Uma situação de infidelidade revelou até que ponto o ser humano é capaz de ir na forma de se relacionar com o semelhante. Tanto nos atos que pratica, bem como na hora de julgar o erro alheio. O centro da história se trata de um episódio de infidelidade uma mulher casada, que buscou aconselhamento com a jornalista e apresentadora de TV, Regina Volpato, através de seu canal no Youtube. Ela contou que seu amante trabalha nas Casas Bahia. E que ela fez o marido ir até a loja comprar uma TV com ele, para ajuda-lo a bater a meta do mês e assegurar o emprego.
O “dilema” gerou grande repercussão. E polêmica. As opiniões predominaram contra a atitude da mulher. Mas, como já dizia Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”.
Tatiane Macedo, por exemplo, classificou a mulher como “feliz”.
O maior medo dos homens é que a mulher aja justamente como eles agem e acham normal: minta e traia. Vai entender a hipocrisia!”, ponderou.
Sheila Oliveira, ao contrário de Tatiane, diz não conseguir ver graça em um relato desses.
De igual modo, ponderou Márcia Fróes:
Que tempos desvirtuados e indecentes vivemos. Escuto uma história desta e fico muito triste de ver a que ponto chegaram algumas mulheres e que caráter é artigo raro e de luxo hoje em dia. Não achei engraçado e sim uma demonstração de grande falta de caráter”.
A traição é a coisa mais baixa, cruel, pervertida e sórdida que uma pessoa pode fazer com outra pessoa. O preço pago por esse ato é muito alto lá na frente”, considera Admilson Silva Barbosa.
Números
Uma pesquisa revelou resultados espantosos com relação ao comportamento de brasileiros e brasileiras, quando o assunto se trata de traição e infidelidade. Os números mostraram que, apesar de amarmos, somos capazes de trair ao mesmo tempo. E mesmo que a infidelidade seja vista como algo natural por muitos, ainda existem consequências e arrependimento.
Sete em cada 10 brasileiros acreditam que é possível amar e ser infiel ao mesmo tempo. Essa chocante estatística é resultado de uma pesquisa realizada por um aplicativo de encontros, que ouviu a opinião de 460 mil pessoas em nosso país. Descobriu-se que oito em cada 10 indivíduos admitiram ter traído em relacionamentos monogâmicos, o que coloca o Brasil no topo do ranking da infidelidade na América Latina, deixando para trás países como Colômbia, México, Argentina e Chile.
Curiosamente, 62% dos brasileiros consideram a infidelidade algo natural, até certo ponto. E metade dos entrevistados afirmou que a traição é motivada principalmente por questões sexuais, como problemas na intimidade do casal, atração por outras pessoas e meras curiosidades. No entanto, também foi revelado que seis em cada 10 participantes se arrependem de terem traído seus parceiros.
Entretanto, quando se trata de julgamento social, as mulheres levam a pior. Nove em cada 10 pessoas acreditam que as mulheres são mais duramente criticadas ao cometerem uma traição. Além disso, impressionantes 99% dos entrevistados acreditam que os homens possuem maior segurança e liberdade sexual. Parece que ainda vivemos em uma sociedade que exige padrões diferentes para cada gênero.
Violência é injustificável
Primordialmente, em razão de as mulheres terem maior reprovação na hora do julgamento social, é que se deve levar em consideração o caso presente. Pois as consequências deste ato de infidelidade despertam preocupação, caso o marido descubra a verdade. Algumas opiniões que coletamos tornam esta situação muito preocupante. Segundo a internauta Lidiane Pereira, essas histórias nunca terminam bem. Geralmente, “na delegacia, no cemitério ou hospital”, diz.
O tom sobe com a crítica de Ângela Aparecida.
Seria justo ele descobrir e colocar essa mulher na rua com uma mão na frente e outra atrás pra ver se o amante vai assumir ela”.
E chega ao extremo injustificável da tragédia.
Até que um dia o marido descobre e passa no ‘Cidade Alerta’ que marido matou a esposa por traição e por fazer ele de trouxa. Isso não é saber viver, é ser mal caráter mesmo”, diz Alex Quirino, em mal agouro.
Especialista opina
Os pais, que deveriam ser os responsáveis por ensinar aos filhos os princípios éticos e morais que regem a sociedade, como o respeito, a responsabilidade, a empatia, os limites, entre outros, mostram, através de seus comportamentos e ações, que o que importa mesmo é se dar bem em quaisquer situações, não se importando com o próximo e nem mesmo com as consequências que podem recair sobre eles próprios”.
Sobre o caso da mulher que levou o marido para comprar uma TV para ajudar o amante a bater a meta, Olga diz que o fato é corriqueiro no cotidiano de muitas famílias hoje em dia.
O que se questiona aqui não é a infidelidade conjugal em si, mas os valores individuais que permeiam essa relação, o desrespeito dessa mulher em relação ao seu marido. Quais seriam os valores dessa mulher? Por que ela não respeita a fidelidade implícita no casamento e, mesmo assim, se mantém casada? Por que ela manipula seu marido para agradar seu amante? É ético levar vantagem, agradar o amante enganando seu marido e, ao mesmo tempo, ganhar uma nova televisão? Por outro lado, o que leva o amante a participar desse cenário grotesco? Seria o prazer machista de tirar vantagem sobre o marido dela?” – pondera.
Por fim, Olga também alerta para o pior: a descoberta da traição.
Em algum momento, o marido enganado vai descobrir essa traição. E o que vai acontecer em seguida? É certo que haverá muito sofrimento tanto para ele como para os filhos, conclui.