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Região Oceânica: Moradores do Maravista temem alagamentos no verão e cobram ações

Rua Maria Isabel Bolckau, no Maravista III, alagada após chuva de intensidade fraca, na quinta-feira (26). Este local fica próximo à elevatória de esgoto perto do Rio da Vala | Foto do Leitor/Folha do Leste ©Todos os direitos reservados à Brasil 21 Comunicação, proibida a reprodução sem autorização.

Moradores do loteamento Maravista III, em Itaipu, Região Oceânica de Niterói, estão temerosos com a chegada do verão. A estação, embora de muito sol e calor, também tem muitas chuvas. E, segundo eles, há anos, diversas ruas do bairro sofrem com alagamentos.

Além disso, dizem que as cheias se misturam com vazamentos de esgoto da concessionária Águas de Niterói. Importante ressaltar que, ao final desta reportagem, tanto a Prefeitura de Niterói, bem como a Águas de Niterói, emitem respostas e as suas versões para os problemas que essa matéria jornalística narra, considerando a versão da população.

Imagem da galeria de esgoto que sempre transborda quando chove, segundo moradores | Foto do Leitor/Folha do Leste ©Todos os direitos reservados à Brasil 21 Comunicação, proibida a reprodução sem autorização.

 

 

Filme de terror

A situação se compara a um fantasma que lhes assombra. Estamos em época de halloween. Porém, na sexta-feira, 13 de outubro, uma chuva de pequena intensidade deixou-lhes pavorosos. O esgoto até poderia se tratar apenas de um espectro sombrio. Porém, tratava-se de uma visão real, fétida e insalubre, capaz de subtrair suas almas para outra dimensão através de doenças infecciosas com potencial de ceifar vidas.

E este longa metragem da realidade dramática da realidade, reproduz o medo, a incerteza e a ansiedade de suas personagens, por um desfecho diferente do habitual.

Mesmo bueiro de esgoto mostrado na imagem acima, todavia em dia de chuva | Foto do Leitor/Folha do Leste ©Todos os direitos reservados à Brasil 21 Comunicação, proibida a reprodução sem autorização.

Segundo João Vidigal, morador do bairro, a contaminação, durante as chuvas, ocorre através da estação de elevação de esgoto da Águas de Niterói, que fica na esquina da Avenida Prefeito Altivo Mendes Linhares com a Rua Maria Isabel Bolckau.

“Durante as chuvas de maior intensidade, a elevatória parece que se desliga ou é desligada e o vazamento acontece diretamente no leito do Rio da Vala, que transborda em função do estrangulamento do mesmo na manilha, direcionando água contaminada para cinco ruas do entorno”, relata.

No vídeo abaixo, os leitores registraram o flagrante de vazamento de esgoto.

 

Ruas

De acordo com João Vidigal, as ruas mais afetadas são:
  • Maria Isabel Bolckau (antiga Rua 23);

  • Geremias de Matos Fontes (antiga Rua 32);

  • Mercedes Ayres Neves (antiga Rua 31);

  • Doutor Cícero Barreto (antiga Rua 30);
  • Avenida Prefeito Altivo Mendes Linhares (antiga Avenida 4)

 

“Qualquer chuva, no Maravista III, as águas pluviais alagam as vias públicas e invadem as residências das Ruas 23, 30, 31, 32 e Avenida Prefeito Altivo Mendes Linhares, próximas ao Rio da Vala”, diz Alexandre Jaegger, também morador da localidade.

 

Morador improvisa transporte fluvial para não ter contato com água misturada com esgoto, na rua Mercedes Ayres Neves

Drenagem sem dragagem

Jaegger e Vidigal afirmam, ainda, que tudo isso seria fruto da obra de drenagem realizada pela Prefeitura Municipal de Niterói no Vale Feliz e na Avenida Irene Lopes Sodré, sem a devida dragagem do Rio da Vala.

