EsportesFutebolVicente Dattoli

Dorival Júnior e CBF: A ida de quem não deveria ter vindo

Dorival Júnior e CBF: A ida de quem não deveria ter vindo

Pronunciamento de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, após a demissão de Dorival Júnior | Divulgação/CBF


Eram 17h36 de sexta-feira, dia 28 de março, quando meio sem jeito o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, anunciou que estava encerrado o período de Dorival Jr à frente da seleção brasileira. Período que começou em janeiro de 2024, em substituição a Fernando Diniz. Como de praxe, elogiou-se o trabalho, desejou-se sucesso patati, patatá e…

Algumas dúvidas se impõem: por que Dorival Jr foi escolhido? Eu mesmo já escrevi que houve um tanto de política. O treinador realizava um bom trabalho em São Paulo, que era oposição à direção e… Bem, nessa molezinha que é a eliminatória da América do Sul, qualquer um levaria a seleção brasileira à classificação. Não havia o que temer.

Olé Argentino e a realidade

O problema, e é um grande problema, é que ninguém esperava a sucessão de micos que o time de camisa amarela proporcionaria no período até a Copa do Mundo. A gota d’água, se é que se precisava de uma gota d’água, foi a goleada diante da Argentina. Goleada, não. Goleada, com direito a passeio, olé, vergonha escancarada, um tapa na cara do torcedor brasileiro.

Até os divulgadores de informação de São Paulo (perdoem, mas me recuso a considerá-los colegas de profissão), que para derrubar Fernando Diniz alçaram Dorival Jr à mais alta posição do futebol mundial (claro que sem esquecer de suas habilidades extracampo…), estavam contra e pediam a queda do treinador. Qualquer um. Até mesmo o novato Felipe Luís.

Na realidade, Dorival Jr não deveria ter sido chamado. Quem deveria ser o escolhido? Não me perguntem. Não ganho para isso – e não sei que tipo de situações um treinador de seleção brasileira precisa engolir para permanecer no cargo, que jogadores precisa convocar, que interesses necessita atender. Estou sendo cruel? Talvez, mas é isso que esses últimos tempos nos levam a pensar.

Quem será o novo técnico

Menos de um minuto depois de dizer que Dorival Jr não continuaria à frente da seleção, o presidente da CBF fez questão de dizer que só agora a entidade iria buscar um substituto. Instantes depois ficou-se sabendo que Rodrigo Caetano continua; Juan, auxiiar-técnico, também. Será um aviso que Juan pode permanecer como interino enquanto se busca um substituto?


O italiano Carlo Ancellotti fez questão de dizer, mais uma vez, que não houve qualquer contato com a CBF. E pelas palavras do presidente Ednaldo Rodrigues, isso parece ser verdade. Falam em Jorge Jesus, sonho antigo (desde 2019). Parece que agora o português tem um obstáculo dentro da equipe, Neymar Jr, dispensado do Al Hilal da Arábia Saudita com o ok de Jorge Jesus.

Voltando um pouco no tempo, vou até a escolha de Dunga para treinar a seleção brasileira. Sem experiência alguma na função, o capitão do tetra foi chamado para “dar um jeito” na seleção. E isso, sem favor algum, Dunga conseguiu. Com seu jeito quase grosseiro, acabaram-se as facilidades que alguns jornalistas usufruíam; montou-se um time… Feito o trabalho sujo, foi dispensado.

Será que o presidente da CBF não quer justamente isso? Alguém para peitar o menino mimado da Vila Belmiro? Dar um recado de que nenhum jogador é mais importante do que a seleção? Em clubes, Jorge Jesus já deu esse recado. Conhece as manhas do futebol brasileiro, conhece Juan, já foi cogitado para o cargo quando Tite era o treinador…

Bate-papo com Dorival e Juan

Para finalizar, uma história pessoal: ano passado, estava no mesmo voo que Dorival Jr e Juan. Eles iriam a Portugal, passando pela Espanha. Eu ficaria em território espanhol. Na saída, perguntei por André, do Fluminense, que estava sendo negociado então. O treinador da seleção foi só elogios. Disse que a seleção não podia ficar sem André, imagine-se o Fluminense.

Sem divulgação das razões oficiais, André perdeu titularidade da seleção, substituído por jogadores que, efetivamente, não possuem seu futebol. Talvez nestas mudanças de postura estejam as explicações do fraco desempenho da seleção brasileira e da razão da demissão do treinador. Que, sinceramente, jamais deveria ter assumido o cargo.

 

Você também pode gostar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais em:Esportes