O laboratório PCS Labs Saleme, interditado após pacientes transplantados serem contaminados pelo vírus HIV, apresentou uma nova versão sobre as falhas nos exames. Em defesa enviada à Secretaria de Estado de Saúde, a empresa afirmou que a contaminação pode ter ocorrido devido à “janela imunológica” dos doadores. Além disso, argumentou que a taxa de erros nos testes realizados estaria “dentro do limite aceitável”.
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A justificativa integra um documento de 60 páginas no qual o laboratório solicita a liberação do prédio interditado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A empresa declarou que o espaço não será mais utilizado como laboratório, mas para outras finalidades. O local está fechado desde o início de outubro.
Nova narrativa contradiz justificativa inicial
Inicialmente, o laboratório havia atribuído os falsos negativos nos exames de doadores a uma “falha humana”. No entanto, a nova versão aponta a “janela imunológica” como a responsável pelos resultados equivocados. Essa fase ocorre no início da infecção pelo HIV, quando o vírus pode não ser detectado pelos testes disponíveis.
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Os exames foram refeitos pelo Hemorio, a pedido do Programa de Transplantes do Rio de Janeiro, e confirmaram a presença do HIV. Segundo a empresa, os erros nos laudos estariam dentro da margem de 0,6% aceita na literatura científica para exames laboratoriais. Ao todo, o laboratório afirma ter realizado quase 300 análises relacionadas a transplantes de órgãos.
Investigações apontam negligência e busca por lucro
Além das justificativas técnicas, investigações da Polícia Civil indicam que os erros podem ter sido agravados por decisões administrativas do laboratório. O diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada, André Neves, explicou que reagentes essenciais para os exames deveriam ser analisados diariamente. Contudo, a fiscalização foi reduzida para intervalos semanais, com o objetivo de cortar custos operacionais.
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Dois sócios do PCS Labs Saleme estão presos, enquanto quatro pessoas, incluindo a biomédica responsável por um dos laudos, permanecem foragidas. A empresa também realizava outros exames laboratoriais contratados pelo estado desde dezembro de 2023.