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ACIERJ se mobiliza contra aumento do IOF pelo Governo Federal: “repúdio”

Igor Baldez, presidente ACIERJ, entende que Governo Lula e Ministro da Fazenda Fernando Haddad ignoram revolta do setor empresarial com aumento da IOF sem amplo debate público, ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional  ameaça revogar medida por decreto e presidente do Banco Central é contra medida.  

Igor Baldez, presidente ACIERJ, entende que Governo Lula e Ministro da Fazenda Fernando Haddad ignoram revolta do setor empresarial com aumento da IOF sem amplo debate público, ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional  ameaça revogar medida por decreto e presidente do Banco Central é contra medida | Divulgação

O aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) detonou uma crise entre o governo federal e o setor produtivo. A Associação Comercial e Industrial do Estado do Rio de Janeiro (ACIERJ), juntamente com a Federações de Associações Comerciais e Industriais do Estado do Rio de Janeiro (FACERJ), lançaram nesta segunda-feira (2) uma campanha estadual contra a medida, que empresários classificam como “um tiro no coração do empreendedorismo”. A ACIERJ, ainda, assinou e publicou uma nota de repúdio contra o aumento do IOF.

Igor Baldez, presidente da ACIERJ e vice da FACERJ, não poupou palavras ao denunciar os efeitos do decreto:

“Empresários já enfrentam uma realidade difícil, com juros altos, inflação e uma economia instável. O aumento do IOF só dificulta o acesso ao crédito e coloca muitos negócios em risco. Isso pode resultar no fechamento de empresas e mais desemprego”, alertou.

A campanha, segundo Baldez, já mobiliza 42 associações comerciais em todo o estado, com ações políticas, protestos públicos e articulações com parlamentares. O foco consiste em derrubar o decreto que elevou as alíquotas do IOF para operações de crédito, câmbio e previdência privada.

Gambiarra, não!

A decisão — tomada sem debate prévio com o Congresso — gerou ruído até entre os aliados do Planalto. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu 10 dias para o Ministério da Fazenda apresentar uma solução que substitua o aumento.

“Combinamos que a equipe econômica tem 10 dias para apresentar um plano alternativo ao aumento do IOF. Algo que seja duradouro, consistente e que evite as gambiarras tributárias só para aumentar a arrecadação, prejudicando o país”, declarou.

Enquanto ACIERJ se mobiliza contra aumento do IOF pelo Governo Federal com nota de repúdio,

Enquanto ACIERJ se mobiliza contra aumento do IOF pelo Governo Federal com nota de repúdio, presidente do Congresso Nacional cogitou revogação da medida do governo por decreto | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Senado)

Em tom contundente, Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado e do Congresso Nacional, chegou a acusar o governo de usurpar prerrogativas do Legislativo. Por fim, chegou a promete derrubada a medida por decreto legislativo caso não haja um acordo.

Mercado observa

Enquanto isso, no mercado, cresce o temor de um novo ciclo de retração. A elevação do IOF equivale a um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, segundo analistas. A consequência direta: crédito mais caro, menos investimento e mais desemprego. Primordialmente, entre pequenos e médios empresários, os primeiros a sangrar.

Mas a atenção dos investidores estava mais voltada, nesta segunda-feira, para o cenário exterior. Acima de tudo, para as novas promessas de aumento de tarifas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

O dólar à vista, por exemplo, no mercado comercial, terminou o dia em queda, cotado a  R$5,67. Somente até o dia de hoje, a moeda americana soma perdas de 8,17% em face do Real. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou praticamente estável, com menos 0,18%, mas acumulando o quarto dia de baixa.

Galípolo e a muleta: “IOF não pode substituir juros”

Enquanto ACIERJ se mobiliza contra aumento do IOF pelo Governo Federal com nota de repúdio, Presidente do Banco Central Gustavo Galipolo criticou o uso do IOF para gerar aumento da arrecadação, considerando a medida, em outras palavras, como uma espécie de "muleta" | 

Presidente do Banco Central Gustavo Galipolo criticou o uso do IOF para gerar aumento da arrecadação, considerando a medida, em outras palavras, como uma espécie de “muleta” | José Cruz/Ag.Brasil/Divulgação

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, engrossou o coro contra o uso do IOF, sobretudo como instrumento arrecadatório.

Eu sempre tive essa visão de que não deveria utilizar o IOF nem para questões arrecadatórias, nem para fazer algum tipo de apoio para a política monetária, comentou, durante debate promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP).

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Galípolo também demonstrou preocupação com o impacto internacional da decisão, ao passo que pode ser interpretada como um tipo de controle de capital. Em contrapartida, isso afugentaria investimentos estrangeiros.

“Não é desejável que você tenha uma escolha de uma linha ou de um produto específico em função de uma arbitragem tributária”, acrescentou.

Após jogar gasolina, Fazenda tenta apagar incêndio

O ministro Fernando Haddad afirmou que uma nova proposta será apresentada ao Congresso antes da viagem de Lula à França, nesta terça-feira (3). Ele prometeu “correção de distorções” no sistema tributário e defendeu uma solução estrutural, evitando o que chamou de “medidas paliativas”.

Após reunião no fim de semana com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, Fernando Haddad promete apresentar nova proposta nesta terça-feira (4) | Paulo Pinto/Agência Brasil

Após reunião no fim de semana com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, Fernando Haddad promete apresentar nova proposta nesta terça-feira (4) | Paulo Pinto/Agência Brasil

“Vamos buscar equilíbrio fiscal com racionalidade. Não com gambiarras tributárias”, disse Haddad, após reunião com os presidentes da Câmara e do Senado.

Mesmo assim, o empresariado já está se manifestando nas redes sociais e prepara atos de protestos para as ruas.

Nota de repúdio e ameaça de paralisação

A ACIERJ, através do presidente Igor Baldez, publicou uma dura nota de repúdio contra o aumento do IOF. Conforme o documento, o equilíbrio fiscal deve vir de uma gestão pública eficiente, e não de aumentos que atingem o motor da economia. Nesse meio tempo, nos bastidores, lideranças empresariais falam até em mobilizações nacionais. Ao mesmo tempo, cogitam também paralisações simbólicas, caso a medida avance.

“O equilíbrio fiscal deve ser alcançado de maneira responsável e sem onerar quem empreende. A elevação de tributos prejudica quem gera emprego e renda”, ponderou o presidente da ACIERJ.

Nota de Repúdio da Acierj

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