ColunistasRita Carvalho - Constelações

Rio Grande do Sul e o desafio de superar o luto coletivo

Rio Grande do Sul e o desafio gaúcho de superar o luto

Rio Grande do Sul e o desafio gaúcho de superar o luto | Imagem Criada/Rita Carvalho

O luto coletivo que permeia o Rio Grande do Sul, após a recente catástrofe natural, se trata de um reflexo da dor de uma comunidade que se vê diante de uma das provações mais difíceis de sua história. Este luto é sentido não apenas como uma perda individual, mas como uma ferida aberta no coração de cada gaúcho, ressoando através das cidades e campos que compartilham uma história comum de luta e superação.

Em resumo, trata-se de uma jornada de dor. Entretanto, também de esperança. Pois enquanto a comunidade enfrenta os desafios impostos pela natureza e pela ganância humana, ela também tem a oportunidade de se unir com uma força renovada. Assim, reafirma os laços de fraternidade e compaixão que definem o espírito gaúcho.

Juntos, os irmãos e irmãs do Rio Grande do Sul podem superar os obstáculos e emergir mais fortes. Primordialmente, construindo um futuro que honre tanto os que se foram quanto os que permanecem.

RS: Segunda morte por leptospirose confirmada

Rio Grande do Sul e o desafio de superar o luto coletivo Segurança Empresarial/Itaipu Binacional

Dessa forma, as comunidades do Rio Grande do Sul vão enfrentam desafios significativos após a catástrofe natural que devastou a região.  Através de uma abordagem sistêmica, podemos entender esses desafios como parte de uma rede complexa de fatores interconectados.

Eles afetam não apenas o ambiente físico, mas também o social, econômico e, principalmente, o emocional, diante do enfrentamento do árduo processo de luto coletivo. Este luto se traduz perda de vidas, assim como pela destruição de lares, histórias e sonhos. Assim, a sensação de vulnerabilidade e a necessidade de reconstruir a partir do caos, amplifica ainda mais a dor.

Desafios 

O luto coletivo enfrenta o desafio de manter viva a memória daqueles que se foram, enquanto se esforça para reconstruir o presente e planejar o futuro. Em suma, consiste num equilíbrio delicado entre honrar o passado e seguir adiante, avançar.

Rio Grande do Sul e o desafio de superar o luto coletivo

Rio Grande do Sul e o desafio de superar o luto coletivo | Agência Brasil

Então, as comunidades lutam para encontrar significado na perda, para dar voz ao silêncio deixado pelos que partiram. Também, buscam costurar um novo tecido social que sirva tanto um tributo quanto um alicerce para a reconstrução.

Além disso, o trauma coletivo e o luto constituem desafios emocionais profundos. Lidar com a perda de entes queridos e a destruição de lares criam uma atmosfera de desesperança, por vezes difícil de superar.

Da mesma forma, o estresse pós-traumático e a ansiedade incorporam nos sobreviventes. Por consequência, eles passam a necessitar de apoio psicológico contínuo, porque todos, de maneira individual e coletiva, vão enfrentar os mesmos estágios do LUTO.

Fases do luto: compreensão

Autoconsciência e Aceitação:
  1. Compreenda que o luto é uma resposta natural à perda, seja de um ente querido, relacionamento ou sonho. Na visão sistêmica, o luto é visto como uma adaptação do repertório comportamental após a privação, à perda.
  2. Reconheça seus sentimentos de perda e permita-se vivenciá-los. Não há um cronograma específico para o luto. Chore por quem partiu, chore.
  3. Aceite que a dor faz parte do processo e não a reprima. Permita-se sentir tristeza, raiva, saudade e outras emoções.
Honre os Vínculos:
  1. Reflita sobre os relacionamentos e vínculos que você compartilhou com a pessoa que partiu.
  2. Na visão sistêmica, todos os membros da família têm um lugar e uma importância. Honre o lugar daquele que se foi.
Constelações Internas:
  1. Imagine uma constelação interna em sua mente. Visualize todos os membros da sua família, incluindo aqueles que partiram.
  2. Permita-se reconectar com eles mentalmente. Diga o que precisa ser dito, peça perdão ou perdoe.
  3. Lembre-se que quem partiu nesta tragédia, apenas foi antes que você. Diga: “Eu fico um pouco mais”, ou “Eu farei o melhor que puder enquanto estou aqui”.
Rituais e Homenagens:
  1. Crie rituais pessoais para homenagear a memória da pessoa. Isso pode incluir acender uma vela, escrever uma carta ou visitar um local significativo.
  2. Compartilhe histórias e lembranças com outras pessoas próximas. Isso ajuda a manter o vínculo vivo.
Busque Apoio:
  1. Não passe por isso sozinho. Busque apoio de amigos, familiares ou terapeutas.
  2. Grupos de apoio podem ser valiosos para compartilhar experiências e aprender com os outros.
  3. O luto é um processo contínuo, e cada pessoa encontra maneiras diferentes de lidar com ele.

Superação

Dentista Brígido Ribas conta que casa ficou alagada, no bairro de Cavalhadas, em Porto Alegre, pois chuva continua forte no RS - Foto; Rafa Neddermeyer-Agência Brasil

Dentista Brígido Ribas conta que casa ficou alagada, no bairro de Cavalhadas, em Porto Alegre, pois chuva continua forte no RS | Rafa Neddermeyer-Agência Brasil

Em resumo, superar o luto na visão sistêmica envolve aceitação, integração e reconhecimento dos laços familiares. É um processo de adaptação que nos permite seguir em frente com amor e compreensão.

