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Moradora de São Gonçalo lança jogo sobre inclusão social para surdos

Um jovem gonçalense deseja conhecer os principais pontos turísticos da cidade do Rio de Janeiro. Mas, por ter surdez, precisa do apoio da acessibilidade para chegar aos locais que deseja usando o transporte público. Este é o tema do CultGamer, um jogo criado pela produtora cultural Tati Alvarenga. A proposta venceu o edital Paulo Gustavo por intermédio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, SECEC – RJ.

Assim como Ricardo Alvarenga, nome do personagem principal do jogo, Tatiane também mora em São Gonçalo, no Leste Fluminense, embora tenha nascido em Niterói. E a semelhança dos sobrenomes não é coincidência. A produtora cultural explica que o jovem é um “filho” por ter um espaço “muito importante” na própria vida. Por isso, Cadinho, como é carinhosamente chamado, se mostra como “um divisor de águas” na vida dela.

Tatiane Avlarenda

A produtora cultural Tati Alvarenga venceu o edital Paulo Gustavo com a ideia do jogo. Foto: acervo pessoal.

Outra semelhança entre a criadora e o personagem é o gosto pelos principais pontos turísticos e culturais da cidade do Rio. Por usar o transporte público para se deslocar de São Gonçalo até a capital fluminense, foi aí que ela começou a pensar na ideia do jogo.

‘O Cadinho reflete a minha realidade e os meus gostos pessoais. Transferi meu carinho, admiração e felicidade pelos aparelhos culturais que existem na cidade do Rio de Janeiro. Todos os espaços culturais demonstrados no game representam a minha realidade como frequentadora desses locais. Sempre fui ao Centro Cultural Banco do Brasil ver exposições, palestras e peças teatrais. Moro em São Gonçalo, na favela do México, e pego o 520 da Galo Branco para me locomover ao Centro do Rio. Uso o metrô e o Riocard. Então o jogo reflete muito sobre mim. Além disso, transmiti tudo para este personagem, que é o primeiro protagonista deficiente auditivo de um game do mundo. E ele é brasileiro e gonçalense, ao contrário de mim, pois embora também seja brasileira, nasci em Niterói “, explica aos risos.

Foto: Reprodução/CultGamer

Inspiração em grupo de igreja evangélica

Outro ponto que Tati pensou no desenvolvimento do jogo partiu de uma experiência pessoal. Integrante da Igreja Universal há duas décadas, ela aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ao participar das reuniões do grupo de evangelismo, que também faz parte da mesma igreja. Ao perceber a ausência de apoio que muitos surdos encontram para coisas básicas no cotidiano, Tati teve a ideia de abordar o tema da inclusão social para os deficientes auditivos.

“Quando criei o Cadinho me inspirei na minha realidade para criar enredo e cenário  do game motivado no Rio . Mas a figura do Cadinho foi inspirada no Hudson, um rapaz surdo de nascença que conheci no projeto Libras. Ele não faz ideia de como transformou meus pensamentos mais criativos sobre o Cadinho. Eu ainda fiz algumas aulas de Intérprete de Libras, através de curso gratuito oferecido pela Igreja Universal. É um sonho poder ser fluente nesta forma de comunicação, porém ainda não consegui evoluir, já que é difícil a adaptação para a linguagem de sinais. Apesar disso, quero estudar para ter fluência em libras”, afirma.

Cidadania por meio do jogo

Tati explica que crianças a partir dos 5 anos de idade já podem brincar com o CultGamer. Outro motivo que a produtora explica a escolha da cidade do Rio é intuito de divulgar aspectos positivos que a Cidade Maravilhosa tem.

Foto: Reprodução/CultGamer

“O propósito do jogo é mostrar uma cidade do Rio de Janeiro que não é só violência, troca de tiros, guerra às drogas e prostituição. Mas que também é cultura, conhecimento, belas paisagens, aparelhos culturais acessíveis e locomoção como foco”, salienta.

Outro ponto que o jogo tem é o propósito de levar o tema da inclusão de pessoas surdas para empresas que ainda não pensam nesta pauta. Além disso, Tati espera que pessoas ouvintes sejam mais empáticas com quem tem algum tipo de deficiência auditiva.

“O objetivo do jogo é dar visibilidade para os deficientes auditivos e pessoas com baixa acuidade visual e conscientizar empresas e pessoas a olharem para quem é diferente e pensar em soluções e até mesmo entretenimento onde estes seres humanos possam ser incluídos, Que eles tenham visibilidade, cidadania e dignidade. O grande foco do jogo é gerar empatia e estimular ações similares”, finalizou.

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