O histórico Solar do Jambeiro receberá na quarta-feira (31) às 17h, um dos mais notáveis nomes da comunicação, cultura e artes nacional: Luiz Antonio Mello. Ele vai palestrar no Fórum da Memória do Jornalismo Fluminense, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro. O evento tem entrada franca e proporcionará ao público a rica trajetória de um dos mais influentes comunicadores do país.
Luiz Antonio Mello – ou LAM, como muitos carinhosamente o chamam – atualmente ocupa a editoria de A Tribuna, tradicional jornal impresso e on-line de Niterói. Por outro lado, possui um currículo esplêndido e repleto de façanhas. Acima de tudo, destaca-se seu papel na difusão do rock’n rool no Brasil, pela revolução que promoveu na lendária Rádio Fluminense FM, conhecida como “Maldita”, berço de muitas bandas do gênero.
Da emissora, surgiu o embrião que fecundou a criação do maior evento mundial do estilo, o Rock in Rio. Nesse sentido, a rádio projetada por LAM inspirou produções cinematográficas.
Em 2007, a niteroiense Tetê Mattos produziu o curta-metragem “A Maldita”, em formato de documentário, com duração de 20 minutos. Porém, anos mais tarde, em 2018, a Artifício Produções já no formato de longa-metragem, com 80 minutos de duração, Tetê Mattos produziu e dirigiu “A Maldita”.
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Recentemente, em 2023, a produtora Luz Mágica, juntamente com a Globo Filmes, lançou o filme “Aumenta que é Rock’n’Roll”, também dirigido por Tomás Portella. Luiz Antonio Mello é o principal personagem da trama, que conta a saga da “Maldita”. O ator Johnny Massaro faz o seu papel.
Lições
Ao FOLHA DO LESTE, LAM revelou como se sente na atualidade, como um profissional experiente e ainda na ativa, dialogando com os mais jovens e com novas plataformas de mídias. Ele revelou haver “um grande abismo” entre o jornalismo que começou a conhecer com 15, 16 anos, no idos de 1971 e o atual.
“A internet causou uma mudança brutal no jornalismo, principalmente no quesito que acho vital: a apuração. Nos anos 1970, a gente cercava autoridades na rua, ligava para a casa deles domingo a noite e, claro, muitas vezes nos encrencávamos com a polícia. Mas o jornalismo EXIGIA coragem e ousadia”.
Um comentário do jornalista sênior sobre censura nos chama atenção e merece destaque:
“Hoje, com a pandemia de Assessorias, vulgo ‘Ascoms’, implantou-se uma censura tão nefasta quanto a militar. O repórter chega perto de uma autoridade e um assessor (que em tese é um colega) repreende. Blindam as autoridades. Daí, a impunidade, daí o esculacho, a roubalheira. Longe de ser culpa dos novos jornalistas, mas de um regime democrático cínico e eventualmente calhorda. Fala em liberdade mas seus personagens vivem em palácios de cristais sem o incômodo dos jornalistas azucrinando porque os seus assessores impedem”, pondera
Por conta disso, LAM defende o fortalecimento da Associação Brasileira de Imprensa, instituição que ele considera como fundamental para que o jornalista seja respeitado.
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Por fim, Luiz Antonio fala sobre um gravíssimo problema: a tragédia dos ensinos Fundamental e Médio, com ensino cada vez mais precário da língua portuguesa.
“NÃO ENSINAM TEXTO. NÃO ENSINAM ESCREVER, NÃO ESTIMULAM LEITURA DE CLÁSSICOS”, expõe Luiz Antonio Mello, sobre os estabelecimentos de ensino, em geral públicos.
Tal questão se reflete, para ele, na formação de jovens jornalistas. Mas ao olhar para as novas e novos repórteres, LAM cria laços de identidade com o início da sua carreira.
“Os caras entram na faculdade sem saber escrever e saem para as redações, com talento, com vontade, mas sem o principal: texto. No entanto, sinto que eles querem aprender ou aperfeiçoar. Gosto muito das novas gerações porque me vejo nelas. Comecei garoto e tive grandes mestres”, finaliza.
Carreira
Nos anos 1970, Luiz Antonio iniciou sua carreira no Jornal de Icaraí e na Rádio Federal. LAM também tem sua carreira marcada por passagens em importantes veículos de comunicação. Por exemplo, Jornal do Brasil, Última Hora, Rádio Tupi, Rádio Manchete e Rádio Globo FM. A mais marcante ocorreu no Grupo Fluminense de Comunicação, sobretudo na Fluminense FM, a “Maldita”.
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Além disso, atuou como colaborador em publicações como O Pasquim, Estado de São Paulo, Opinião. Do mesmo modo, fundou e dirigiu, ao lado de Denize Garcia e Mário Caria Filho, o tradicional periódico Folha de Niterói.
Além de jornalista, LAM é reconhecido como crítico musical, produtor, escritor e ex-presidente da Fundação de Artes de Niterói (FAN). Inclusive, o Museu de Arte Contemporânea (MAC), monumento maior de Niterói e referência internacional da cidade, teve inauguração durante sua gestão.
Além de suas contribuições no rádio e na televisão, Luiz Antonio Mello também é um autor prolífico. Entre suas obras destacam-se “Nichteroy, Essa Doida Balzaca”, “A Onda Maldita”, “Torpedos de Itaipu”, “Manual de Sobrevivência na Selva do Jornalismo”, “Jornalismo na Prática” e “5 e 15 Romance Atonal Beta”.