Acontece AgoraCarnavalCarnaval 2025Entretenimento, Artes e CulturaLeste FluminenseNiterói

Fogo sagrado rumo ao bi: Viradouro brilha e consagra Malunguinho na Sapucaí

Fogo sagrado rumo ao bi: Viradouro brilha e consagra Malunguinho em seu desfile na Marquês de Sapucaí no Carnaval 2025| Marco Terranova/Riotur

Quando os primeiros acordes do samba-enredo da Viradouro ecoaram pela Sapucaí, o tempo pareceu dobrar os joelhos diante da grandiosidade que se desenhava. A vermelho e brando de Niterói não apenas desfilou: ela invocou o próprio Malunguinho – personagem do seu Enredo – para guiar sua jornada mística, incendiando de paixão e magia cada centímetro da passarela do samba.

Exu trunqueiro Malunguinho | Alex Ferro/Riotur

Com 3.000 componentes, a escola riscou o asfalto sagrado com cores vibrantes e brilho hipnotizante, transformando a noite em um ritual de consagração.

Três galos brancos se entrecruzam em igual quantidade de portais representando Mata, Jurema e Encruzilhada, na trindade de João Batista em ato de reparação ao seu legado - Marco Terranova-Riotur

Três galos brancos se entrecruzam em igual quantidade de portais, representando Mata, Jurema e Encruzilhada, na trindade de João Batista em ato de reparação ao seu legado | Marco Terranova/Riotur

O carnavalesco Tarcísio Zanon teceu sua obra-prima com esmero. Carros alegóricos de acabamento celestial e fantasias que mais pareciam feitas de sonho materializado fizeram do desfile um delírio coletivo.

Malunguinho bebe o vinho mágico com poderes curativos feitos com ervas da Jurema Sagrada e abre seus caminhos espirituais para as sete cidades encantadas - Alex Ferro-Riotur

Malunguinho bebe o vinho mágico com poderes curativos feitos com ervas da Jurema Sagrada e abre seus caminhos espirituais para as sete cidades encantadas | Alex Ferro/Riotur

As cores saltavam como faíscas de um fogo ancestral, dando vida ao enredo que exalta um personagem ocultado pelo tempo, mas jamais esquecido pelo povo. Principalmente, pelos pernambucanos da região do Catucá.

Devotos e devotas da Jurema vieram de Pernambuco e desfilaram atrás do último carro da Viradouro - Tata Barreto-RioTur

Devotos e devotas da Jurema vieram de Pernambuco e desfilaram atrás do último carro da Viradouro | Tata Barreto/Riotur

Na avenida, Malunguinho se fez presente em sua trindade: caboclo da mata, mestre juremeiro e guardião das encruzilhadas. Como num feitiço, ele dançou entre dimensões, encantando olhares e corações.

Comissão de Frente

Fumaça da mata do Catucá transforma Malunguinho em Mestre Juremeiro na Comissão de Frente da Viradouro - Marco Terranova-Riotur

Fumaça da mata do Catucá transforma Malunguinho em Mestre Juremeiro na Comissão de Frente da Viradouro | Marco Terranova/Riotur

A comissão de frente, coreografada por Priscila Mota e Rodrigo Neri, abriu caminhos com um balé encantado.

Viradouro com fogo do Exu Trunqueiro Malunguinho em sua Comissão de Frente no Carnaval 2025 - Tata Barreto-Riotur.jpg

Viradouro com fogo do Exu Trunqueiro Malunguinho em sua Comissão de Frente no Carnaval 2025 | Tata Barreto/Riotur

No elemento alegórico “Veredas de Malunguinho”, a narrativa tomava forma: o caboclo tombava, ressurgia em fumaça e, por fim, explodia em fogo como Exu trunqueiro, castigando o opressor em um julgamento ardente e irrevogável. Chapéus de palha cortavam os ares como mensagens dos ancestrais, ecoando sobre a plateia em delírio.

Chapéus voadores da Comissão de Frente da Viradouro, que incendiou a Sapucaí no Carnaval 2025 - Tata Barreto-Riotur.jpg

Chapéus voadores da Comissão de Frente da Viradouro, que incendiou a Sapucaí no Carnaval 2025 | Tata Barreto/Riotur

Pavilhão de Xangô

No centro da tempestade cultural, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho Nascimento e Rute Alves, girava como ventos divinos. Dentro do Terreiro Viradouro, eles encarnavam a força de Xangô, rei do fogo e da justiça.

Julinho e Rute, casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos do Viradouro no Carnaval 2025 - Alex Ferro-Riotur

Julinho e Rute, casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos do Viradouro no Carnaval 2025 | Alex Ferro/Riotur

A dança se transformava em prece, um tributo em movimento ao último Malunguinho, sincretizado no orixá de trovão. Cada passo trazia a bênção da tradição, reverenciando o pavilhão rubro e branco com elegância e bravura.

Furacão Vermelho e Branco

Mestre Ciça, em seu 37º Carnaval, como Líder do  Caboclo, comanda os tambores sagrados nos ritos de preparação para as lutas do Catucá

Mestre Ciça, em seu 37º Carnaval, como Líder do  Caboclo, comanda os tambores sagrados nos ritos de preparação para as lutas do Catucá | Tata Barreto/Riotur

A bateria de Mestre Ciça, cadenciada como nunca, serviu de trilha para essa epopeia contemporânea.

Rainha de Bateria Érika Januza, grande ave do Catucá, à espreita para ajudar Malunguinho na defesa dos refugiados da Mata | Tata Barreto

Rainha de Bateria Érika Januza, grande ave do Catucá, à espreita para ajudar Malunguinho na defesa dos refugiados da Mata | Tata Barreto

O samba, sincopado e hipnotizante, encontrou eco na voz da comunidade, que cantou como quem chama por guias espirituais.

 Nas Vereadas da Encruza, Malunguinho, o Exu que abre as portas do cativeiro e fecha o corpo de seus devotos - Alex Ferro

Nas Vereadas da Encruza, Malunguinho, o Exu que abre as portas do cativeiro e fecha o corpo de seus devotos | Alex Ferro/Riotur

Em 77 minutos, a Viradouro escreveu história e acendeu o fogo da esperança: o bicampeonato já arde no horizonte.

Malunguinho, o Rei da Mata que Mata Quem Mata o Brasil - Alex Ferro

Malunguinho, o Rei da Mata que Mata Quem Mata o Brasil, encerra o desfile da Viradouro | Alex Ferro/Riotur

 

Você também pode gostar

Deixar uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *