
Morte da produtora cultural Zita Carvalhosa gerou homenagens de artistas, cineastas e instituições. Velório ocorreu na Cinemateca
O mundo artístico se despediu de Zita Carvalhosa nesta quarta-feira (23), em São Paulo, após velório aberto ao público na Cinemateca Brasileira. A produtora, curadora e diretora de festivais morreu na terça-feira (22), aos 63 anos, vítima de câncer. Reconhecida como uma das principais articuladoras do curta-metragem no Brasil, Zita deixa um legado admirável na promoção do audiovisual, assim como no fortalecimento de novos talentos.
Desde as primeiras horas da manhã, amigos, cineastas, instituições culturais e representantes do setor prestaram homenagens à trajetória da fundadora do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo – Kinoforum, criado por ela em 1990.
“Zita Carvalhosa portava sempre algo de primaveril, para a vida dos próximos e para o cinema brasileiro. Catalisar jovens talentos foi seu maior e raro dom”, escreveu o diretor do festival É Tudo Verdade, Amir Labaki.
A cineasta Carolina Markowicz, que teve seu primeiro longa produzido por Zita, despediu-se em tom comovido:
“O cinema e todos nós sentiremos sua falta, querida Zita”.
O Ministério da Cultura divulgou nota de pesar, classificando a produtora como uma das vozes mais importantes na valorização dos curtas brasileiros.
“Zita foi uma das mais importantes vozes na valorização de curtas-metragens no Brasil”, afirmou a pasta.
Do mesmo modo, a Spcine, da qual ela participou como integrante do comitê consultivo, destacou seu papel como inspiração. Sobretudo, para quem acredita no poder transformador do cinema.
A história inspiradora de Zita Carvalhosa, exemplo de obstinação
Ao longo de mais de três décadas, Zita coordenou a exibição de milhares de filmes de curta duração nacionais e internacionais. Neste mês de julho, ela comemorava a marca de mais de 3 mil títulos inscritos para a 36ª edição do festival, prevista para agosto. Apesar de sua resistência e luta, a doença por um instante lhe venceu. Entretanto, não tirou dela o brilho e o legado deixado para que outros deem prosseguimento ao seu trabalho.
A notícia de sua morte tornou-se pública nas redes sociais por meio do cineasta e amigo Francisco César Filho. Sabiamente, ele a definiu como “incansável, obstinada e inspiradora”.
Além do trabalho à frente da Kinoforum, Zita também deixou sua marca como curadora do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS). Lá, atuou por sete anos com um olhar atento ao audiovisual, bem como cuidou com maestria da memória cultural brasileira.
Nascida na capital paulista, em 1961, Zita formou-se em cinema pela Universidade Paris III (Sorbonne Nouvelle), na França. Fundou a produtora Superfilmes em 1983, voltada a projetos independentes mas, primordialmente, atenta especialmente a filmes dirigidos por mulheres e jovens realizadores.
Em resumo, o cinema brasileiro perde uma de suas figuras mais atuantes e visionárias. Zita Carvalhosa encerra sua jornada. Entretanto, deixa exemplos a serem seguidos por quem crê que a inovação também depende de afeto e dedicação. Certamente, as gerações futuras ainda vão estudá-la e buscar em sua história a influência para seus trabalhos.