Desafios econômicos

A escassez de recursos consiste, sem a menor dúvida, em um dos principais obstáculos para a recuperação. Nesse sentido, as inundações e deslizamentos de terra destruíram infraestruturas críticas, deixando as comunidades sem acesso a serviços básicos. Principalmente,  água potável, eletricidade e saneamento.

Logo, a reconstrução dessas infraestruturas seguirá um processo lento e caro, exacerbado pela falta de dinheiro, pela logística completamente comprometida. Afinal, houve destruição das pontes e estradas, além das perdas econômicas coletivas, ainda impossíveis de contabilização. Empregados e empregadores, ricos e pobres, todos estão, neste momento, dependendo do mesmo bote salva-vidas.

Rio Grande do Sul e o desafio de superar o luto coletivo

RS: Comerciantes sofrem para limpar lojas após inundações | Agência Brasil

Agricultores, por exemplo, enfrentam perdas significativas devido à destruição de cultivos e gado. Definitivamente, toda a tragédia, nunca afeta apenas a economia local, mas a economia do nosso país como um todo, que tem como prato principal em pelo menos uma refeição do dia, o arroz.

Por isso, é urgente que tudo o que puder ser feito para que o Estado do Rio Grande do Sul se recupere o mais breve possível. Afinal, se trata de uma ajuda indireta para todo o país.

O simples fato de saber escolher qual a marca de arroz comprar, já é um passo para conscientização de que “NADA NA NATUREZA SOBREVIVE SOZINHO”.

Oportunistas

Em meio a esse cenário de vulnerabilidade, surgem figuras sombrias que buscam tirar proveito da situação. Oportunistas que, disfarçados de benfeitores, lançam propagandas enganosas, prometendo mais do que podem entregar. Eles roubam não apenas bens materiais, mas também a esperança de recuperação.

Suas mentiras são um insulto à dor coletiva, um desrespeito à solidariedade que deveria prevalecer em tempos de crise. Conhecimento do que está acontecendo é um passo para ter Consciência e para ter compreensão é necessário entender que isso acontece em momentos de crise SIM. Aceitar isso já é uma contribuição.

Confrontando a exploração

Para enfrentar esses desafios, faz-se necessário um esforço coletivo para identificar e denunciar esses atos de exploração. As comunidades devem ser vigilantes e ser educadas sobre os sinais de fraude e engano. A transparência e a comunicação aberta são ferramentas poderosas na luta contra aqueles que veem na tragédia uma oportunidade para o ganho pessoal.

Exercite seu direito com prudência e sensatez, lembre-se, só fale ou repita aquilo que você conhece. Tenha consciência. Para superar esses desafios, é necessário um esforço conjunto de solidariedade e vigilância. As autoridades devem agir rapidamente para proteger as vítimas de fraudes e exploração, enquanto a comunidade deve se unir para apoiar uns aos outros e denunciar qualquer atividade suspeita.

Além disso, é fundamental que haja um investimento em educação e conscientização sobre os riscos de oportunistas em tempos de crise. Conhecimento, educação sempre serão PILARES de uma sociedade sadia.

A Reconstrução

Para a reconstrução é necessário um esforço coordenado que envolva em primeiro lugar a própria comunidade que sofreu o impacto da tragédia. Governos, empresas e todos os brasileiros, que possam contribuir de maneira direta ou indireta, precisam replanejar de forma mais eficaz, tudo que não deu certo.

Rio Grande do Sul e o desafio de superar o luto coletivo

Rio Grande do Sul e o desafio de superar o luto coletivo | Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Digo isso para que, em contrapartida, as cidades se tornem efetivamente  mais resistentes a futuros desastres naturais.  Após catástrofes naturais, geralmente o processo se restringe simples reconstrução de infraestruturas físicas.

Neste caso, há a necessidade de recuperação da coesão social, a revitalização econômica e a restauração do tecido cultural de uma comunidade. Em seguida, é crucial integrar a memória e a identidade das comunidades afetadas no processo de reconstrução. Em outras palavras, isso significa respeitar e preservar as tradições locais, os valores e os laços sociais que definem uma comunidade.

Como já até mencionei, a reconstrução começa com a participação ativa dos cidadãos afetados, arquitetos, empresários, engenheiros, partes essenciais na regeneração pós-desastres.

Isso garante que a reconstrução atenda às necessidades reais da comunidade e fortaleça a resiliência local.

Apoio emocional

Ainda assim, indo além das necessidades físicas, há de se abordar, prioritariamente, as necessidades psicossociais da população. Primeiramente, isso envolve o fornecimento de apoio emocional e psicológico para ajudar as pessoas a processarem o trauma. Enfim, elas precisam se adaptar à nova realidade, na reconstrução sistêmica, e, com isso, temos um processo holístico.

RS: Famílias acampam em rodovias para vigiar casas

RS: Famílias acampam em rodovias para vigiar casas | Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Tanto quanto busca reconstruir, quer também melhorar e fortalecer as comunidades para um futuro resiliente, tal qual despertar a capacidade de união e superação.

Por último, afirmo que através da compaixão e da cooperação, os gaúchos podem emergir dessa tragédia com uma nova perspectiva de força e esperança para o futuro. Em conclusão, a abordagem sistêmica para a reconstrução após a catástrofe natural no Rio Grande do Sul, requer uma visão holística que considere todos os aspectos da vida da comunidade e crie uma base sólida para um futuro mais seguro e próspero.

Siga Rita Carvalho no Instagram | Clique na Imagem

Itaipu-Itaipuaçu: Caminhão causa grave acidente na RJ-102, a estrada da SerrinhaItaipu-Itaipuaçu: Caminhão causa grave acidente na RJ-102, a estrada da Serrinha

Você também pode gostar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais em:Colunistas