Por André Freitas e Angélica Carvalho
Veículos de comunicação, de grande, média ou pequena abrangência, devem pautar-se por princípios editoriais. Independentemente de nosso tamanho, o FOLHA DO LESTE entende como necessário manifestar nosso repúdio à fala constrangedora e vilipendiosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabelecendo comparativos entre o Holocausto e a ação de Israel, em Gaza. Isso mesmo: Lula comparou a morte de palestinos por israelenses ao Holocausto.
Vergonhoso
Sem entrar no mérito da guerra milenar entre judeus e palestinos, a fala de Lula expõe o país a um desnecessário vexame internacional. Igualmente, constitui uma gratuita agressão a um povo, com uma importante comunidade constituída no Brasil. E, ainda, desrespeita a memória dos brasileiros mortos no ataque terrorista do Hamas, em 7 de outubro do ano passado, fato que deu início a toda essa guerra sanguinária.
Paz
Além disso, alertamos que a República do Brasil se rege pelos princípios da não-intervenção, solução pacifica dos conflitos, igualdade entre os Estados, defesa da paz, e prevalência dos direitos humanos, dentre outros.
Diante deste breve relato, observado o contexto histórico das mediações internacionais de conflitos, não podemos considerar que arrazoar um lado, em detrimento de outro, tenha como objetivo a consecução da paz.
Desumilde
Mas há algo ainda pior do que a hedionda e temerária declaração infeliz: a indolente persistência do não reconhecimento do erro, cuja absurdez tem fundamento em impropriedades que a história jamais há de amparar. Isso se revela na persistência de sua postura de não se retratar, dando uma gigantesca demonstração de pequenez.
O Brasil é maior
Contudo, Lula não pode, enquanto presidente, tornar seu ignóbil desatino boquirroto em opinião da Nação. E não resta outro modo de se demonstrar à comunidade internacional e ao próprio Lula que ninguém – nem ele próprio – pode se considerar maior do que o Brasil e do que o preconiza a nossa Constituição Federal.
Impeachment
Defendemos o Estado Democrático de Direito. Todavia, entendemos que a democracia, para sua subsistência plena, requer do chefe de qualquer poder a higidez necessária e fundamental ao cargo que exerce. Diante disso, não podemos ter outra posição senão a de entender que a conduta de Lula, enquanto presidente do Brasil, a nosso ver, comprometeu a neutralidade da República, na medida em que cometeu ato hostil contra nação estrangeira. Ao ponto, inclusive, de criar um perigo de guerra. Tais condutas podem fundamentar um pedido de impeachment de Lula.
Crueldade
O Holocausto se trata de um crime imensurável. Não somente pelo número de mortes que produziu através de sua política de perseguição racista, matando mais de 6 milhões de judeus. Também, pela forma como a dignidade de diversos seres humanos foi subtraída, mediante tortura psíquica – por meio da privação de bens e direitos – tal qual física, com trabalhos forçados, exposição à fome, experiências cruéis e morte em câmaras de gás.
Diante disso, não há que se permitir a banalização de tal conduta. Quanto mais quando tal ato parte de um Chefe de Estado. Por muito menos, o influencer Monark acabou vítima de um linchamento virtual, que teve como consequência para ele incontáveis prejuízos. Assim como Lula, ele apenas emitiu uma opinião. Porém, uma opinião que não encontra respaldo em nosso ordenamento jurídico.
Não temos lugar de fala
Ademais, o Brasil não tem moral para falar em genocídio. Basta olhar para a nossa história pretérita, e confrontar o que fizemos com a população do Paraguai, no século XIX. Pela cabeça de Solano Lopez, matamos todos os homens para, por fim, chegar ao ponto de lutar – e matar – mulheres e crianças. De igual forma, observemos o que fizemos com diversos povos africanos, durante 350 anos de escravidão de negros e pretos, sequestrados de suas terras, e traficados em navios negreiros, de modo muito semelhante ao que se fazia nos trens que levavam pessoas até então livres aos seus campos de concentração.
Se é para comparar com o Holocausto, façamos isto primeiro aqui. Olhemos para os nossos campos de concentração do passado – as senzalas. Ainda temos os seus legados, traduzidos nas favelas e moradias precárias – aos milhões. Vejamos as chibatas e capitães-do-mato como câmara de gás e polícia de repressão.
Pela ótica da etnia, bastava ser preto, negro, mulato, para ser escravo, tal qual, para o nazismo, bastava ser judeu para a subtração de toda sua dignidade e direitos da personalidade.
A consolidação do imenso território brasileiro se deu às custas do derramamento de muito sangue. Principalmente, de índios, negros e pretos. Também lutamos por nossas fronteiras e terras. E ainda temos muitos problemas territoriais para resolver dentro de nosso quintal, como o genocídio que ocorre diariamente nas comunidades carentes do Brasil.
Pelo Brasil. Peça desculpas
Diante de tudo isso, presidente Lula, retrate-se. Ou, então, sofra com o que há porvir. Democracia, não consiste apenas em uma palavra infiltrada num discurso político. Mas, acima de tudo, na verdadeira política que se pratica pelo povo, através do poder por ele outorgado, para benefício da coletividade.