A Receita Federal do Brasil teve que revogar nesta quarta-feira o ato normativo que estendeu o monitoramento das transações via Pix aos bancos digitais, fintechs e instituições de pagamento. Tal atitude teve fundamento numa onda de notícias falsas, que confundiu a população, turbando a paz social. Na medida em que a opinião pública, contaminada pela mentira, aproximou-se de uma histeria coletiva em torno do assunto, o governo preferiu dar um passo atrás.
Importante destacar que a comunicação do governo do presidente Lula funciona muito mal. Consegue a proeza de alcançar níveis de confiança (assessoria versus jornalistas) mais insignificantes do que a do governo Jair Bolsonaro. Principalmente, no que se refere ao gerenciamento de crises, como a atual.
O derrotado que não perdeu
Para não passar a impressão de perdedor, o governo Lula preferiu justificar a revogação do monitoramento com o anúncio de uma medida provisória (MP) proibindo a cobrança diferenciada por transações em Pix e em dinheiro. Perdão, mas onde isso está, em tese, acontecendo no Brasil? Um país em que até os pedintes nas calçadas e semáforos aceitam Pix.
“Essa revogação se dá por dois motivos: tirar isso que tristemente virou uma arma nas mãos desses criminosos e inescrupulosos. A segunda razão é não prejudicar a tramitação do ato que será anunciado [a medida provisória]”, explicou Barreirinhas.
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Já Fernando Haddad, ministro da Fazenda, disse que a Medida Provisória, na verdade, reforça princípios já existentes em relação ao Pix. Sobretudo, esclarecendo pontos distorcidos por disseminadores de notícias falsas. Por exemplo, o sigilo bancário, a não cobrança de impostos nas transferências, além de garantir a gratuidade do Pix para pessoas físicas.
Em outras palavras, a MP se trata de um “elefante branco” na sala, pois se tudo isso já é lei, ela não serve pra nada. A não ser para tomar tempo de outros debates mais importantes.
Fernando Haddad fala ainda que, com a edição da MP, nenhum comerciante poderá cobrar preços diferentes entre pagamentos via Pix e em dinheiro. Prática que, segundo ele, começou a ser detectada nos últimos dias.
Mas sabem por quê? Evidentemente, por conta das notícias falsas e do debate público que a comunicação do governo não conseguiu rebater. Num país em que as pessoas são assaltadas nas ruas, quem quer andar com dinheiro? E qual comerciante quer receber em dinheiro e ter o trabalho de ir ao banco? Reconhecer a derrota ficaria “menos feio”.
Enfim, chegamos à conclusão de que a área econômica do governo não sabe falar a verdade ou então mente muito mal. Pois nada, rigorosamente, convence. Nem a mentira, tampouco a verdade.
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