Economia brasileira recua pelo segundo mês seguido em outubro

Economia brasileira recua pelo segundo mês seguido em outubro | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A economia brasileira perdeu força em outubro e voltou a registrar queda na atividade. O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,3% na comparação com setembro, marcando o segundo mês consecutivo de retração, após a queda de 0,6% registrada no mês anterior.
Juros altos freiam a economia
Segundo o Monitor do PIB, estudo mensal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o principal fator para o desempenho negativo é o patamar elevado da taxa de juros.
A Selic está em 15% ao ano, o nível mais alto desde julho de 2006. O Banco Central mantém a taxa elevada para conter a inflação, que só retornou ao limite da meta em novembro, após 13 meses fora da banda de tolerância.
Na prática, o juro alto encarece o crédito. Com isso, investimentos caem, o consumo desacelera e a atividade econômica perde ritmo.
PIB ainda cresce na comparação anual
Apesar do recuo mensal, o desempenho anual segue positivo. Na comparação com outubro de 2024, a economia brasileira cresceu 1%.
No trimestre móvel encerrado em outubro, o PIB avançou 1,5% frente ao mesmo período do ano passado. Já no acumulado de 12 meses, o crescimento chega a 2,3%.
Em valores correntes, a FGV estima que o PIB brasileiro acumulado até outubro soma R$ 10,53 trilhões.
Agropecuária e indústria puxaram a queda
De acordo com a economista Juliana Trece, responsável pelo levantamento, a retração aparece tanto na produção quanto na demanda.
“Pela ótica da produção, o desempenho da agropecuária e da indústria ajuda a explicar a queda da atividade econômica”, afirmou.
Na ótica da demanda, os investimentos e o consumo do governo tiveram contribuição negativa no período.
Consumo das famílias cresce, mas de forma desigual
No trimestre móvel, o consumo das famílias cresceu 0,5%, sustentado principalmente pelos serviços e bens semiduráveis.
Por outro lado, o consumo de bens duráveis e não duráveis apresentou queda, limitando um avanço mais robusto da economia.
Exportações ajudam a segurar o crescimento
As exportações cresceram 8,9% no trimestre móvel encerrado em outubro. O resultado foi impulsionado por produtos da agropecuária e da indústria extrativa mineral.
Segundo a FGV, as vendas externas mantêm trajetória de crescimento contínuo desde março de 2025, ajudando a amortecer o impacto do juro alto sobre a economia interna.
Monitor do PIB antecipa tendência oficial
O Monitor do PIB funciona como um termômetro da atividade econômica antes da divulgação oficial do IBGE.
Na segunda-feira (15), o Banco Central divulgou o IBC-Br, que apontou queda de 0,2% em outubro e crescimento de 2,5% em 12 meses.
O IBGE informou que o PIB cresceu 0,1% no terceiro trimestre e 2,7% no acumulado de 12 meses. O resultado oficial do quarto trimestre de 2025 será divulgado em 3 de março de 2026.



