Rua Maria Isabel Bolckau

Problema antigo

Entre o grupo de moradores que relatam o problema para o FOLHA DO LESTE, estão ainda Jefferson Gaudard e Rabindranath da Silva Pinto.

Eles dizem estar, desde 2016, alertando organismos governamentais sobre o estrangulamento do mencionado trecho de 100 metros do Rio da Vala, entre a Rua Maria Isabel Bolckau, 113 e a Avenida Senador Vasconcelos Torres, quando houve grande alagamento naquela época.

“Nada foi feito até hoje para solucionar o problema. Alertamos com e-mails para Administração da  Região Oceânica, SMARHS, Emusa, Seconser, Inea, passeatas, reportagem nos jornais, processo no MP e etc, sobre o estrangulamento num trecho de 100 metros”, relata Rabindranath da Silva Pinto.

Além disso, há de se ressaltar, ainda, de acordo com os moradores, que no último ano, cada chuva de média intensidade se tornou, para eles, uma grave ameaça.

“Ruas alagadas, casas invadidas pelas águas fétidas, que retornam do Rio da Vala, tornando um risco a Saúde Pública e causando prejuízos materiais e pessoais aos moradores do entorno, que perdem seus pertences alagados e não conseguem sair e/ou entrar em suas casas”, pondera Jefferson Gaudard.

Assunto esgotado

Afirmam, também, já terem esgotado o assunto com a Prefeitura de Niterói, que não vem atendendo às necessidades deles. E que o Ministério Público está sendo informado da necessidade de “Obra Emergencial” no local para evitar uma grande tragédia no próximo verão.

 

“Somente obras emergenciais urgentes de drenagem do Rio da Vala irão aliviar o sofrimento dos moradores da região, a cada chuva que acontece”, dizem.

O que eles querem

Embora leigos, os moradores apontam quais seriam as ações necessárias para drenar o Rio da Vala. O mais urgente se trata, na visão deles do reparo do estrangulamento do Rio da Vala. Em suma, no trecho de 100 metros, entre a Rua Maria Isabel Bolckau, 113 e a Avenida Senador Vasconcelos Torres;

“Neste trecho, o volume de água que chega ao Rio da Vala durante as chuvas de média/grande intensidade, não consegue escoar normalmente, causando alagamento nas 5(cinco) ruas citadas e suas residências, causando um problema de Saúde Pública e prejuízos incalculáveis”, afirma João Vidigal.

 

Imagem fornecida pelos moradores, mostrando  o curso do Rio da Vala sob casas, entre a Estrada  Francisco da Cruz Nunes e a Av. Pref. Altivo Mendes Linhares. Em destaque, no realce em branco,  o trecho – que eles alegar estar assoreado entre a Av. Senador Vasconcelos Torres e a Rua Maria Isabel Bolckau. Inclusive, os moradores ressaltam a impossibilidade em desassorear este trecho, vez que o curso do Rio passa sob várias construções particulares. Segundo consideram, este fato criaria  empecilhos técnicos para a execução do trabalho que julgam como necessário.

“Na nossa visão, a única solução, neste momento é desviar o curso do Rio da Vala, pelo centro da Rua Maria Isabel Bolckau e Avenida Senador Vasconcelos Torres até o ponto atual, porque dali até a Laguna de Itaipu, temos o curso do Rio da Vala com dimensões necessárias para o escoamento” – diz Alexandre Jaegger.

 

Poder publico de Niterói presta esclarecimentos

Diante dos fatos narrados pelos moradores, o FOLHA DO LESTE entrou em contato com a prefeitura de Niterói. A Emusa informa que todas as ruas citadas estão incluídas no plano de urbanização de Maravista III, que encontra-se em fase de contratação de projeto.

Sobre problemas relativos ao Rio da Vala, a Emusa informa que os trabalhos de drenagem realizados até agora no Vale Feliz e na Avenida Irene Lopes Sodré não causaram impacto suficiente capaz de alterar significativamente as condições daquele corpo hídrico, não contribuindo, portanto, com possíveis alagamentos.

