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Escritor Luiz Otávio Oliani lança nova obra literária nesta quinta (22)

Luiz Otávio Oliani

Escritor Luiz Otávio Oliani lança nova obra literária nesta quinta (22)

O escritor Luiz Otávio Oliani realiza nesta quinta-feira (22) o lançamento do seu 19° livro: “Vozes, discursos e papiros: alguma crítica”. O evento acontece no Bar Bistrô Curta Carioca, na Rua Lauro Alvim 31, no Centro do Rio. Nesse sentido, ele concedeu uma entrevista exclusiva a Luiz Cláudio Abud, editor de cultura do Folha do Leste. Principalmente, para contar aos leitores um pouco sobre a sua carreira, obra, projetos vindouros.

Luiz Otávio Oliani também tece comentários sobre o mercado editorial no país, assim como relata suas experiências como escritor. De igual forma, fala sobre sua experiência como professor. Além disso, nos leva a vaguear por suas obras. Sobretudo, no que se refere ao livro “Pandemônio: diário da quarentena de um sobrevivente à covid-19”.

1) FOLHA DO LESTE: Para iniciarmos o nosso bate-papo, gostaria que você nos apresentasse a este livro que está sendo lançado.

 

Luiz Otávio Oliani: ‘Vozes, discursos e papiros: alguma crítica’, Penalux, 2024, é um projeto ousado de crítica literária e ensaios. Trata-se do primeiro volume de uma série em que “ousei” escrever sobre autores dos mais diversos estilos e épocas. Ou seja, é um título de investigação literária.

A obra tem orelha de Carlos Nejar e quarta capa de Giovanni Ricciardi.

São estudados títulos de Gilberto Mendonça Teles, Alexandra Vieira de Almeida, Aluízio Rezende, Rogério Bernardes, Narlan Matos, Rogério Salgado, Raquel Naveira, José Eduardo Degrazia, Tanussi Cardoso, Diego Mendes Sousa, Carlos Nejar, Sonia Maria Mazzei,  Jorge Ventura, Celi Luz, Jacinto Fabio Corrêa, Val Mello, Astrid Cabral, Krishnamurti Góes dos Anjos, Mário Sérgio Baggio, Marina Colasanti, George Orwell, Chico Buarque e Paulo Pontes, Mia Couto, Neurivan Sousa,  Marcio Sales Saraiva, Carlos Eduardo Novaes, Delalves Costa, Olga Savary e Astrid Cabral”.

2) FOLHA DO LESTE: Hoje você possui uma vasta obra literária, sendo um escritor que navega em diferentes estilos, mas como você foi apresentado ao universo literário?

 

Luiz Otávio Oliani: O universo literário nasceu através da família e da escola. Na infância, meu pai comprava muitos gibis para mim. Minha madrinha me presenteava com livros de ciências. Minha avó paterna me apresentou aos Irmãos Grimm e a Monteiro Lobato, aos seis anos de idade. Na escola, tive professores brilhantes que me incentivaram a ler muito a escrever. Cito duas referências: a professora Lena Jesus Ponte e a professora Claudia Manzolillo, do Colégio Pedro II, onde estudei.

Mais tarde, no momento em que ingressei na Faculdade de Letras da UFRJ, conheci Teresa Drummond, com quem uma oficina de literatura por cinco anos e passei a frequentar os eventos do Rio de Janeiro”.

3) FOLHA DO LESTE: O seu trabalho como professor faz com que você tenha alunos de diferentes idades, realidades sociais e econômicas. Na sua opinião, qual é o papel dos pais para que seus filhos tenham o interesse pela leitura e como os professores podem contribuir neste processo?

 

Luiz Otávio Oliani: Como exposto na resposta inicial, o papel da família é fundamental no gosto pela leitura. Isto porque a família é a primeira célula na qual as crianças estão imersas.  Com pais leitores, teremos filhos leitores, e a escola só aprimorará o gosto pela leitura, incentivando os estudos cada vez mais, ao aguçar o interesse pelas letras. Por isso, somente com professores apaixonados por livros, e com bibliotecas públicas em todos os espaços possíveis, é que contribuiremos para a real disseminação do gosto pela palavra”.

4) FOLHA DO LESTE: Quando pensamos em um escritor, pensamos em alguém com uma imaginação vasta, com muitas ideias e normalmente uma infância com um perfil muito criativo. Como você poderia descrever o Luiz Otávio Oliani quando criança?

