Coluna Luta Animal - Patrícia Nunes

Carnaval legal é sem sofrimento animal

 

Créditos: Divulgação

Já passou da hora de falarmos sobre algo que vem incomodando muita gente.
Até quando penas e plumas naturais serão utilizadas na confecção de fantasias?

Por causa de nosso carnaval, o Brasil é um dos maiores importadores mundiais desses produtos, que vêm, sobretudo, da África do Sul, China e Índia. Nesses lugares, as aves são criadas especificamente para esta finalidade.

Quem assiste aos desfiles fica na dúvida com que tipo de material as fantasias foram confeccionadas. Não seria a hora então dos carnavalescos e das escolas de samba deixarem claro para o público se usam ou não penas e plumas naturais ou artificiais?

Foi o que fez, por exemplo, a paulistana Águia de Ouro, em 2017, quando anunciou que se comprometeria a não mais usar penas ou plumas verdadeiras, de origem animal.

Levar para a avenida questões importantes como a preservação ambiental, mas nos bastidores financiar a tortura de animais é, no mínimo, hipocrisia.

Todos os anos, os desfiles das escolas de samba atraem visitantes dos quatro cantos do mundo, maravilhados com o samba e com a exuberância e o luxo das fantasias. Porém, poucos se questionam sobre a origem das plumas e penas que adornam os corpos das Rainhas e dos destaques dos desfiles. Esse materiais nobres provêm de aves como faisão, pavão, ganso ou avestruz. E essas penas não caem naturalmente, muito menos nascem como plantas, sozinhas na terra.

Elas são arrancadas de animais vivos em escala industrial, e com bastante crueldade.

As vítimas são criadas bem longe da folia, em países como a África do Sul, China e Índia. O Brasil é um dos maiores importadores mundiais de penas dessas aves. Tudo para o Carnaval.

Para arrancar as penas das aves, são usadas técnicas como a do zíper: elas são levantadas pelo pescoço, as pernas amarradas e então as suas penas são arrancadas sem qualquer anestesia. Este processo provoca dor, sofrimento e as deixa expostas ao sol e a infecções graves.

A luta dos animais durante processo  de “ziper” chega a provocar fraturas.
Patos e gansos não são as únicas aves que experimentam a dor de ter as penas arrancadas. Também passam por isso os galos “fancy roosters”, criados especificamente para a extração de suas penas, e os avestruzes.

Os avestruzes são criados aos milhares em grandes fazendas, algumas delas exclusivamente para a colheita de penas, enquanto outras também para carne e couro. Apesar dos avestruzes poderem viver entre 40 e 70 anos, aqueles destinados à produção de carne ou couro são mortos com cerca de um ano a quatro anos de idade.

Existem dois métodos de remoção de penas de avestruzes vivos. Ambos exigem  que o pássaro seja contido.

O primeiro trata-se da  “caixa de arrancar” –  um recipiente tão pequeno que o animal não pode chutar ou virar-se. Muitas vezes, o pássaro tem um capuz preto colocado sobre sua cabeça. Aves mais jovens são depenadas logo que atingem a idade considerada adulta, por volta dos 16 meses de idade. A cada 7 ou 8 meses depois disso, suas grandes penas são puxadas de sua pele. Esse processo também é considerado bom quando se trata de produzir couro de avestruz “de qualidade”: as marcas circulares características no couro são realmente cicatrizes das penas que foram retiradas inúmeras vezes quando a ave ainda estava viva.

O outro método é diferente, mas igualmente desumano: os pássaros são contidos enquanto os funcionários cortam suas penas com espécies de tesouras de poda em cerca de dois centímetros acima da pele da ave; mais perto, pode causar hemorragia e danos na regeneração, uma vez que os vasos sanguíneos e nervos percorrem o centro das penas. Até 50 penas podem ser cortadas de um adulto avestruz macho ao mesmo tempo.

Galos também são criados para a extração de suas longas penas coloridas. Estas são utilizadas para jóias, ornamentos para cabelos, e como iscas para pescadores, entre outras coisas. Estes galos vivem por cerca de um ano, enquanto as suas penas crescem a um tamanho máximo, e então eles são mortos. Estas penas têm sido muito demandadas na moda recentemente.

É hora de outras escolas seguirem o exemplo da Águia de Ouro e usarem a sinceridade e a transparência: dessa maneira, o espetáculo do samba será ainda mais bonito!

Você também pode gostar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *