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Canto do Rio vai à Justiça Desportiva para voltar ao futebol profissional

Canto do Rio disputou uma competição profissional pela última vez em 2018. Foto: Divulgação

Após serem informados pelo portal Folha do Leste de que a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Fferj) excluiu o Canto do Rio da entidade, os dirigentes do clube niteroiense preparam o próximo passo, que será a entrada, nesta quinta-feira (30), com um pedido de defesa no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro que suspenda a medida feita pela entidade.

Em contato feito pela reportagem, a presidente Maria Cícera informou que estava de saída de uma reunião com o advogado do clube, Marcos Veloso, além de representantes dos outros clubes excluídos: Itaboraí, Futuro Bem Próximo, Heliópolis, Itaperuna, Miguel Couto, Teresópolis e Tomazinho. Mas confirmou que vai entrar no TJD junto com os demais times para tentar reverter a decisão da Fferj, que excluiu o Canto do Rio justamente no aniversário de 450 anos de Niterói, no dia 22 de novembro deste ano.

Tempo de licenciamento maior que o permitido motivou exclusão

A Resolução da Presidência 036/23 explicou as razões para a exclusão. Dentre os motivos citados consta que, segundo o documento, o Canto do Rio infringiu o artigo 107 do Estatuto da entidade, que “é taxativo ao dizer que se um clube se fizer ausente das competições a que estiver obrigado a disputar, por força dos diplomas legais em vigor, e “[…] se a inatividade for superior a dois anos implicará na perda da filiação […]”.

O documento ainda afirma que a Fferj tentou se comunicar com o clube formalmente por e-mail, mas que as tentativas “quedaram-se inertes ou expuseram argumentos frágeis, desprovidos de embasamento legal, incapazes de impedir a continuidade do processo de desfiliação”.

Atual e ex-presidente do clube se manifestam sobre atual situação

Ocupando a presidência desde o início do ano passado, Maria Cícera afirmou que boa parte da atual e delicada situação financeira é de responsabilidade do ex-presidente Rodney Melo, que segundo a presidente, pouco fez para tentar resolver os problemas financeiros do clube.

“Infelizmente tudo indica que se trata de mais uma consequência, dentre várias, da má gestão anterior que regeu o nosso amado Canto do Rio. Ocorre que a exemplo das diversas causas trabalhistas que o clube possui em seu desfavor, também fomos pegos de surpresa agora com essa resolução da Fferj. Acredito que assim como foi ocultado pelas gestões anteriores, em especial a gestão do ex-presidente Rodney Mello, todas as ações trabalhistas movidas contra o clube, os avisos provenientes da Federação requerendo uma regularização junto à entidade também foram ignorados pelo ex-presidente no claro intuito de prejudicar a atual gestão, haja vista que ele tinha ciência da incapacidade de retornar ao posto de presidente”, afirmou Cícera.

Procurado pelo Folha do Leste, Rodney Melo respondeu duramente, explicando que Maria Cícera era a vice-presidente social do clube e tinha acesso, assim como os demais sócios e dirigentes, às informações que detalhavam os problemas financeiros pelos quais o Canto do Rio já passava. Além disso, ele se defendeu em relação à afirmação de que teria ocultado detalhes sobre as dívidas trabalhistas.

“Primeiro, fui presidente do Canto do Rio entre 2014 a 2019, e nessa época consegui reduzir os processos trabalhistas de 18 para um. Segundo, o clube tem uma dívida fiscal, que não é trabalhista, e isso tem mais de 15 anos. Ou seja, esse problema passou por outras gestões e ninguém quis resolver”, respondeu.

Melo justificou ter apresentado a solução para o Conselho Deliberativo, que não aprovou a ideia: a venda de parte do clube como forma de reduzir a dívida total.

“Eu apresentei essa ideia, a de vender parte do clube, para sanear as despesas. Ninguém concordou. Agora essa dívida deve estar no total de R$ 10 milhões. Mas, reitero, não é dívida trabalhista, é fiscal. O clube não paga INSS há séculos, já deveria até ter ido a leilão. Isso só não aconteceu porque eu aluguei parte da sede social a uma faculdade. Foi o que livrou o Canto do Rio de ser leiloado à época”, defende-se.

Melo concluiu afirmando sobre os e-mails enviados pela Fferj ao Canto do Rio. Ele é enfático ao dizer que essa comunicação é feita pela entidade diretamente ao clube, não tendo sido contatado, segundo informa, em momento algum.

“A Fferj faz essa comunicação formalmente a um e-mail institucional, ligado a um clube. Se ela fez isso para o Canto do Rio e ninguém descobriu, eu não sou o responsável, já que não sou dono de nenhum e-mail da instituição. Eu deixei de ser presidente no dia 31 de dezembro de 2019. Logo, não recebi, pessoalmente, uma linha sequer da federação destinado ao Canto do Rio”, afirmou.

Entre a presidência de Rodney Melo e Maria Cícera, o Canto do Rio teve como presidente Carlos Alberto Pereira Gomes entre 2020 e 2022. Rodney foi durante esse tempo o vice-presidente de esportes, cargo também conhecido como vice-presidente executivo. À época, mais precisamente em março de 2021, o clube quase fechou uma parceria com o banco Atlantic Bank, o que poderia transformá-lo num clube-empresa de nome Los Angeles Atlantic Soccer Canto do Rio S/A.

A parceria, entretanto, não foi adiante porque o clube teria que ter um novo CNPJ para o futebol, mas já tinha feito a inscrição para o início da Série C do Campeonato Carioca com o registro antigo de pessoa jurídica. Para competir com o novo registro era necessário o aval da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Fferj, o que não era possível com a inscrição já efetuada. Com isso, o banco desistiu do apoio antes da assinatura do contrato.

Desde então, existe uma expectativa do futebol do Cantusca virar uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), medida defendida publicamente pela atual presidente Maria Cícera. Apesar do desejo, até o momento não houve evolução sobre o assunto.

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1 Comentário

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