O clima das eleições municipais no 2º turno em Niterói fervilha tal como o fogo no inferno, principalmente por conta de intolerância e atitudes de ódio e desrespeito que vão além da disputa pela preferência do eleitor. Um episódio revoltante de homofobia transformou a Rua Ator Paulo Gustavo, em Icaraí, em palco de um verdadeiro escândalo policial nesta quarta-feira (16).
O suplente de vereador Ricardo Mouzer Lemos (PSD), de 37 anos, foi alvo de um ataque preconceituoso que não só abalou a ele, como também a qualquer pessoa que defenda agendas de direitos humanos.
O ataque ocorreu na esquina das ruas Lopes Trovão e Ator Paulo Gustavo, este último homenageado por se tratar de um dos maiores ícones da arte brasileira e assumidamente gay. O que deveria ser uma atividade democrática se transformou em um show de horrores, com insultos e ódio disseminados por quem deveria respeitar as diferenças.
Tudo começou quando uma mulher militante do deputado federal Carlos Jordy (PL) abordou Ricardo Mouzer, que estava em plena atividade de campanha em apoio a Rodrigo Neves. Em tom debochado e ofensivo, a mulher teria feito ataques explícitos à sua orientação sexual, zombando dele de maneira cruel e preconceituosa. Sobretudo, insinuando que a vítima deveria não só ter conhecimento sobre políticas públicas de distribuição de absorventes íntimos, bem como usá-los “por ser mulher”.
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“Percebi que estava sofrendo uma agressão homofóbica gratuita e não podia deixar aquilo passar porque a gente não pode tolerar esse tipo de comportamento. Homofobia é crime e eu estou há muitos anos lutando para combater isso, lutando para que as pessoas sejam respeitadas pelo que elas são, e eu não vou admitir ser ofendido de forma gratuita por uma desconhecida na rua”, relatou Mouzer.
Vídeo
A cena lamentável teve várias testemunhas. Chocadas, as pessoas logo procuraram registrar o ocorrido em vídeo. De forma desrespeitosa, a mulher ironizou o fato de a vítima estar chamando a polícia. Acima de tudo, chegou a dizer:
“A polícia está do nosso lado”, repetiu ela, acusando os adeptos da campanha de Neves de serem ocupantes de “cargos em comissão”, fato negado por eles.
Essa frase, carregada de arrogância e desprezo, revela muito mais do que um simples desentendimento político. A militante, assim como outras pessoas associadas à campanha do candidato bolsonarista, acredita ter respaldo sobretudo da Polícia Militar e do Programa Segurança Presente. Todos estão subordinados ao governo do estado do Rio de Janeiro, cujo chefe maior se trata do governador Cláudio Castro, do PL. Por coincidência ou não, mesma sigla de Carlos Jordy.
A atitude da mulher, longe de ser isolada, coloca em xeque a postura da Polícia Militar no decorrer do processo eleitoral. E reforça a necessidade da presença da Força Nacional de Segurança na cidade com vistas a continuidade do processo eleitoral sem maiores incidentes. Principalmente, porque os episódios de intolerância enraizada, se tornam ainda mais preocupante em tempos de polarização política.
A ação imediata da polícia, solicitada por populares, ocorreu com a condução da acusada em viatura policial para a 77ª Delegacia de Polícia (Icaraí). As testemunhas ficaram indignadas com a agressão pública.
A princípio, o caso está sendo tratado como crime de homofobia, uma acusação séria que pode resultar em consequências legais significativas para a agressora. Até o final da noite desta quarta-feira, a identidade da mulher ainda não havia sido revelada, pois a delegacia ainda realiza o registro da ocorrência.
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