 

Luiz Otávio Oliani: Uma criança comum, como qualquer outra, mas que possuía, no universo da ficção,  um local de prazer e de realização intelectual”.

5) FOLHA DO LESTE: Sobre a construção dos seus personagens, como funciona o seu processo criativo? Você costuma usar pessoas e situações do seu cotidiano, ou cada personagem é como uma “folha em branco”, em que você vai preenchendo as cores de acordo o desenvolvimento da obra?

 

Luiz Otávio Oliani: Sim. É exatamente isso. Quando há a referência à criação de personagens, convém de falar da prosa. No meu caso, até o presente momento, publiquei quatro livros de contos: ‘A vida sem disfarces’, ‘Ingênuos, pueris e tolinhos’, ‘Pandemônio: diário da quarentena de um sobrevivente à covid-19’ e ‘Um encontro inusitado: concordâncias e divergências’, este último em parceria com a escritora Eliana Calixto.

A escrita da prosa ocorre com a  criação de situações e personagens ora imaginários, ora calcados em pessoas que existem, que transitam pelas ruas, pessoas que conheço, e que são substrato essencial para a elaboração de obras ficcionais”.

6) FOLHA DO LESTE: O mercado editorial no Brasil não é algo fácil de se fazer parte, principalmente quando se trata de um escritor em início de carreira. Como foi a publicação do seu primeiro livro, como você vê a evolução deste mercado nos últimos 15 anos e se atualmente há mais oportunidades para os novos escritores do que quando você começou?

Luiz Otávio Oliani: O mercado literário é fechado. Difícil. Complexo. Quem está dentro não quer sair, e quem está fora quer entrar. E, com a pandemia da covid-19,  tudo ficou mais estreito. Bibliotecas públicas foram / são fechadas, jornais impressos perderam cadernos de literatura,  eventos literários vão sendo encerrados, logo tudo isso dificulta a  circulação de obras ficcionais.

Hoje, no entanto, é mais fácil publicar um livro, desde que o autor neófito tenha uma quantia financeira para investimento, pois é raro uma editora custear um livro, salvo se ele for vencedor de algum prêmio literário importante. Por isso, não vejo mudança ou melhoria no mercado editorial de 2007, quando publiquei “Fora de órbita”, meu primeiro título, até hoje.

Na atualidade, é mais difícil de ser lido,  de ter a obra estudada, reconhecida, etc, isto porque, nas livrarias, a literatura nacional disputa espaço com obras estrangeiras de caráter duvidoso (ou não), além de concorrer com a televisão,  o rádio, a internet e todas as plataformas digitais que lhe são inerentes.

No meu caso pessoal, eu nunca tive uma editora que publicasse meus livros sem pagar. Infelizmente, eu mesmo custeio os meus livros, faço lançamentos, divulgo minha obra. Se não tenho  “editora que me banque”, preciso de correr à frente para divulgação da obra em curso. Ocorre que, no decorrer dos anos, com tanta persistência, fui criando um público que acompanha minha obra, porém se diversifica também, ao longo dos anos. Por fim, sempre existe a esperança de um dia ser publicado por uma editora que invista na publicação dos meus livros, com divulgação nacional, sem que eu tenha de arcar com um centavo do meu bolso”.

7) FOLHA DO LESTE: Iniciada em 2013, a trilogia Entre-textos, teve de forma inovadora, a Internet como ferramenta principal da sua criação e desenvolvimento. Para você, os e-books vieram para ocupar todos os espaços ou a literatura impressa sempre terá o seu lugar cativo no coração dos leitores?

 

Luiz Otávio Oliani:  Os e-books não substituirão o livro, assim como o rádio não substituiu a televisão. Os meios são complementares e não antagônicos”.

8) FOLHA DO LESTE: Como um escritor que teve textos publicados em vários outros idiomas, qual é a sua percepção sobre o mercado editorial atual em outros países e quais são os principais aspectos positivos e negativos, comparando com o Brasil?

Luiz Otávio Oliani:  Não tenho como fazer uma análise apurada sobre o mercado editorial em outros países.

