Pré-campanha de Ramagem tem presença e discurso de Bolsonaro | Reprodução

Na manhã desta quinta-feira (18), durante um ato político na praça Saens Peña, Zona Norte do Rio de Janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expressou apoio ao deputado federal Alexandre Ramagem (PL), alegando que ele é alvo de perseguição. A declaração se deu no único contexto em que Bolsonaro fez discreta menção escândalo do grampo, no caso da “Abin Paralela”. Ao lado dele, estava o governador do Rio, Cláudio Castro, e o deputado federal Altineu Côrtes, presidente regional do PL no Rio.

VÍDEO COM OS DISCURSOS DE BOLSONARO

E RAMAGEM NO FINAL DA REPORTAGEM

Além disso, Bolsonaro veio carregado de munição para disparar contra seus adversários políticos. Lembrou a visita de Lula a um complexo de favelas no Rio, comparando a reunião com lideranças comunitárias a encontro com traficantes. E também citou o recente episódio sobre o custeio das despesas de Luciane Barbosa Farias a um evento público, em Brasília. Entretanto, pesa contra ela a acusação de se tratar da operadora financeira do Comando Vermelho no Amazonas.

“Eu não estive numa comunidade aqui me reunindo com traficantes. Me tornaram inelegível porque eu coloquei do meu lado um grande empresário de Santa Catarina num 7 de setembro. Eu não recebi e jamais receberia a dama do tráfico, em meu gabinete, em Brasília”, numa indireta ao presidente Lula, fundamentada no que o atual chefe da República já disse se tratar de fake news.

Sobre a ida de Luciane Barbosa Farias à Brasília, o governo federal disse que pagou por uma das viagens dela para participar do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura. Mas justificou a despesa alegando que o Comitê estadual do Amazonas indicou a dama como sua representante no evento.

“Todos os convidados tiveram suas passagens e diárias custeadas”, disse o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania sobre o episódio.

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Sem pão com leite moça

Pré-campanha de Ramagem tem presença e discurso de Bolsonaro

Recentemente, a pré-candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio sofreu um revés após a divulgação de um áudio gravado durante uma reunião em que Bolsonaro discutia o apoio de órgãos federais ao seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), investigado pelo caso da “rachadinha”.

Ramagem justificou que a gravação foi feita para proteger Bolsonaro, com o consentimento do ex-presidente. Até então, Bolsonaro não confirma – nem nega – a versão de Ramagem. Mas o meio político reverbera que Bolsonaro ficou muito irritado com o “aliado”, ao ponto disso abalar sua confiança no homem com quem ele comia “pão com leite moça”.

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Todavia, enquanto a roupa suja ainda está para quarar, diante do público o show tem que continuar. Em seu discurso, Bolsonaro evitou comentar sobre o áudio. Ele se concentrou em atacar ao governo Lula, claramente tentando construir um cenário de polarização para a disputa eleitoral. Em outras palavras, o famoso nós contra eles.

“Assumimos, em 19, um Brasil com muitos problemas. Mas eu fiz uma coisa que, da nova República pra cá, ninguém fez em Brasília. Ter a coragem de escolher e aguentar o tranco um ministério técnico imbuído de mudar o Brasil Não há comparação entre Paulo Guedes e Haddad. Não há comparação entre nenhum deles e um nosso”, enfatizou Bolsonaro, levando o público ao delírio.

Saída e volta ao Brasil

Bolsonaro termina mandato presidencial nos Estados Unidos e não passa facha | Foto: Alan Santos/PR

Bolsonaro ainda manteve o tom alto e tornou a fazer insinuações sobre o resultado das eleições.

“Nós podemos ver – vocês já viram – um time de futebol ser campeão sem torcida, mas um presidente da República eleito sem povo é a primeira vez na história do Brasil. Mas vamos deixar isso pra lá, desconversou.

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Demonstrando bravura e heroísmo, Jair Bolsonaro lembrou sua ida, no apagar das luzes de seu mandato, em dezembro de 2022, para os Estados Unidos. Sem citar a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro rememorou o contexto em que voltou para o país. Ao menos, a seu modo de ver.

