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Proteste de moradores contra blocos clandestinos em Santa Teresa. Foto: Divulgação.
Uma luta sem fim. De um lado, moradores de Santa Teresa, tradicional bairro da Região Central do Rio. Do outro foliões de blocos que, de acordo com quem mora na área, participam da folia sem a devida autorização. A consequência é o lixo espalhado pelas ruas do local.
O clima de carnaval já toma conta do Rio de Janeiro em diversos locais. Em Santa Teresa não é diferente. E no último domingo (16) diversos foliões passaram pelas ruas do bairro. O problema é que isso aconteceu apenas três dias depois de um protesto, que aconteceu na quinta-feira (13), feito por moradores contra os blocos clandestinos.
Diretora da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Teresa Cruz afirma que tais blocos se formam de maneira repentina.
“Esses blocos dos quais nos queixamos são estranhos à cultura local. Tomam de surpresa um bairro antigo e preservado sem a menor consideração com as relações sociais enraizadas no bairro. Formam-se repentinamente e deixam um rastro de lixo e maus tratos com os equipamentos públicos”, diz Teresa.
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Moradores de Santa Teresa protestaram contra blocos clandestinos. Foto: Divulgação/Amast.
Os blocos fazem trajetos imprevistos e impedem a circulação não apenas dos ônibus, bondes e carros particulares, como também os dos prestadores de serviços privados ou públicos como ambulâncias e Corpo de Bombeiros. Não há estrutura básica como banheiros públicos. As pessoas fazem suas necessidades fisiológicas nas ruas do bairro”, queixou-se.
Associação afirma apoiar blocos legalizados
Há 16 anos a AMAST trabalha de dezembro a março para garantir uma infraestrutura minima para os blocos de carnaval do bairro. Começamos a nos organizar dois anos antes da Prefeitura do Rio entrar no processo. O objetivo sempre foi o de harmonizar o nosso carnaval local com os direitos dos moradores. A prefeitura criou regras, obrigou os blocos a cumpri-las divulgou à revelia, explorou ao máximo os nossos grupos, trazendo multidões que nao previmos e não nos interessava,em uma disputa com outras cidades pelo “melhor carnaval”. Se a prefeitura tem regras para os blocos, tem que fiscalizar, controlar e impedir os blocos fora das regras, que são aqueles que não têm licença e não trazem nenhuma contribuição cultural, apenas a mesmice vulgar. Além disso, eles provocam grandes confusões na vida dos moradores e trabalhadores, e deixam sujeira e mau cheiro insuportáveis”, complementa Paulo Saad, presidente da Amast.
Lixo em praça e foliões urinando em frente às casas do bairro
Em outro vídeo, uma moradora reclama que a frente da residência virou banheiro para foliões.
Abaixo, há uma foto onde um ônibus não consegue seguir o trajeto por causa dos foliões. Os moradores denunciam que essa rua não consta no trajeto dos blocos oficialmente cadastrados.
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Quantidade de foliões impede passagem de ônibus por rua de Santa Teresa. Foto: Divulgação.
A reportagem procurou a Prefeitura do Rio por meio da Secretaria de Ordem Pública e da Riotur, que explicou, em nota, monitorar de forma continua “toda a cidade, para que os blocos que desfilam sem o cadastro efetivado não causem impactos no trânsito, na mobilidade urbana da cidade, na segurança e na limpeza”.
O comunicado segue informando que por causa do grande número de pessoas mas ruas, a Riotur “reforça a necessidade de que os blocos se regularizem para garantir um planejamento prévio afim de não gerar transtorno aos foliões e não foliões”.