Nesta terça-feira (19), a Sessão Plenária da Câmara Municipal de Niterói, mais uma vez, perdeu completamente o seu real objetivo – o de discutir, debater e legislar sobre temas de relevante interesse da sociedade – para uma balbúrdia injustificável. Em mais um episódio de tumulto envolvendo a vereadora Benny Briolly (Psol), restaram as imagens da desordem do dia. O fato se sobrepôs a qualquer pauta em debate na Casa, que deveria ser de leis e não de desrespeito ao contribuinte e ao parlamento.
Numa cidade em que centenas de pessoas estão morando nas ruas, urinando e evacuando em calçadas, ainda há quem se preocupe com a vestimenta de uma parlamentar. Este, em verdade, trata-se do ponto de partida da confusão. Na semana passada, dia 14, o cidadão Antônio Carlos de Almeida Souza, protocolou uma representação ao Conselho de Ética da Câmara contra a vereadora Benny Briolly. O motivo: a roupa utilizada pela parlamentar na Sessão do dia 13/9.
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A princípio, de acordo com as informações apuradas pela nossa reportagem, Antônio Carlos estaria na galeria do plenário. Lá, a equipe de Benny realizava filmagens da Sessão. O cidadão teria entendido que a equipe da parlamentar estaria lhe filmando, reagindo em contrário. Isso, gerou a reação da vereadora, que partiu em direção à galeria, tendo de ser contida por seguranças e colegas parlamentares para que a confusão não chegasse às vias de fato.
Segundo Benny Briolly, o regimento interno da Câmara Municipal de Niterói não aponta nenhum tipo de vestimenta aos parlamentares. Ela afirma que a sessão plenária de ontem chegou a ser encerrada após o que considerou como “hostilização”, em atos recorrentes de ameaças e agressões. Todavia, disse que, ontem, os “atos misóginos foram além”.
“Fui impedida ontem de sair, pois alguns homens tentaram me agredir. A sessão teve até que ser encerrada, tudo isso porque a Comissão de Ética da Casa recebeu uma denúncia falando da minha roupa. Eles querem proibir este corpo de estar atuando aqui dentro e para isso tentam me linchar. Mas não vamos desistir. Este corpo aqui fala e grita por um projeto de sociedade que é pela vida das mulheres”, desabafa Benny Briolly, que foi hostilizada e agredida verbalmente por apoiadores de vereadores bolsonaristas incentivados por um protesto contra a roupa dela usada no plenário, declarou.
Repercussão no parlamento
O vereador Leonardo Giordano (PcdoB), considerou inaceitável a hostilização à vereadora Benny Briolly, por conta das roupas que usa na sessão. Segundo o parlamentar, o fato sequer possui regulação pelo regimento interno.
“Isso evidencia o machismo e a lgbtifobia de alguns vereadores. A Câmara Municipal, a Casa do Povo, deve acolher a diversidade. Nosso mandato está ao lado dessa luta e por isso rechaça o ocorrido hoje. Toda a nossa solidariedade à vereadora Benny Briolly. Seremos, como sempre, resistência”, considerou.
Sobre o incidente de ontem, que culminou no encerramento da Sessão Plenária, o presidente da Câmara, Vereador Cal (Progressistas), disse o seguinte:
“Teremos uma reunião no colégio de líderes na segunda, com todos os vereadores, para verificar o tema.”
Já o Vereador Fabiano Gonçalves (Cidadania), disse que não estava no plenário, no momento da confusão. Contudo, lamentou o episódio.
Infelizmente, isso tem acontecido com uma frequência indesejável. Lamento muito! Acredito que precisamos exercitar a paciência! Nós estamos impacientes em todos os aspectos”, ponderou.
Representação
O documento contra o modo de vestir da vereadora Benny Briolly está protocolado na Câmara desde o dia 14, ao passo que a confusão se deu apenas na sessão desta semana – e dentro do plenário. Antônio Carlos de Almeida Souza, menciona que sua representação se referente à conduta da Vereadora Benny Briolly durante a Sessão Plenária do dia 13 de setembro de 2023.
“Minha preocupação se relaciona com o fato de que a vereadora uma roupa que considero inadequado e contraproducente para o ambiente oficial e respeitoso de uma sessão legislativa”, alegou Antônio Carlos, no preâmbulo do documento protocolado.
O cidadão disse ainda entender que as sessões plenárias são locais de debate sério discussão de questões importantes para a comunidade.
“É imperativo que vereadores e vereadoras se vistam de maneira condizente com a dignidade e seriedade deste ambiente. A vestimenta da vereadora Benny Briolly, durante a sessão em questão não apenas desrespeita essa seriedade, mas também prejudica a imagem da Câmara Municipal de Niterói como um todo”, argumentou.
Ainda no texto, Antônio Carlos diz que a representação “não tem a intenção de ser uma crítica pessoal à Vereadora, mas sim uma manifestação de preocupação com o respeito pela instituição que ela representa e com a manutenção da ordem e decoro durante as sessões plenárias”. Ele pede a investigação da questão. E a adoção de providências, nos termos do Regimento Interno e do Código de Ética.
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