A professora Ariela Nascimento sofreu uma agressão brutal e transfóbica, na Região dos Lagos. A violência aconteceu em um bar de Cabo Frio, na Região dos Lagos, no bairro Manoel Corrêa, num local conhecido como “Favela do Lixo”, na madrugada de domingo (5). Ariela é mulher trans e também trabalha como coordenadora política e assessora parlamentar da vereadora Benny Briolly (Psol) de Niterói. Igualmente, atua como coordenadora da pauta trans do Diretório Central dos Estudantes da UFF.
Ela estava acompanhada de seu namorado, um homem trans. Ariela teve um braço quebrado, bem como sofreu diversos hematomas devido às agressões covardes.
Segundo relatos de Ariela, os atos transfóbicos começaram quando ela e seu namorado trocavam carinhos e afetos. Por isso, simplesmente, passaram a ouvir comentários violentos. Logo depois, um grupo de cinco homens promoveu a agressão coletiva e covarde.
“Um homem cis começou a proferir comentários transfóbicos e violentos, o que nos deixou extremamente desconfortáveis e ameaçados. Quando decidimos sair e voltar para casa, fomos surpreendidos por uma grupo de homens cis que me atacaram covardemente. Eles me agrediram com chutes e golpes de madeira, e meu namorado, Bruno, também foi ferido ao tentar me proteger”, disse.
Transfobia
Ariela afirma que a agressão por conta da transgeneralidade dela e do namorado.
“Fomos alvos de agressões brutais simplesmente por sermos quem somos: Pessoas trans”, considerou.
Inicialmente, Ariela esteve acompanhada da jornalista Sara Wagner York, da TV Brasil 247, que a recolheu do local e lhe prestou apoio.
“Após esse episódio horrível, fui ao hospital em busca de ajuda e suporte com Sara Wagner York que me recolheu do local aonde eu havia sido agredida e me deu apoio inicialmente, mas pela manhã fui confrontada com mais transfobia.
Transfobia hospitalar
Após o episódio horripilante, Ariela tentou buscar ajuda e suporte em um hospital. Contudo, o lugar que devia lhe acolher e prestar o devido socorro e suporte, tornou-se mais um algoz: A UPA Parque Burle. Um segurança da unidade de saúde agrediu Ariela; seu namorado, Bruno; e mais uma pessoa, Angel, representante de um Centro de Cidadania. O episódio de violência aconteceu quanto as vítimas tentarem obter informações clínicas para registrar um boletim de ocorrência e denunciar o ocorrido.
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“Angel que veio me dar suporte em conjunto com o centro de cidadania e a superintendência do município foi tratada com desrespeito e negligência pela equipe médica, que se recusou a fornecer as informações necessárias para que ela pudesse prestar queixa juntamente a mim e denunciar o ocorrido, e ainda foi agredida junto ao meu namorado por um segurança do hospital enquanto tentava encontrar meios de me ajudar a conseguir justiça para situação toda”.
A violência sofrida por Ariela é inaceitável e demonstra a urgência em combater a transfobia e garantir a segurança e dignidade das pessoas trans. Preocupada com as lesões sofridas, sobretudo pelas lacerações nas partes de seu corpo onde faz uso de silicone industrial, ela afirmou que deseja justiça e que “vai ter luta”.
Eu simplesmente não tenho palavras para descrever toda a dor que sinto e o trauma que foi vivenciar, meu corpo todo está com marcas profundas, meu rosto não é mais o mesmo e tô com medo do que pode acontecer com os golpes que eu tomei que chegaram a acertar meu silicone industrial que tenho nos seios, espero que haja justiça e que possamos ter acesso as câmeras do local aonde fui agredida para que os agressores sejam identificados e punidos, disse.
Reações
Indignada, a vereadora Benny Briolly (Psol), disse que ajudará Aniele a tomar todas as medidas necessárias para garantir justiça e responsabilização dos agressores. Ela ainda lembrou que a agressão aconteceu três dias após o que chamou de “nossa vitória contra a transfobia”, referindo-se à condenação do deputado estadual Rogério Amorim.
“Um absurdo toda a violação de direitos e agressões brutais direcionados ao seu corpo. Não descansaremos até que o ódio e a violência deixarem de mirar como alvo prioritário o corpo das pessoas trans. É inaceitável! Inadmissível!, bradou.
Apesar de “triste”, Benny ressaltou que elas seguirão juntas e fortes para continuarem juntas no projeto que visa refundar uma sociedade pautada no amor, na justiça e no acolhimento para todas as existências e formas de amar.
“Não deixaremos este caso ficar impune, nossa Mandata está dando todo suporte a nossa companheira e tomaremos todas as medidas cabíveis para que todos sejam responsabilizados”, frisou, complementando que “transfobia é crime e que jamais tolerará”
A deputada federal Talíria Petrone (Psol) também manifestou solidariedade a Ariela e ressaltou a transfobia como ato criminoso.
Absurdo o que aconteceu com Ariela, assessora da Vereadora Benny Briolly. Ariella foi alvo de transfobia, com agressão verbal e física em um bar de Cabo Frio. Ela estava com o namorado. No hospital, novamente ela foi desrespeitada. Nossa solidariedade a ela. Transfobia é crime!”, disse.
Prefeitura de Cabo Frio
Por meio de nota, a Prefeitura de Cabo Frio informou que as vítimas de transfobia receberam todo o atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Burle.
Também afirmou que, em seguida, Superintendência de Políticas Públicas LGBTI+ em parceria com o Centro de Cidadania LGBT da Baixada Litorânea, levou as vítimas ao Hospital Central de Emergência (HCE).
“A vítima prestou queixa na 126ª Delegacia de Polícia. Logo após, o município encaminhou o casal para sua residência, em Niterói, com apoio da Coordenadoria Geral de Direitos Humanos.
Quanto ao caso de agressão no UPA Parque Burle, a instituição vai apurar o caso. Além disso, a Prefeitura tem trabalhado incansavelmente para extinguir casos de LGBTfobia em equipamentos públicos promovendo capacitações para os servidores”.