O Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, apresentou alta de 0,1% no terceiro trimestre de 2023. Embora o crescimento possa ser considerado pequeno, a expectativa do mercado era uma retração de até – 0,2 %. Os dados foram apresentados ontem, na terça-feira (5), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta é a terceira taxa positiva depois da queda de 0,1% verificada no quarto trimestre do ano passado. Com o resultado, o PIB está novamente no maior patamar da série histórica, ficando 7,2% acima do nível pré-pandemia, registrado nos três últimos meses de 2019.
Entre janeiro e setembro, o acumulado aponta alta de 3,2%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em valores correntes, o Brasil gerou R$ 2,741 trilhões no terceiro trimestre.
Setores
Entre os três grandes setores econômicos, dois cresceram taxas iguais no trimestre: Indústria e Serviços avançaram 0,6%. A agropecuária, por outro lado, recuou 3,3% no mesmo período.
O setor de Serviços representa cerca de 67% da economia brasileira. Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, os maiores destaques foram as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados, com alta de 1,3%, principalmente, na área de seguros; e as imobiliárias, com crescimento igual, em decorrência do aumento no número dos domicílios.
Em sentido oposto, o setor de transporte, armazenagem e correio teve queda de 0,9%. “Essa queda vem após oito trimestres de altas e é relacionada ao transporte de passageiros”, comentou Rebeca.
No setor da Indústria, a única alta ficou por conta do setor de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,6%). A alta no consumo de energia foi determinante para o resultado.
CNC revisa projeção para 2023
Com base no resultado apresentado pelo IBGE, a Confederação Nacional do Comércio revisou a projeção de crescimento do PIB de +2,8% para +3,0% em 2023, alavancado pelo consumo das famílias, que avançou 3,5% ante o ano passado, e pelo setor de serviços, que cresceu +3,2%.
Segundo o presidente da Confederação, José Roberto Tadros, o consumo familiar é o principal responsável pelo avanço do PIB pela ótica da demanda no terceiro trimestre (+1,1%).
“A crescente massa real de rendimentos do trabalho, juntamente com o início da flexibilização da política monetária, estimulou os gastos dos consumidores finais. Essa foi a maior variação desse agregado das contas nacionais trimestrais”, explicou Tadros.
Especialista alerta sobre mudanças necessárias na economia
Apesar do dado positivo, a economista e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) reconhece que há aspectos no atual governos que colaboraram para o percentual ser positivo.
Há pontos de atenção importantes a se observar: aspectos positivos que se constituem em impulsionadores de crescimento são o arcabouço fiscal, o compromisso em tentar manter o equilíbrio fiscal anunciado, e a aprovação de uma reforma tributária. Tudo isso mostra uma habilidade política do atual governo de construir cenários mais estruturados e com regras direcionadas a uma competição justa e com crescimento econômico”, destaca Mello.
Mas a economista ressalta que o país precisa discutir temas econômicos como o controle da inflação e que é preciso replicar práticas internacionais que aplicam o regime de metas e conseguem a estabilidade de preços com taxas de juros mais baixas pois atuam com títulos pré-fixados e, portanto, com maior eficiência. Além disso, ela destaca os desafios para o ano que vem.
“Combinado a esta reflexão sobre a política monetária, podemos também rever a estrutura de negociação de títulos da dívida pública brasileira, trazendo maior simetria nas negociações. Teremos um enorme desafio para 2024. O mundo muda com velocidade acelerada, o mercado mudou, nós mudamos com a pandemia e em política econômica continuamos atuando da mesma forma que fazíamos antes, com os mesmos debates, as mesmas práticas, os mesmos tempos. Precisamos nos adaptar e antecipar as transformações deste tempo.”, conclui.