
Prédio histórico do Rio, onde funcionou a Rádio Nacional e o jornal A Noite, na Praça Mauá, agora arrematado em leilão, será revitalizado em 2024. Foto: Akemi Nitahara/Agência Brasil
No próximo ano, a cidade do Rio de Janeiro terá a revitalização de um de seus prédios mais emblemáticos: o Edifício do jornal “A Noite”, localizado na Praça Mauá, no Centro da cidade. O imóvel, que abrigou a Rádio Nacional do Rio de Janeiro por mais de 80 anos, será totalmente reformado a partir do segundo semestre de 2024.
A compra do edifício foi feita pelo grupo QOPP Incorporadora, que ofereceu R$ 36 milhões mais 50% do potencial adicional gerado pelas regras do Reviver Centro. Estima-se que esse valor adicional seja de mais de R$ 24 milhões. O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou a conclusão da venda nesta terça-feira (25). Anteriormente, o edifício pertencia à prefeitura e foi o primeiro arranha-céu da América Latina, construído em 1929.
“É apontar para o futuro, usar algo do passado, da história da cidade, para dizer: ‘olha essa cidade ressurge, olha para frente, que a gente tem uma nova Região Central, com gente vivendo, gente trabalhando, mais proximo do seu local de trabalho, com menos deslocamentos, ambientalmente mais correto’. Acho muito simbólico, do que a gente espera do Centro do Rio de Janeiro”, declarou Eduardo Paes.

Arte revela como o prédio ficará após a reforma. Foto: Divulgação
Após a reforma, o edifício “A Noite” contará com 447 unidades residenciais e três lojas no térreo. Além disso, o projeto de revitalização prevê a abertura de dois espaços no terraço do prédio: um restaurante e o Centro Cultural da Rádio Nacional. O imóvel, possui tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornou-se patrimônio da União em 1940.
Abandono
O edifício “A Noite” ficou fechado por mais de dez anos. Nesse ínterim, a Prefeitura do Rio de Janeiro o comprou, em março deste ano, por R$ 28,9 milhões, através da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar). A intenção do prefeito era colocar o prédio novamente no mercado para contribuir com a revitalização da região do Centro.
Jornal A Noite
Construído em estilo art déco, o impressionante edifício de 22 andares teve sua inauguração em 1929, de frente para a Praça Mauá. Considerado um marco arquitetônico, o prédio impulsionou, sobretudo, a engenharia no país. Com seus 102 metros de altura, proporciona uma vista impressionante da Baía de Guanabara. Originalmente chamado de Joseph Gire, em homenagem ao arquiteto francês que o projetou, o prédio ficou conhecido como “A Noite” devido ao jornal que abrigava, o vespertino A Noite. Do mesmo modo, Joseph Gire projetou o hotel Copacabana Palace e o Hotel Glória.
Rádio Nacional
Na década de 1930, o edifício tornou-se a casa da Rádio Nacional, que se consolidou como a emissora de maior audiência do país. O rádio exercia grande influência na música e cultura brasileiras, promovendo artistas e levando programas de auditório para todo o país. Para competir com o “A Noite”, promoveram, rapidamente, a inauguração do Edifício Martinelli, em São Paulo, também em 1929. Porém, o prédio paulistano ainda estava incompleto. Sua construção só terminou, com 105 metros de altura, cinco anos depois.
Em 1940, durante o governo de Getúlio Vargas, o edifício “A Noite” passou para as mãos da União. A Rádio Nacional, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), funcionou no local desde sua inauguração em 1936 até 2012, quando deixou o prédio para reformas. O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), que também ocupava o edifício, saiu no mesmo ano.
O edifício “A Noite” representa uma parte importante da história do Rio de Janeiro, ainda mais da história da radiodifusão brasileira. Este local icônico abrigou as grandes radionovelas bem como os notáveis programas de auditório, precursores dos estúdios atuais.