O “Dia Nacional do Surdo” em nosso pais é comemorado na data de 26 de setembro. A definição desta homenagem tem um motivo muito nobre: neste dia, em 1857, foi inaugurada a primeira escola para Surdos do país, originalmente chamada “Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro”, atual “INES-Instituto Nacional de Educação de Surdos”.
O instituto foi uma iniciativa do educador francês Ernest Huet, contratado pelo Imperador Dom Pedro II. Nascia a escola para surdos no Brasil, após ter sido fundado o Instituto dos Meninos Cegos, em 1854. Ernest trouxe consigo a expertise adquirida na França, onde recebeu uma educação especializada na Escola Nacional de Surdos de Paris.
O atual INES é considerado a primeira escola para surdos na América Latina e uma das mais antigas do mundo.
A instituição comemorou seus 167 anos de fundação com uma programação especial. Além do “IX Setembro Azul”, que aconteceu em dois turnos, o auditório principal do instituto recebeu o lançamento do documentário “O INES e você: Conte uma história”, produzido pelo Acervo Histórico da entidade. A abertura também contou com a presença e o pronunciamento de autoridades convidadas.
A audição é constituída por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno, onde essas ondas são transformadas em estímulos elétricos, e “encaminhadas” ao cérebro, órgão responsável pelo reconhecimento e pela identificação daquilo que ouvimos.
Surdez é a diminuição da capacidade de ouvir, sons e ruídos, levando-se em consideração os níveis definidos como “normais. Pode ser uma condição congênita, adquirida ao longo da vida ou súbita. Ela pode ser leve, moderada ou grave. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que pelo menos 800 milhões de pessoas, no mundo, possuem alguma perda auditiva.
Assim como outras deficiências as dificuldades e superações do cidadão surdo brasileiro são diversas. A Lei nº 10.436/2002 foi um marco para a comunidade surda no Brasil. Com a mesma a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) foi definida e reconhecida como meio legal de comunicação e expressão do surdo em território nacional.
Já há conquistas de direitos fundamentais. Contudo, mesmo ainda não sendo aplicadas como um todo, já representam avanços. Tais como a obrigatoriedade do ensino da Língua Brasileira de Sinais na formação de professores (o que ainda não é uma realidade no país, nem em todas as esferas públicas) e a Lei de Cotas para Deficientes, também não respeitada de modo amplo e universal, principalmente no ambiente profissional privado.
Cerca de 10 milhões de brasileiros, 5% da população total, apresenta alguma deficiência auditiva. E destes 5%, 2,7 milhões possuem surdez profunda. Idosos, a partir dos 60 anos, são a fatia da população mais afetada. Porém, o uso dos fones de ouvidos por crianças e adolescentes, nos últimos 20 anos, aumentaram consideravelmente a perda auditiva na faixa etária entre 5 e 18 anos.
A surdez pode ser causada por diversos fatores, como:
Traumatismos;
Predisposição genética;
Doenças que afetam o órgão auditivo;
Alguns medicamentos, como antibióticos;
Exposição prolongada a ruídos altos;
Envelhecimento natural;
Infecções por vírus ou bactérias;
Doenças cardíacas;
Diabetes;
Acidentes vasculares cerebrais;
A surdez pode se apresentar de modo a ser temporária, ou, permanente. No caso da surdez permanente, o paciente pode usar aparelhos auditivos que auxiliam ouvir melhor.
A surdez também é um tema cultural, pois os surdos têm uma identidade cultural própria e a língua de sinais é o principal elemento que os une.
Todas os recém nascidos devem ser submetidos ao “Teste da Orelhinha”. Este procedimento/exame é gratuito e obrigatório, por lei, desde 2010, em todo o território nacional brasileiro. O teste é realizado rapidamente, por meio de um aparelho colocado na orelha do bebê, durante o sono. Ainda na maternidade! Este exame é fundamental para identificar se o recém-nascido tem alguma deficiencia de audição. E nos casos comprovados inicia-se prontamente alguma investigação e melhor orientação aos pais e familiares.
E como pode ser feito o diagnóstico? Será o médico otorrinolaringologista quem vai avaliar a perda auditiva. O exame inicialmente indicado é chamado otoscopia (exame do ouvido). Nele poderão ser descartadas outras causas de perda de audição, tais como: a rolha de cera, o catarro atrás do tímpano, entre outros. O segundo exame indicado é uma audiometria que vai avaliar o tipo da perda. Com o resultado audiométrico será avaliada a necessidade de outros exames.
A produção das pesquisas, o desenvolvimento e a divulgação dos conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez no Brasil cabe ao Ines, órgão do Ministério da Educação.