
Projeto Abolição mobiliza Caramujo com cultura e identidade negra | Divulgação/Heleno Massapust
Cultura, resistência e memória tomaram conta do Caramujo, Zona Norte de Niterói, durante a quarta edição do Projeto Abolição. Cerca de 7 mil pessoas circularam pelas tendas, oficinas e rodas de conversa montadas no Parque Esportivo e Social do bairro. A iniciativa promoveu debates, shows, espetáculos e encontros marcados por afeto, ancestralidade e afirmação da identidade negra.
O evento começou cedo, com café comunitário e acolhimento. Logo depois, mil pratos de feijoada foram servidos gratuitamente. Ao longo do dia, o público participou de oficinas, visitou a feirinha de economia criativa e assistiu a uma série de apresentações musicais. Entre as atrações, estavam Confraria do Samba, Leomi, Jongo da Serrinha, DJ de Charme, Rap Os Crias, Andrea Beat, Simas e Marvvila.
No meio das barracas e da criançada brincando na área kids, vozes importantes se uniram para reforçar o compromisso com a igualdade racial. Sem formalidades, a cientista social Alessandra Nzinga conduziu bate-papos potentes sobre os 50 anos da libertação dos países lusófonos e o futuro das favelas como polo de cultura e transformação.
Ao caminhar entre rodas de jongo e discussões sobre políticas públicas, a primeira-dama de Niterói, Fernanda Sixel Neves, destacou a potência do evento:
“Estar ali, compartilhando saberes e afetos com lideranças negras de Niterói, do Brasil e do continente africano, foi mais do que simbólico: foi necessário.”

Projeto Abolição mobiliza Caramujo com cultura e identidade negra | Divulgação/Heleno Massapust
Fernanda ressaltou ainda como a presença do poder público em áreas periféricas com ações de inclusão transforma realidades:
“Uma alegria participar da quarta edição do Projeto Abolição. Estar ali, compartilhando saberes, histórias e afetos com lideranças negras de Niterói, do Brasil e do continente africano, foi mais do que simbólico: foi necessário. O Caramujo vem sendo transformado, o Parque Esportivo é um exemplo claro de como o poder público pode e deve ocupar as margens com políticas de inclusão. Porque infraestrutura é importante, mas é com afeto, cultura e oportunidades que a gente muda o jogo. E é isso que está acontecendo ali: crianças brincando, jovens sonhando, famílias acreditando no amanhã. É tempo de avançar cada vez mais com direitos garantidos”, afirmou Fernanda Sixel Neves.
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A secretária de Direitos Humanos, Claudia Almeida, enfatizou a profundidade simbólica do evento:
“Neste Dia da África, ao celebrarmos o Projeto Abolição, reafirmamos com firmeza que a história do povo negro é marcada pela resistência, pela memória viva e criação potente. Este é um momento de profundo significado, em que honramos nossas raízes com orgulho e renovamos nosso compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, afirmou a secretária.
O subsecretário de Promoção da Igualdade Racial, Oto Bahia, reforçou o papel do evento na consolidação de uma sociedade diversa e consciente:
“O sucesso do evento reforça o compromisso em promover a diversidade, a inclusão e o respeito, contribuindo para uma sociedade mais consciente e igualitária. Essa é mais uma ação de um conjunto de trabalhos voltados para a construção e fortalecimento de políticas públicas de combate ao racismo e de valorização da cultura afro-brasileira”, destacou Oto Bahia.

Projeto Abolição mobiliza Caramujo com cultura e identidade negra | Divulgação/Heleno Massapust
Para além dos discursos, o chão do Caramujo vibrou com sons de tambores, vozes de resistência e o orgulho estampado no rosto de quem esteve presente. A dona de casa Ana Pereira, uma das frequentadoras mais animadas do evento, resumiu:
“Participei de todas as atividades: café da manhã, feijoada, barracas da feirinha e cada show apresentado. Esse tipo de evento mostra que a cultura negra precisa ser valorizada e reconhecida. Parabenizo a todos que organizaram o evento”, contou a dona de casa.
Promovido pela Prefeitura de Niterói, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e da Subsecretaria de Promoção da Igualdade Racial, o Projeto Abolição teve apoio da Neltur, ISCCA, Parque Esportivo e Social do Caramujo e Viva Rio. Mais que uma festa, a iniciativa busca provocar reflexão sobre o legado da escravidão, a força da memória coletiva e a importância da equidade.