Após os desfiles das quatro escolas de samba do Grupo C, a “Bem Amado” e a “Tá Rindo Por Quê?” prometem uma disputa acirrada pelo título de campeã. Enquanto a Comunidade da Grota arrasou no quesito técnico, defendendo cada detalhe, a Tá Rindo Por Quê mostrou imponência, apesar de ter enfrentado algumas dificuldades.
Em um grupo tão reduzido, é difícil apontar grandes favoritas. Até mesmo debaixo de uma chuva intensa, o Galo de Ouro, de São Gonçalo, fez bonito e corre por fora. Os 450 anos de Niterói estiveram presentes no desfile da Balanço do Fonseca, mas a escola deixou a desejar. O enredo “Balanço conta e canta: Niterói, 450 anos de História” teve apresentação abaixo da expectativa.
Acima de tudo, devemos considerar que as quatro agremiações apresentaram desfiles muito mais volumosos do que a subvenção que recebem da Prefeitura de Niterói, no valor de R$ 70 mil Reais.
Balanço do Fonseca
Primeira agremiação a desfilar, a Balanço do Fonseca se destacou em dois quesitos: Comissão de Frente e Mestre-Sala e Porta Bandeira. O desfile começou com tudo para a agremiação, graças a esses segmentos. Mas deixou a desejar na melodia do samba-enredo e no canto do carro de som. Apesar das belas fantasias e alegorias, faltou animação nos integrantes.
Além disso, muito do que o samba-enredo descreve, não se traduziu em alegorias e fantasias. Ao assistir ao desfile e não encontrar todos esses elementos na pista, percebemos que a história ficou apenas na letra do samba. No entanto, é importante ressaltar que a homenagem à cidade foi legítima.
Bem Amado
A comunidade da Grota pisou forte na na Passarela do Samba do Caminho Niemeyer com o Bem Amado. Segunda agremiação a desfilar pelo Grupo C, a verde e branco de São Francisco realizou um desfile que, em todos os sentidos fez ventar na avenida.
Com o enredo “Senhora do céu rosado, Iansã! A deusa da transformação”, os componentes do Bem Amado mostraram porque o samba da escola diz que a agremiação é tempestade da rainha. Desde a comissão de frente, de vestes pretas com capas coloridas e coreografia inspirada em danças da cultura Bantu, passando pelas alas, repletas de animação e perfeita evolução.
A bateria – outro destaque da escola da Grota – sob o comando feminino da mestre Suellen, deu a necessária sustentação rítmica ao samba-enredo.
Nos quesitos plásticos, faltou luxo. Mas as soluções encontradas pelos artistas do Bem Amado estavam adequados à temática do enredo. Sobre a harmonia, destaque para a afinação do carro de som, bom entrosamento dos intérpretes, estimulando o canto e empolgando o público nas arquibancadas.
Galo de Ouro
Terceira escola a pisar na avenida, pelo Grupo C do carnaval de Niterói, a Galo de Ouro se apresentou com muito brilho e luxo, mas sob muita chuva. Porém, isso não tirou a a garra dos foliões do Galo Branco, em São Gonçalo.
De vermelho amarelo e ouro, nas asas do sonho, o amor verdadeiro se traduziu no samba no pé de seus componentes. Com o enredo “O céu não é o limite para quem quer sonhar! Asas de um sonho! Na busca incessante de voar”, a agremiação gonçalense apresentou um excelente conjunto visual, com luxo, riqueza e perfeita adequação ao enredo.
Com a chuva, o casal de mestre-sala e porta-bandeira teve dificuldades para o bailado. O samba-enredo ajudou muito na compreensão do enredo. Entretanto, a escola foi mais uma a desejar na afinação musical do carro de som, com o canto semitonado, e músicos pecando na afinação de seus instrumentos.
Em alguns momentos, o Galo de Ouro abriu buracos entre alas e os carros alegóricos. A bateria estava excessivamente conservadora. O canto irregular e a chuva podem ter colaborado para a performance discreta.
Em suma, apesar das adversidades, a agremiação apresentou um belo espetáculo. E não podemos descartar que corre por fora.
Tá Rindo Por Quê?
A Tá Rindo Por Quê” apresentou o melhor samba-enredo do grupo, facilitando o trabalho de evolução e canto da agremiação. A bateria manteve a sustentação do samba. Outro ponto alto: a comissão de frente, pela originalidade e apresentação do enredo.
Nas alas, percebemos o bom uso de adereços de mão. E, ainda, um perfeito conjunto visual, com fantasias e alegorias.
A escola desfilou compacta – do começo ao fim. Mas as falhas no canto dos puxadores, bem como a imprecisão dos músicos dos instrumentos de corda podem prejudicar a Tá Rindo Por Quê?.