“No final de março, retornei pra cá, com todos os riscos possíveis, das perseguições das mais diversas. Mas eu tinha dentro de mim que nós juntos não podemos desistir do Brasil”, bradou

Ataque à “censura”

Fazendo uma breve viagem no tempo, Bolsonaro lembrou de que todos os partidos lhe fecharam as portas, menos o PSL, na época sob comando de Luciano Bivar e Gustavo Bebbiano. Com o último, Bolsonaro brigou logo no começo de seu governo, em fevereiro de 2019, por conta de um escândalo envolvendo áudios de candidaturas laranjas. Esse episódio desagradável não fez parte do discurso do presidente.

Ainda seguindo sua épica epopeia heroica, considerou o sucesso de sua campanha presidencial, em 2018, a “um telefone celular e a liberdade de expressão”.

“Hoje em dia, querem censurar e fazer com que as mídias sociais deixem de existir. Querem apenas que a mídia tradicional sobreviva. Eu digo a vocês: eles não estão preocupados com fake news ou com mentiras. Eles querem calar a verdade. O João 8:32 não interessa pra eles”, frisou Bolsonaro.

Em resumo, afirmou que segue trabalhando, mesmo sem mandato, com a ajuda de seus aliados eleitos Brasil afora.

“Nós não podemos ceder. A liberdade de expressão é a base da democracia, divagou.

Num raro momento, em que se referiu a Ramagem, destacou que suas críticas serviam para apresentar alternativas para o Rio de Janeiro. Este foi o único momento em que Bolsonaro sugeriu apoio à campanha municipal de Ramagem.

Nós contra eles

Pré-campanha de Ramagem tem presença e discurso de Bolsonaro e ataques ao presidente Lula | Reprodução/TV Globo

No Rio, Lula deve apoiar o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que concorre à reeleição. Porém, há dissidências no partido quanto a esse apoio, devido à tendência de Paes por uma chapa puro-sangue, com o deputado federal Pedro Paulo, que votou pelo impeachment de Dilma, em 2016. Enquanto a sigla diz que segue com o prefeito, o deputado federal Lindbergh Farias já disse que apoiará Tarcísio Motta (Psol).

Por fim, Bolsonaro afirmou que não estava realizando campanha política, mas sim um evento público, em conformidade com a legislação eleitoral. Tal qual gato escaldado com medo de água fria, o principal líder da extrema-direita no país ressaltou que a lei proíbe pedidos de votos antes do início oficial da campanha, marcado para 16 de agosto.

Teoria da conspiração

Num outro comentário sobre Ramagem, Bolsonaro, relatou que ele antes de entrar na política, atuou como delegado da Polícia Federal . O relacionamento de ambos teve início através da participou dele na segurança de sua campanha presidencial em 2018. Campanha em que levou uma facada que quase ceifou sua vida.

Atualmente, muitos de seus apoiadores ainda questionam quem teria mandado matá-lo, por mais que a Polícia Federal e a Justiça já tenham concluído que o delinquente agiu por conta própria. Versão alimentada pelo próprio Jair Bolsonaro, ao citar lembrar

“Vocês já repararam que só quem é conservador e de direita sofre atentado? Tentaram matar o Trump há poucos dias nos Estados Unidos. Um milagre lá, outro aqui”, disse Bolsonaro.

Outros eventos

Em seguida, às 17h, Bolsonaro percorreu o calçadão de Duque de Caxias, junto com Netinho Reis (MDB), sobrinho do ex-prefeito Washington Reis e pré-candidato à sucessão, que enfrentará nas urnas o ex-prefeito Zito (PV).

Na sexta-feira (19), mais um ato, na capital. Dessa vez, na Zona Oeste, em Campo Grande, no tradicional calçadão do bairro, às 10h30, novamente com Alexandre Ramagem.

Na sequência, outra agenda na Baixada Fluminense. Dessa vez, em Itaguaí, às 14h na sede do PL, em Itaguaí, em reforço a pré-campanha do ex-deputado federal Alexandre Valle (PL). Para fechar o dia, Bolsonaro vai ao Sul Fluminense, na praça General Osório, em Angra dos Reis, às 17h, para somar esforços no sentido de aumentar o engajamento dos bolsonaristas na campanhas de Renato Araújo (PL), que concorrerá contra Cláudio Ferreti (MDB), indicado e apoiado pelo atual prefeito Fernando Jordão que é do PL – partido de Bolsonaro.

Por fim, fechando a primeira parte da “semana maratona”, Bolsonaro amanhece no sábado (20), em Niterói, às 10h na praia de Icaraí, em adesão à candidatura do deputado federal Carlos Jordy, líder licenciado da oposição no Congresso Nacional e seu aliado político de primeira hora.