A Emusa também se pronunciou à respeito da necessidade de obras no Rio da Vala.

Existe um processo aberto para melhorias das condições hídricas do Rio da Vala, que encontra-se em fase de contratação de projeto por parte da Emusa.

Por fim, a Emusa ressalta as obras que vem realizando nos bairros de Serra Grande e Maravista.

Neste momento, a Emusa conclui as obras de urbanização em 76 ruas dos bairros Serra Grande e Maravista, com trabalhos já finalizados em 69 delas. A previsão de conclusão desse empreendimento é para o próximo mês de novembro. A empresa finalizou a elaboração do projeto de urbanização de 14 ruas de Maravista II, cujo processo encontra-se em fase de licitação para contratação da empresa que executará das obras.

Águas de Niterói

Nossa reportagem questionou a concessionária Águas de Niterói acerca das reclamações dos moradores. Apesar disso, é importante ressaltarmos sob qual contexto as nossas perguntas foram respondidas. Primordialmente, para que as respostas não tenham efeito capcioso perante o leitor.

Nesse sentido, apresentamos as demandas desta reportagem à concessionária, relatando que moradores entraram em contato com nossa redação, afirmando que “basta qualquer chuva, no Maravista III, para que vias públicas residenciais fiquem alagadas e casas sejam inundadas”. Que, segundo os moradores, isso aconteceria ne forma mais grave nas ruas 23, 30, 31, 32 e Avenida Prefeito Altivo Mendes Linhares, próximas ao Rio da Vala, especificando todas as ruas por nome e CEP.

Sobretudo, mencionamos a alegação dos moradores da existência de vazamento de esgoto quando chove, conforme imagem enviada à concessionária (foto abaixo).

Por fim, reproduzimos o relato dos moradores de que, durante as chuvas de maior intensidade, a elevatória “parece que se desliga ou é desligada e o vazamento de esgoto acontece diretamente no leito do Rio da Vala, que transborda em função do estrangulamento do mesmo no binóculo”, direcionando água contaminada para as cinco supramencionadas ruas.

Perguntas e Respostas da concessionária

1) FOLHA DO LESTE: A Águas de Niterói reconhece a existência destes problema?

ÁGUAS DE NITERÓI: Sim. São problemas resultantes do lançamento irregular de água de chuva na rede coletora de esgoto, bem como lançamento irregular de esgoto nas redes de drenagem pluvial.

2) FOLHA DO LESTE: Por qual razão tal elevatória seria desligada?

ÁGUAS DE NITERÓI: As elevatórias não são desligadas. Elas não comportam a quantidade de águas pluviais lançadas indevidamente nas redes coletoras de esgoto, que deveriam receber apenas efluentes sanitários, e não água de chuva.

3) FOLHA DO LESTE: A solução técnica de reparo do estrangulamento do Rio da Vala tem algum amparo ou procedência, está dentro do planejamento da empresa?

ÁGUAS DE NITERÓI: As intervenções em corpos hídricos são de responsabilidade exclusiva do poder público e/ou daqueles a quem é delegada tal competência, não sendo, portanto, responsabilidade da Águas de Niterói.

4) FOLHA DO LESTE: Há previsão de alguma solução para os problemas citados?

ÁGUAS DE NITERÓI: A concessionária já vem realizando a campanha Cidadão Consciente e apoiando os governos municipal e estadual na realização do Programa de Regularização Sanitária.

5) FOLHA DO LESTE: Quais são as medidas que a Águas de Niterói pretende adotar sobre a questão, considerando, inclusive, a contaminação do leito do Rio João Mendes pelo vazamento de esgoto, misturado com águas de chuva?

ÁGUAS DE NITERÓI: A concessionária já vem realizando a campanha Cidadão Consciente e apoiando os governos municipal e estadual na realização do Programa de Regularização Sanitária.

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