocrata que bate martelo em votações. Ele preside o Congresso Nacional, dá posse ao presidente da República e pode barrar iniciativas que não lhe agradem. Com uma canetada, ele pode enterrar pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e influenciar diretamente o destino de projetos que impactam a vida dos brasileiros.
Além disso, define a pauta do Senado e do Congresso, podendo decidir quais temas avançam e quais morrem antes mesmo de serem debatidos. É um jogo de cartas marcadas onde alianças políticas valem mais do que a vontade do eleitorado.
Regra do jogo: Eleição Secreta e Manobras nos Bastidores
A eleição do presidente do Senado ocorre em votação secreta, por cédulas de papel, e exige maioria absoluta: 41 votos entre os 81 senadores. Se ninguém alcançar esse número, os dois mais votados disputam um segundo turno, mas a exigência de 41 votos permanece.
Na sequência, às 11h, acontece a votação para os demais cargos da Mesa Diretora, composta pelos vice-presidentes, secretários e suplentes. A composição final é fruto de complexas negociações entre partidos, blocos parlamentares e interesses pessoais.
Comissões: onde o jogo real acontece
Embora o Plenário seja o palco das grandes votações, são as 16 comissões permanentes que fazem o trabalho pesado. Elas analisam projetos, convocam ministros, realizam audiências públicas e têm poder de vida ou morte sobre propostas antes que cheguem ao Plenário.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por exemplo, tem 27 membros e é a mais disputada, pois decide sobre a constitucionalidade das propostas e conduz sabatinas de indicados ao STF e a tribunais superiores. Já a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) tem peso decisivo sobre as finanças do país, lidando com impostos, orçamento e políticas monetárias.
O Senado Nas Mãos de Quem
A composição das comissões reflete o equilíbrio de forças entre os partidos, mas também sofre influencia de acordos na eleição da presidência da Casa. Senadores negociam cargos e influência nos colegiados para garantir que seus interesses fiquem protegidos. O jogo de cadeiras não obedece apenas à proporcionalidade partidária, mas sim às articulações que rolam nos corredores do poder.
O que está em jogo
A eleição do próximo presidente do Senado impactará diretamente o governo federal, a relação com o Judiciário e o andamento de pautas econômicas e sociais. No centro da disputa estão projetos como a regulamentação da reforma tributária, o futuro do orçamento da União e a possibilidade de novos pedidos de impeachment contra ministros do STF.
Independentemente de quem vencer, uma coisa é certa: o Senado seguirá sendo um campo de batalha onde interesses individuais, conchavos e disputas de poder ditam as regras do jogo.