Tive apenas alguns poemas publicados em jornais e livros no exterior, mas não são obras inteiras, como nos livros: No livro Eerste Tweetalige Anthologie Brazilie–Nederland, Realisering, Holanda,   Primeira Antologia Bilíngue Brasil-Holanda, idealização de Josane Mary Amorim, Haarlem, 2015; Poetry Road Between Two Hemispheres, Anthology of the Poets of the World, Apostrophes Ediciones, Edicion: Luis Arias Manzo, Santiago, Chile, 2015; De La Rio de Janeiro La Bucaresti/Do Rio de Janeiro a Bucareste, Antologie de Poezie  Brazilianã Contemporanã, Antologia da Poesia Brasileira  Contemporânea, tradução de Carmen Bulzan, Editora Kult, 2022; Meridianos poéticos: poesía latinoamericana contemporánea, Compilación de  Brenda Marques Pena y María Laura Coppié, 1ª ed., Ciudad Autónoma de Buenos Aires, mareMíum Pequeña Editorial; VII Heron Clan, na Carolina do Norte, em Chapel Hill, Estados Unidos da América,  a convite de Todd Irwin Marshall, isto para ficar com estas publicações de poemas na Holanda, Chile, Romênia, Argentina e EUA.

Posso afirmar, ainda, que o Brasil necessita descobrir o próprio Brasil, ao buscar a formação de leitores e isso só ocorrerá, quando houver a erradicação do analfabetismo, o surgimento do letramento coletivo da população e o fomento à leitura com a valorização dos livros e a presença de bibliotecas públicas em espaços diversos, repito. Pois, um país sem  investimentos em educação, um país sem leitores não pode crescer”.

9) FOLHA DO LESTE: Em 2021, você lançou o livro “Pandemônio: diário da quarentena de um sobrevivente à covid-19”. Nos fale um pouco mais sobre a construção deste livro e como a pandemia afetou o seu trabalho como professor e escritor.

 

Luiz Otávio Oliani:  O livro surgiu em meio à pandemia, quando, da janela do apartamento, vi o silêncio das ruas e acompanhei, pela clausura, as notícias vindas da televisão e da internet. Enfim, foi o próprio cenário da covid-19 que me inspirou a escrever este livro de contos”.

Abaixo, segue um texto da obra:

‘UM PEQUENO ROLÊ

Decidiu sair do isolamento social.

De máscara, foi até a lixeira, no corredor do prédio.

Depois, retornou ao apartamento-prisão.

Entrou, retirou a máscara.  Higienizou-se. Ali, pelo menos, estaria sã e salvo’, cita.

10) FOLHA DO LESTE: Sobre os projetos que ainda estão por vir, o  que os seus leitores podem esperar para os próximos lançamentos?

 

Luiz Otávio Oliani: Ainda este ano, logo logo lançarei dois livros de literatura infantil. Ou seja, até o final de 2024, terei publicado 21 títulos individuais. E já preparo publicações para 2025″.

11) FOLHA DO LESTE:  Por fim, gostaria que você falasse para os leitores que ainda não te conhecem. O que esperar do escritor Luiz Otávio Oliani e suas obras?

Luiz Otávio Oliani: Leitores, por favor, além do conto divulgado  no livro ‘Pandemônio: diário da quarentena de um sobrevivente à covid-19’ acima, seguem abaixo mais dois contos, porém, do meu livro ‘A vida sem disfarces’. Se gostarem deles,  busquem meu nome na internet, façam contato comigo, comprem meus livros e acompanhem o meu trabalho pelas redes sociais, pois cada obra é diferente e representa um instante na vida do escritor. Se não tiverem gostado dos contos, todavia, agradeço-lhes a leitura assim mesmo”.

RECEPÇÃO DE REI

O ladrão teve muita sorte ao entrar naquele palacete. Foi recebido com três tiros. Morreu sobre um tapete persa.

UM GESTO DOCE

Na loja de doces, o menino esconde um sonho no bolso. Ao sair, dá de cara com o dono do estabelecimento que o olha firme. Julgando-se descoberta, a criança retira o sonho do bolso. Diz que o tinha esquecido ali.

 O velho sorri. Faz de conta que me engana…

Sobre

* LUIZ OTÁVIO OLIANI é professor e escritor. Publicou 21 livros, incluindo gêneros como poesia, contos, teatro, literatura infantil e crítica literária/ensaios | e-mail: oliani528@uol.com.br | Facebook: @luizotavio.oliani | Instagram: @luizotaviooliani

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1 Comentário

  1. Muito verdadeiro o que Luiz Otávio comentou sobre ser um autor independente; é um esforço grande mesmo. Mas que bom que ele está acessível nas redes; isso ajuda demais os leitores a conhecerem o trabalho dele.

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