Lágrimas

Lágrimas | Alexandre Loureiro/COB

Quando vemos alguém chorar, a primeira impressão que temos é que a pessoa está triste.

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Quem viu a judoca Mayra Aguiar deixando o tatame de Paris, após a derrota para a italiana Alice Bellandi, cair em prantos e, de quebra, ainda pedir um abraço ao repórter da TV Globo, Marcelo Courrege, teria a certeza da frase que abre este texto.

Ali estava uma pessoa triste. Uma pessoa que admitiu, inclusive, ser a cobrança interna maior do que a externa. Uma pessoa que, depois de três conquistas olímpicas consecutivas (Mayra foi bronze em Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2021), era eliminada logo na primeira luta da sua nova caminhada.

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Sim… As lágrimas de Mayra eram de tristeza, como acreditamos serem sempre assim.

Só que, na madrugada, início da manhã, vimos Caio Bonfim chorar também, e muito, logo após cruzar a linha de chegada da marcha atlética de 20km.

Eram lágrimas, porém e felizmente, muito diferentes das derramadas por Mayra. Caio chorava de alegria – e raiva. Alegria por ter conquistado a medalha de prata; raiva por lembrar das inúmeras vezes que foi ironizado, xingado, humilhado, quando treinava nas ruas e estradas.

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Não custa lembrar que, na marcha atlética, o corredor compete como se estivesse gingando, rebolando diriam os mais preconceituosos. As lágrimas de Caio, medalha de prata, lavavam todas as ironias de anos e anos de dedicação.

E demonstravam uma imensa alegria. Um sonho estava sendo realizado.

Entre as lágrimas de dor de Mayra e as de felicidade de Caio, porém, uma coisa havia em comum: o desejo de ser melhor, de fazer melhor, de superar-se.

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É disso, efetivamente, que o esporte brasileiro necessita.

À tarde, na ginástica artística, só não tivemos mais lágrimas de alegria porque Rebeca Andrade não tinha nem como chorar. Certamente todas as suas energias ficaram nas barras assimétricas, no cavalo, no solo… Nas provas que a levaram ao segundo lugar, atrás da estadunidense Simone Biles.

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Talvez, em Rebeca, coubessem lágrimas de alegria e tristeza. Alegria porque ser medalha de prata numa Olimpíada é algo marcante; tristeza porque sua exibição não merecia perder o ouro pela diferença que os jurados apontaram.

A aqui, em Rebeca, teríamos também lágrimas de raiva.

Só que nossa ginasta queria, apenas, festejar.

E deixou para nós, torcedores, que acompanhamos à distância, o direito de chorar. De orgulho. Felizes por um Brasil que sabemos que pode dar certo.
Com muito suor, trabalho e lágrimas!

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