No evento “Universidade de Ponta Cabeça”, realizado no Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF) até esta quinta-feira (14), mestres e mestras da cultura popular se reúnem para dialogar sobre o papel das universidades na valorização de saberes ancestrais. A iniciativa, que conta com o apoio do Ministério da Cultura (MinC), pretende aproximar o conhecimento acadêmico dos saberes populares, destacando a importância desses conhecimentos para a formação da sociedade.
A proposta surge após a UFF aprovar o Título de Notório Saber em Saberes, Artes e Ofícios Tradicionais, abrindo espaço para que mestres de comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais lecionem nos cursos de graduação e pós-graduação. Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC, destacou o valor dessa interação, lembrando que a ação reforça as políticas públicas de cultura e educação promovidas em parceria com o Ministério da Educação (MEC).
O avanço do Notório Saber nas universidades
O movimento de reconhecimento dos saberes tradicionais não está restrito à UFF. Instituições como Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Federal da Bahia (UFBA) já incorporaram o Título de Notório Saber em suas regulamentações. Segundo Piúba, mais de dez universidades e institutos federais, incluindo a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e o Instituto Federal do Ceará (IFCE), adotaram o título, promovendo um intercâmbio contínuo de saberes.
A expansão dessa política fomenta a criação da Rede Nacional de Universidades e Institutos Federais com Notório Saber, aumentando a presença de conhecimentos populares no meio acadêmico. Leonardo Guelman, superintendente do Centro de Artes da UFF, acredita que a iniciativa dilui as fronteiras entre o saber acadêmico e o saber das comunidades, permitindo uma educação mais alinhada à realidade social do país.
O projeto Ciclo de Saberes: mestres nas universidades e escolas
Além da concessão do título, o MinC e o MEC implementaram o projeto Ciclo de Saberes nas Universidades Brasileiras, que leva mestres e mestras às universidades e escolas de ensino básico nos territórios próximos às instituições. A iniciativa, iniciada na Universidade Federal do Cariri (UFCA), já conta com R$ 10 milhões em investimentos e tem como objetivo expandir para outras dez universidades.
Para Piúba, o projeto reforça o compromisso de transmitir esses conhecimentos aos estudantes, permitindo uma aproximação mais verdadeira entre a academia e as comunidades. Em paralelo, o MinC e o MEC trabalham no projeto Territórios de Arte e Cultura nas Escolas de Tempo Integral, integrando mestres da cultura popular nas escolas, fortalecendo o vínculo entre educação e cultura.