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Nova cabeça, velhas ideias

Vicente Dattoli, Colunista, esportes, futebol, jornalista

Sinceridade? Na primeira convocação do novo treinador da seleção brasileira o que menos interessava era a relação de convocados. Tanto que quase não deram atenção ao possível vazamento dos nomes, ocorrido dois dias antes. A razão? O fato de, há algum tempo, os convocados são mais “parte de uma patota” do que, efetivamente, os melhores que estão por aí – e essa frase, “os melhores que estão por aí” não é depreciativa, não, mas apenas uma constatação do que ocorre no futebol globalizado atualmente.

Um acerto

Se não, como explicar alguns nomes que fazem parte da lista e que a maioria dos torcedores sequer conhece? E não estou falando de torcedores bissextos, falo dos que acompanham o dia a dia do futebol. Aliás, a “convocação” começou bem, com o anúncio de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, como chefe da delegação que irá realizar os amistosos contra Espanha e Inglaterra. Um gol do presidente da CBF, sem dúvida alguma – só que ela não pode entrar em campo para jogar, função que caberá aos jogadores chamados.

Resultado x trabalho

Acima de tudo, quando digo que a relação era o menos importante, fixo-me logo na primeira resposta que o novo treinador deu na coletiva. Questionado sobre a questão dos resultados, fez questão de afirmar que vivemos em busca deles. Visão oposta a de seu antecessor, o interino Fernando Diniz. Aliás, Diniz não se cansa de dizer que não é uma vitória ou uma derrota que irá determinar o valor de seu trabalho. Curiosamente, ele acabou demitido pela CBF. Porém, Fernando Diniz se trata do treinador que levou o futebol brasileiro a seus dois mais recentes títulos internacionais com o seu clube.

Promessa

Ao dizer que nenhuma reformulação pode ser feita de forma drástica ou radical, Dorival Junior começa a navegar no mesmo perigoso rio que marcou o início do trabalho de Tite para sua segunda Copa do Mundo. Prometendo renovar, mas não querendo (ou não podendo, quem há de saber) fazê-lo de forma radical (e necessária), acabou engolindo (e nos fazendo engolir) jogadores que sabidamente não poderiam mais estar na seleção brasileira. Dorival tem tempo para mudar isso. Resta saber se o fará.

Jardim de infância

Batendo e repisando a necessidade de o torcedor “se chegar” à seleção, voltar a envolver-se com os atletas que vestirem a amarelinha (que andam querendo mudar), o treinador da seleção brasileira fez um aviso quase infantil: que os não chamados não desistam, que continuem se esforçando etc e tal. Algo como comunicar a um condenado à morte que seu advogado está trabalhando, mas o júri e o magistrado estão atentos a tudo o que acontece – e não estão nem aí para a sua dedicação.

 

Vale a escrita: 24

A sorte está lançada. O ano de 2023, ao contrário, não foi perdido. Ou melhor, serviu para algumas constatações que, esperamos todos, não fiquem ignoradas pelo novo treinador e por sua comissão técnica. A Copa de 2026, nos Estados Unidos, México e Canadá, é logo ali. E nela completaremos 24 sem conquistar o título. O mesmo jejum que quebramos, em 1994, no Mundial dos Estados Unidos, quando um tal de Parreira era o treinador e Zagallo seu coordenador técnico

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