Uma tempestade desabou em Niterói, no último sábado (18), no início da noite, produzindo diversos estragos na cidade e uma falta de energia que perdura até o instante desta publicação. Muitos veículos de comunicação, inclusive o FOLHA DO LESTE, mantiveram, naquele instante, o foco em reportar o cancelamento do show de Marisa Monte, que aconteceria na Praia de Icaraí. Igualmente, em reportar a queda do palco, contentando-nos com a informação de que não havia feridos, bem como de dar conta dos demais fatos relacionados com a tempestade.
Na contramão do que adotamos como princípio em nossa redação – o de olhar para onde ninguém está observando – erramos em não apurar a fundo e ao cabo o evento acontecido em Icaraí. Sobretudo, que havia um artista no palco, no momento da tempestade: o DJ MAM.
Assim sendo, imediatamente ao assistirmos o vídeo publicado pelo DJ MAM em sua rede social, entendemos que cometemos um erro. O FOLHA DO LESTE é feito por pessoas. E nós, humanos, erramos. E pelo erro, pedimos desculpas.
Primordialmente, por justamente reconhecer nosso erro, não vamos compensá-lo produzindo uma reportagem sobre o DJ, bem como sua equipe e outros trabalhadores do evento terem escapado da morte. Ou do seu show interrompido.
Isso, deveríamos ter feito no sábado ou no domingo. Vimos que outros veículos de comunicação procuraram ignorar o erro cometido, realizando reportagens nesse sentido. Desse modo, aqui, vamos assumir o erro por omissão. Principalmente, por honestidade com nossos leitores e em respeito ao DJ MAM, e à todas as pessoas que com ele trabalham ou trabalhavam no evento, naquele instante.
No vídeo abaixo, o DJ MAM comenta a experiência que viveu naquela noite.
“Eu sou muito fã da Marisa Monte, mas foi meu palco que desabou também. O palco de um artista ativista. O palco de um DJ. E eu acho importante também que seja noticiado que um artista estava no palco. Com outros artistas, com uma equipe técnica.”
Um artista carioca que celebra a música brasileira
DJ MAM, nascido no bairro da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, se trata de um artista que celebra a música brasileira em suas diversas formas. Desde a adolescência, ele se interessa pela música, tocando em bares e restaurantes da cidade. Em 1998, apresentou o programa “Bond da Cidade”, na rádio Cidade FM, onde conheceu o músico Marcelo Yuka, com quem criou o programa radiofônico “Estudando o Som”.
No início dos anos 2000, DJ MAM lançou o projeto musical “Brazilian Lounge”, que une música eletrônica com elementos musicais e instrumentos regionais tipicamente brasileiros. O projeto foi um sucesso, e o DJ passou a se apresentar em festivais e eventos no Brasil e no exterior.
Em 2011, DJ MAM compôs a música “Redentor”, que foi escolhida como tema dos 80 anos do Cristo Redentor. A música foi apresentada em um grande show no Aterro do Flamengo, com a participação de diversos artistas brasileiros.
DJ MAM é um artista versátil, que transita com facilidade entre diferentes estilos musicais. Ele é um defensor da música brasileira e tem dedicado sua carreira a promover a cultura nacional.
Sempre ativo
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Lançou o projeto musical “Brazilian Lounge”, que une música eletrônica com elementos musicais e instrumentos regionais tipicamente brasileiros.
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Compôs a música “Redentor”, que foi escolhida como tema dos 80 anos do Cristo Redentor.
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Foi uma das principais atrações do Réveillon da Praia de Copacabana em 2011, 2013, 2017 e 2021.
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Lançou o CD “Jazz botânico”, em parceria com Rodrigo Sha, em 2021.
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Lançou o CD “Demarcação já!”, em defesa da causa indígena, em 2022.
Som com a cara do Brasil
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Celebra a diversidade da música brasileira, incorporando elementos de diferentes estilos, como samba, bossa nova, funk, música eletrônica e música instrumental.
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É animada e dançante, com uma pegada festiva.
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Promove a cultura brasileira, valorizando os ritmos e instrumentos tradicionais do país.
Arte essencial
Essencialmente, o DJ MAM se trata de um artista importante para a música brasileira, pois sua carreira traduz uma constante busca pela inovação. Principalmente, por sempre buscar promover e valorizar a verdadeira cultura nacional. Em suma, o artista inspira e motiva através de referências positivas. E a música que produz celebra a diversidade e da riqueza dos sons do Brasil.
Enfim, esperamos, mesmo em outra data, que a Praia de Icaraí esteja lotada para recebê-lo sob os aplausos que merece.
O show que perdemos
O show contaria com músicas de MAM que abordam temas da atualidade. Por exemplo, como a causa indígena, ambiental, antirracista e a diversidade religiosa. Conforme apuramos, dentre o repertório, estariam:
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“Ogun Oni Irê”, uma homenagem ao orixá Ogum, protetor dos guerreiros e da agricultura;
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“Iemanjá Carioca”, uma canção sobre a importância da orixá Iemanjá para a cidade do Rio de Janeiro;
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“Eu cheguei na Mauá”, uma saudação às religiões de matriz africana, como a umbanda, surgida em Niterói, em 1908;
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“Sambarimbó”, um samba-reggae que celebra a cultura do Rio de Janeiro e do Pará;
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“Expresso 2222”, versão eletrônica da música de Gilberto Gil, em parceria com o Ruxell;
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“Anunciação”, versão eletrônica da música de Alceu Valença, em parceria com o Ruxell.
Por fim, o show também contaria com uma experiência audiovisual projetada pelo VJ Ratón.