Trabalho infantil ainda atinge 1,6 milhão de crianças no Brasil, aponta IBGE

Trabalho infantil ainda atinge 1,6 milhão de crianças no Brasil, aponta IBGE | Valter Campanato/Agência Brasil
O trabalho infantil no Brasil atingiu 1,65 milhão de crianças e adolescentes em 2024, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira (19). Apesar da redução nas formas mais graves, a prática segue presente, sobretudo no comércio e na agricultura.
Entre os envolvidos, 372 mil tinham entre 5 e 13 anos, 363 mil tinham 14 ou 15 anos e 915 mil estavam na faixa de 16 a 17 anos. Do total, 1,195 milhão exerciam atividade econômica, enquanto 455 mil trabalhavam apenas para o autoconsumo das famílias.
Realidade marcada por desigualdade
A pesquisa mostrou que dois terços dos trabalhadores infantis eram pretos ou pardos. O problema também afetava mais meninos (66%) do que meninas (34%).
Enquanto 30,2% estavam no comércio, 19,2% atuavam na agricultura. No grupo de 5 a 13 anos, quase 40% trabalhavam no campo.
Outro dado preocupante: uma em cada cinco crianças ou adolescentes trabalhava 40 horas semanais ou mais.
Atividades de risco
O IBGE identificou 560 mil jovens em ocupações consideradas perigosas — que oferecem risco de acidentes ou danos à saúde. Esse contingente representava 37,2% da população infantil em atividades econômicas, mas foi o menor número desde 2016.
Mesmo assim, o rendimento médio dos que trabalhavam foi baixo: R$ 845 mensais. Para quem estava em atividades de risco, a média caiu para R$ 789.
Bolsa Família e impacto social
Entre as famílias beneficiárias do Bolsa Família, 5,2% das crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil. No restante da população, a taxa foi de 4,3%.
Apesar disso, o estudo apontou uma tendência de queda mais acentuada entre os beneficiários do programa em comparação ao restante da sociedade.
“As famílias atendidas pelo Bolsa Família conseguiram reduzir em maior proporção a participação de crianças no trabalho infantil”, destacou o IBGE.
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