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Presidente da CDL afirma que a geração de empregos se tornou a principal atividade econômica de Niterói

Presidente da CDL afirma que a geração de empregos se tornou a principal atividade econômica de Niterói

Presidente da CDL afirma que a geração de empregos se tornou a principal atividade econômica de Niterói | Foto: André Freitas/Folha do Leste

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Niterói (CDL Niterói) é parte integrante de importantes páginas dos 451 anos de história da cidade. Sua essência, inicialmente fundada na organização das vendas à crédito, mediante a organização de cadastros de bons pagadores, evoluiu para uma organização civil que passou a ter assento nas discussões dos assuntos econômicos e desenvolvimentistas de Niterói. Principalmente, porque o comércio, juntamente com o setor de serviços, trata-se do segmento que mais emprega na cidade.

Em entrevista ao Folha do Leste, o presidente da CDL Niterói Luiz Vieira, afirmou que essa geração de empregos se tornou a principal atividade econômica da cidade. Inicialmente, analisando a evolução das atividades, lembrou que, antigamente, o comércio do Centro era mais pujante, com posterior migração para Icaraí e demais bairros da cidade.

“Hoje, temos um comércio mais descentralizado, crescendo nos bairros na faixa de 7,5% ao ano, isso decorrente da situação pós-pandemia, onde as pessoas começam a trabalhar mais no sistema home office. Além disso, há os serviços digitais”, citou.

Para Luiz, as pessoas não precisam mais ir ao banco ou repartições públicas porque quase tudo pode ser resolvido de modo remoto.

“Então, não há mais a necessidade da pessoa se deslocar do seu bairro para um local central para utilizar desses serviços”, ponderou, dando o fato como exemplo para o esvaziamento do Centro.

Crise e retrocesso

Um dos grandes desafios enfrentados por cidades do mundo inteiro se trata do período de lockdown, fase aguda da pandemia da Covid-19. Vieira reconhece que Niterói, assim como cidades do mundo inteiro, viveu tempos difíceis. Porém, em contrapartida, citou medidas adotadas pelo poder público para mitigar os impactos econômicos, como os auxílios emergenciais municipais para a população vulnerável e microempreendedores, além dos programas Niterói Supera e Empresa Cidadã.

Contudo, Vieira relata que, além da pandemia, a grande crise de Niterói tem relação com o fechamento dos estaleiros, que empregava 80 mil pessoas, o que ele considerou um retrocesso, apesar de estar confiante na retomada do setor em breve.

“Isso obviamente tem um impacto muito grande na cidade. Hoje nós temos uma diminuição muito grande na indústria naval. Fala-se muito na indústria offshore. Temos hoje apenas oito estaleiros, eles até empregam, mas muito menos do que antes”, observa Luiz Vieira.

Sobre o esvaziamento do Centro da cidade, o presidente da CDL considera que o problema não afeta apenas Niterói, mas outras cidades do mundo inteiro. Ele atribui a situação ao avanço dos serviços digitais, que tirou a necessidade das pessoas se deslocarem para resolver questões públicas e financeiras.

“A gente tem discutido muito com o poder público sobre isso, buscando alternativas. Uma delas consiste na transformação do Centro num bairro residencial, até porque já existe estrutura. Além disso, existem vários projetos de revitalização do Centro, da Avenida Rio Branco, da Rua da Conceição”, destacou.

Turismo

Segundo Vieira, o turista que Niterói possui, em sua maioria, é passageiro, pois a cidade concorre com o Rio de Janeiro – a capital turística do Brasil. Ele pondera ainda que Niterói está mais próxima da centralidade do Rio do que muitos bairros da capital. Luiz Vieira diz que competir com o Rio é “complicado”, e que precisa de investimento em um turismo de negócios. Para isso, a solução está na realização de eventos corporativos, empresariais e reuniões em geral, como congressos e convenções na cidade.

“Para isso, nós defendemos o centro de convenções da cidade que inclusive está na proposta do prefeito eleito de fazê-lo no Caminho Niemeyer. Assim, as pessoas vão ficar hospedadas na cidade. Vão andar na cidade. Vão conhecer na cidade. Fizemos, em 2012, a convenção das CDLs do estado na cidade e tivemos essa experiência”.

Ainda sobre o turismo, Luiz Vieira afirma que os eventos esportivos, bem como o ecoturismo, têm atraído pessoas para Niterói. Mas ressalta que a cidade precisa de incrementos para a rede hoteleira, pela necessidade de novas acomodações para turistas.

“Vamos ter um grande evento falando de economia do mar, no início de dezembro, que é de suma importância, nós somos uma cidade marítima, mas aonde nós vamos colocar essas pessoas todas?”, indagou.

Papel da iniciativa privada

Luiz Vieira afirma que o poder público municipal não só tem investido no favorecimento do setor econômico, assim como tem buscado soluções através da realização de eventos. Ele ainda citou como exemplo de incremento do município na economia a Moeda Social Arariboia.

“É um investimento que a prefeitura coloca na mão de quem precisa para consumir dentro do próprio município”, considerou.

No entanto, o dirigente considera que existe necessidade de a iniciativa privada também fazer a sua parte também, de investir. Luiz Vieira citou, como exemplo, a rede de hospitais e clínicas do setor privado de Niterói.

“Nós somos uma referência. Mas por quê? Houve uma lei de incentivo às empresas de saúde. Então, eu acho que nós temos que discutir o que nós precisamos fazer para melhorar a ambiência de negócios da cidade”.

O presidente da CDL conclui dizendo que esse debate não se restringe ao comércio, mas também deve incluir a indústria, as prestações de serviços e até mesmo os microempreendedores individuais. E passa ainda pela necessidade de mão-de-obra qualificada e capacitação de pessoas.

“Tudo o que gera emprego e faz a economia girar impacta o comércio. Porque se você tem pessoas trabalhando, consumindo, o comércio está ali. O comércio vai consumir também. A nível geral, nós precisamos vender pro mundo, globalizar para estar crescendo. Existe um encontro entre o físico e o digital”, disse, referindo-se à necessidade de coexistência do empreendimento de atendimento presencial com virtual.

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