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Janeiro Branco e a importância de cuidar da mente

Foto: Divulgação

O mês de janeiro está chegando ao fim, mas isso não significa que não se deva dar importância à saúde mental. Isso porque o primeiro mês do ano é dedicado a debater temas sobre os cuidados com a mente. Desde 2023, por meio da Lei 14.556/23, existe uma campanha a respeito.

O projeto também tem como objetivo acolher as pessoas que enfrentam doenças psíquicas, transtornos mentais, distúrbios neurocognitivos e cognitivos, entre outros.

A OMS alerta que 9,3% da população brasileira possui o transtorno de ansiedade, mostrando que o Brasil é o país com maior número com esse problema Além disso, o número é quase idêntico ao percentual de pessoas ansiosas no planeta, que é de 10%.

Sinais que servem de alerta

Especialistas em saúde mental alertam que o estilo de vida, estresse, exigências do cotidiano de trabalho e vida familiar contribuem para o surgimento de transtornos e doenças ligadas à mente, e consequentemente às emoções.

O psicólogo Alexander Bez, especialista em ansiedade, saúde mental e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA), destaca que todo ser humano tem suas limitações. Por isso, é preciso reconhecer a importância de buscar a ajuda de um profissional da saúde mental.

“Não podemos nunca deixar de falar sobre a importância do cuidado com a saúde mental. Expor os nossos sentimentos, emoções, faz com que a gente se conheça cada vez mais. Quando desabafamos seja com um conhecido de confiança ou até mesmo um profissional da área da saúde mental, conseguimos colocar a dor para fora, e entender o motivo desse sentimento é importante”, afirma Bez.

Já a Doutora Claudine Cheim, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, afirma ser fundamental difundir esse tema. Ela sugere pegar como gancho o início de ano por ser um período onde as pessoas costumam fazer propósitos pessoais para melhorar a qualidade de vida.

“No Janeiro Branco queremos estimular uma cultura de saúde mental e do bem-estar emocional. O início do ano é um período conhecido por ser um momento de reflexão e recomeço, em que muitas pessoas traçam metas e buscam adotar novos hábitos e melhorar o seu bem-estar”, destaca a especialista.

Risco de AVC e alerta sobre casos em jovens

Quando o tema é cuidado com a saúde mental, também inclui-se outra doença que pode surgir em decorrência de problemas com a mente: o Acidente Vascular Cerebral, o AVC.

A doença matou 109.560 pessoas no Brasil em 2023, segundo dados do portal da transparência da Arpen Brasil (Associação de Registradores de Pessoas Naturais). O número equivale a 12 brasileiros por dia.

Em conversa com a Folha do Leste, Gisele Sampaio, médica neurologista e diretora científica da Rede Brasil AVC explica a relação entre o estresse e a doença. Além disso, ela fala como hábitos pouco saudáveis aumentam esse risco.

“O estresse crônico e aborrecimentos constantes aumentam efetivamente o risco de uma pessoa sofrer um AVC. O estresse prolongado impacta o corpo de várias maneiras: pode elevar a pressão arterial. Isso contribui para a formação de placas nas artérias (aterosclerose) e afetar o sistema imunológico. Todos esses fatores são conhecidos por aumentar a probabilidade de ocorrência de um AVC”, explica.

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Embora reconheça que uma possível relação entre depressão e a doença precise de mais estudos, ela afirma que existem sintomas de depressão que têm relação direta com o AVC. E ela traz outro alerta. O aumento de casos de ambas as situações em jovens.

“Em relação ao AVC em pessoas jovens e sua conexão com a depressão, observa-se um aumento nos casos recentemente. Embora a relação precisa entre ambas as doenças esteja em estudo, a depressão pode levar a um estilo de vida menos saudável, incluindo falta de atividade física e má alimentação. Além disso, ela pode causar alterações fisiológicas, como aumento da inflamação e mudanças na coagulação do sangue, que elevam o risco de AVC”, detalha.

Estratégias que auxiliam nos cuidados

Diante do alerta, quais hábitos simples podem fazer a diferença no cotidiano de alguém?

O psicólogo da Residência Terapêutica da Holiste Psiquiatria, Rafael Peixoto, sugere algumas estratégias, desde uma tarde de risadas com amigos à uma boa alimentação.

“No âmbito geral, o estabelecimento de rotinas saudáveis, incluindo padrões regulares de sono, alimentação balanceada, pausas para descanso e prática de exercício físico. Além disso, é essencial construir uma rede de apoio social por meio de conversas com amigos e familiares ou procurando a ajuda de um profissional de saúde mental”, opina.

A médica neurologista Gisele Sampaio sugere outras dicas fundamentais que auxiliam nos cuidados com a mente.

“É importante que a pessoa aprenda a como fazer o gerenciamento de estresse. Isso inclui aprender técnicas para reduzi-lo, como meditação, mindfulness (atenção plena) e técnicas de relaxamento”, comenta.

Uma coisa é unanimidade para todos os profissionais ouvidos pela reportagem: a necessidade de buscar apoio psicológico. Por isso, Alexander Hez reforça sobre a necessidade de superar um tabu sobre esse auxílio.

“Infelizmente ainda é um tabu se permitir passar em consultas com psicólogo, psicanalista e psiquiatra. Mas essa é uma escolha fundamental para ajudar a encontrar o equilíbrio mental”, salienta Hez.

 

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