
Pix na mira dos EUA: sistema brasileiro é alvo de investigação comercial | Reprodução
O Pix, sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, está no centro de uma investigação comercial dos Estados Unidos. A ofensiva foi confirmada pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), que suspeita de práticas desleais do governo brasileiro.
Desde 2022, o Pix é citado como motivo de preocupação nos relatórios da agência americana, que monitora potenciais barreiras às exportações e à tecnologia dos EUA em mais de 60 países.
Em novo comunicado, divulgado na última quinta-feira (16), o USTR anunciou uma investigação formal sobre o apoio do governo brasileiro ao Pix e seus efeitos sobre empresas dos EUA.
Ameaça ao domínio de gigantes
O temor das autoridades americanas é que o sistema gratuito, operado pelo Banco Central do Brasil, afete diretamente a atuação de empresas como a Meta, dona do WhatsApp, e operadoras de cartões de crédito internacionais.
“Queremos garantir que o Banco Central, como regulador e operador do Pix, mantenha um ambiente justo para todos os concorrentes”, diz o relatório do USTR.
O estopim da atual crise, segundo analistas, pode ter sido a concorrência direta entre o Pix e o WhatsApp Pay, lançado pela Meta em 2020 — e suspenso pelo BC poucos dias depois. A justificativa da autarquia brasileira foi avaliar riscos operacionais e concorrenciais antes de liberar o serviço.
Pix movimenta bilhões e gera tensão
A ascensão meteórica do Pix impressiona: segundo o Banco Central, em 2023 o sistema movimentou mais de R$ 26 trilhões. A ferramenta promoveu inclusão bancária, reduziu custos de transações e passou a ser usada até em operações internacionais, competindo com o dólar em certos casos.
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Para a economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, a reação dos EUA é esperada:
“O Pix oferece vantagens claras. É eficiente, acessível e obriga o mercado a melhorar. A crítica americana esconde um incômodo com a perda de espaço das big techs.”
Trump e a guerra comercial digital
A investigação também tem um pano de fundo político. Segundo o USTR, a apuração atende a um pedido direto do ex-presidente Donald Trump, que acusa o Brasil de “atacar empresas americanas” e adotar medidas que prejudicam a inovação e o comércio justo.
A possível conexão entre as queixas e os interesses da Meta, empresa de Mark Zuckerberg, aliado de Trump, também é levantada por especialistas.
Governo brasileiro não respondeu
Procurados, o Banco Central e o Ministério das Relações Exteriores ainda não se pronunciaram sobre o caso. A situação pode escalar para um conflito comercial, afetando negociações entre os dois países.
Enquanto isso, o Pix segue crescendo e acumulando adeptos — dentro e fora do Brasil.