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Censura a professores expõe avanço da perseguição nas escolas do Brasil

Censura a professores expõe avanço da perseguição nas escolas do Brasil | Tomaz Silva/Agência Brasil

A censura contra professores transformou o ambiente escolar em um espaço de medo constante, onde educadores evitam temas obrigatórios e perdem liberdade para ensinar. A pressão política ganhou força e se espalhou pelo país com intensidade inédita.

Censura atinge 9 em cada 10 educadores

A pesquisa inédita do Observatório Nacional da Violência Contra Educadoras/es expôs um cenário que deixou educadores em alerta. O estudo indicou que nove em cada dez profissionais já sofreram perseguição ou presenciaram censura direta em ambientes de ensino.

A violência alcançou escolas e universidades, públicas e privadas, e moldou um clima de vigilância que afastou temas essenciais do currículo.

Violência se espalha pela educação básica e superior

O levantamento mostrou que 61% dos docentes da educação básica sofreram censura direta. Na educação superior, o índice chegou a 55%, número que confirma a expansão da pressão política em todos os níveis de ensino.

Ataques vão de intimidação a agressões físicas

Os episódios envolveram intimidação, ataques verbais, restrições de conteúdo e até agressões físicas. As motivações variaram entre política, gênero, sexualidade, religião e negacionismo científico. Direções escolares, famílias e estudantes apareceram com frequência entre os responsáveis pelos ataques.

Temas obrigatórios viram alvo de proibições

A pesquisa revelou que professores foram impedidos de trabalhar conteúdos essenciais. Muitos evitaram temas como violência sexual, vacinação, evolução, gênero e sexualidade. A reação generalizada foi o aumento da autocensura, que se tornou mecanismo de sobrevivência diante de punições e ameaças.

Impacto emocional e profissional atinge toda a categoria

A pesquisa apontou que 33% dos educadores sofreram impacto extremo na vida pessoal e profissional. Outros 39% também sentiram prejuízos diretos no cotidiano. Parte expressiva dos profissionais mudou de escola ou abandonou a carreira, ampliando o chamado “apagão de professores”.

Anos politicamente tensos ampliam ataques

A violência acompanhou picos de polarização nacional. Os anos de 2016, 2018 e 2022 concentraram os maiores índices de ataques, períodos marcados por impeachment e eleições presidenciais. O clima político ultrapassou grupos e redes sociais, chegando com força às salas de aula.

Membros das próprias escolas lideram agressões

Diferente do que se imaginava, os agressores mais frequentes estavam dentro das instituições. Diretores, coordenadores e equipes pedagógicas lideraram o ranking, seguidos por familiares e alunos. A violência deixou de ser fenômeno externo e passou a fazer parte do cotidiano escolar.

Medo e vigilância moldam a rotina dos professores

Cerca de 45% dos educadores disseram se sentir vigiados o tempo todo. Muitos relataram que deixaram de abordar temas obrigatórios por medo de represálias. A autocensura reduziu a qualidade do ensino e impediu debates essenciais para a cidadania.

Sudeste e Sul concentram mais casos graves

O relatório destacou maior incidência de violência nas regiões Sudeste e Sul. Estados como Santa Catarina tiveram grande volume de relatos, o que reforça a influência de ambientes politicamente radicalizados.

Relatório pede política nacional de proteção

O Observatório defende a criação de uma política nacional de proteção aos educadores, especialmente em anos eleitorais. O documento recomenda reconhecer professores como defensores de direitos humanos e criar mecanismos permanentes de denúncia e segurança.

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