Morre o compositor Maria Preta, da Unidos do Viradouro, aos 69 anos, autor do samba antológico “O Alabê de Jerusalém” | Reprodução
As cuícas do mundo do samba começaram a derramar lágrimas quando o surdo que marcava o compasso do coração de Maria Preta, icônico compositor da Unidos do Viradouro, bateu pela última vez na manhã desta segunda-feira (18). José Luís de Souza, de 69 anos, integrou a ala de compositores da Unidos do Viradouro por mais de 20 anos e um dos autores do antológico samba “O Alabê de Jerusalém”, vencedor do prêmio “Estandarte de Ouro” do jornal O Globo, no carnaval de 2016.
Maria Preta estava internado no Hospital Miguel Couto, no Leblon, há cerca de dez dias. Lutava contra complicações do diabetes. Conforme informações divulgadas por familiares, a despedida a José Luís, o eterno Maria Preta, será nesta terça-feira (19), no Cemitério da Pechincha, na Zona Oeste. O velório está marcado para às 14h e o sepultamento para 16h.
Amigo dos amigos – e até mesmo dos inimigos – Maria Preta tinha como marca registrada sua generosidade e solidariedade. Morador da Tijuquinha, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o compositor atuava como importante liderança comunitária do local. Sobretudo, intercedendo junto à classe política por melhorias para a sua comunidade. Honesto como poucos, trabalhava com as mãos.
Coração de gigante
Da mesma forma que as usava para compor sambas, também delas fazia outras obras de arte através da serralheria, seu ofício de vida. Dividia sua paixão pela Viradouro com o Flamengo, time do seu coração. O mesmo que também bateu forte pela esposa, Rosângela Maria, bem como por seus filhos.
Morre o compositor Maria Preta, da Unidos do Viradouro, aos 69 anos, autor do samba antológico “O Alabê de Jerusalém” | Reprodução
Apesar de já estar com a saúde fragilizada, Maria Preta ainda participou do concurso de samba-enredo da Viradouro para o Carnaval 2025. Não teve o mesmo êxito de anos anteriores, quando foi finalista da competição no carnaval de 2018 e semifinalista em 2019.
Amigos lamentam perda
Entre 2016 e 2022, atuou como comentarista de carnaval na Rádio Absoluta, do Norte Fluminense, período em que o jornalista André Freitas, atualmente diretor do FOLHA DO LESTE esteve no comando da emissora. Assim como Maria Preta, André também é compositor da Unidos do Viradouro e lamenta a perda do amigo.
“Nossa amizade começou na quadra da Viradouro quando sequer éramos parceiros. Aliás, compusemos juntos em apenas quatro ocasiões. Mas a Viradouro era a nossa segunda casa e, como em toda família, estabelecemos laços de afinidade e amizade. Uma pessoa maravilhosa, generosa, mão aberta. Mesmo bem-sucedido, não perdia a simplicidade. Quando ficava nervoso, começava compulsivamente a morder a língua (quando não estava com o cachimbo na boca). Chorava quando a Viradouro entrava na avenida. E hoje chegou o dia de a Viradouro chorar sua perda”, disse André Freitas.
Sérgio Pavão, também compositor e amigo de Maria Preta, também lamentou a morte do amigo.
“Perdi mais do que um parceiro de samba. Perdi um irmão de vida”, disse.
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