Flavio Alves Serafini, atual deputado estadual pelo Psol no Rio de Janeiro, é nascido em Niterói. Desde os primeiros passos na política, ainda aos 16 anos, tem uma jornada que se entrelaça com o movimento social e as demandas por uma Niterói mais justa. Foi estudante e ativista na Universidade Federal Fluminense. Tem sua história marcada pela luta em prol de causas como direitos humanos, educação e meio ambiente.
Além das atividades políticas, Serafini é sociólogo e professor da Fundação Oswaldo Cruz. Ao Folha do Leste, Flavio reviveu suas memórias de uma Niterói antiga e saudosa, contando o que sente mais falta em sua infância.
“Quando eu penso nas minhas memórias mais remotas, na minha infância, vem à minha cabeça catar tatuí na praia de Icaraí, soltar pipa, as brincadeiras que a gente sempre teve vivenciando a cidade. Acho que Niterói tem essa característica de ter sido uma capital do estado, uma cidade muito urbana, mas, ao mesmo tempo, nos propiciar um pouco da sensação de tranquilidade. Então eu me lembro dessas brincadeiras na rua, na praia, nos espaços públicos”.
Vida política
Em sua trajetória política, a partir de 2007, com a fundação do Psol em Niterói, Serafini consolidou sua posição como uma das principais lideranças do partido na cidade. Presidiu a sigla em duas gestões (2008–2010 e 2012–2014). Sua primeira candidatura à Prefeitura da cidade foi em 2012 e, mesmo sem vencer, obteve uma expressiva votação de 49.490 votos (18,5% dos válidos), conquistando o terceiro lugar na disputa. Flavio ainda tentou por outras duas vezes se eleger como prefeito, em 2016 e 2020.
Ao ser questionado sobre o que Niterói mais perdeu ao longo dos anos, o deputado deixou claro que a cidade precisa se reinventar.
“Eu acho que talvez mais do que a sensação de perdas na cidade, a sensação que eu tenho é de falta de renovações. Niterói é uma cidade que tem uma história que, de alguma forma, nos privilegia. Nos últimos anos, em especial, passou a contar com uma receita de royalties, participações especiais muito grandes, mas não tem conseguido fazer com que isso se transforme em algo renovador. Então, na verdade, eu acho que o que Niterói mais perdeu nesses últimos anos foram oportunidades de se reinventar, de fato”.
Em 2014, Serafini deu um passo mais significativo, sendo eleito deputado estadual com 16.117 votos. Em 2022, foi reeleito deputado estadual, com 71.258 votos, desta vez consolidando-se como uma das maiores lideranças do Psol no Estado do Rio. Nessas eleições, esteve constantemente em Niterói ao lado da candidata de seu partido à Prefeitura, a deputada federal Talíria Petrone. Ela ficou em terceiro lugar, trazendo assim preocupações em relação ao futuro da cidade.
“Em Niterói a extrema-direita teve uma candidatura mais forte. Isso, obviamente, acende um sinal de preocupação. Eles chegaram perto, passaram dos 40%, então a gente não pode deixar que ganhem terreno”, destacou o parlamentar.
Ainda sobre Talíria, Serafini aponta que a correligionária tem conseguido inibir as forças de direita. O deputado trata a questão como um desafio. Ele enfatizou que a candidatura de Talíria em Niterói teve como objetivo mostrar à população que ela pode viver melhor com um projeto baseado no enfrentamento das desigualdades, no respeito à diversidade que existe na sociedade.
“A extrema-direita vem em uma linha de um ultraliberalismo que é quase um salve-se quem puder, que só consegue mobilizar uma parte da população. A esquerda tem que mostrar que a saída é coletiva, que se não houver um enfrentamento das desigualdades, garantia de políticas públicas, o que a gente vai ver é um aprofundamento da barbárie”, concluiu Serafini.