Após reunião com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, no Palácio Guanabara, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que as ações de reforço na segurança pública do Rio vão priorizar a efetividade e não “ações espetaculosas”. A Força Nacional de Segurança e a PRF vão começar a patrulhar as rodovias do estado nesta terça-feira. Segundo o ministro, os trabalhos conjuntos vão prezar tanto pelo investimento na inteligência quanto no emprego planejado da força.
“Infelizmente há pessoas que entendem isso de modo errado, mas o que está em curso é uma compactuação em busca do uso comedido da força. Essa é uma questão fundamental para legitimar a continuidade da ação. Às vezes, você faz uma ação espetaculosa, que toma as manchetes, e depois não há condição de prosseguir. E os resultados acabam sendo duramente questionados pela sociedade. Nosso objetivo são as ações que conjugam força e inteligência. Não há contradição entre uma coisa e outra”, afirmou Dino.
A ação prevê que 300 agentes estejam em campo, sendo que 150 já estão no Rio. Inicialmente, estava previsto que as forças federais ajudariam as polícias do Rio a cumprirem mandados de prisão no Complexo da Maré, na capital fluminense. Mas, com questionamentos do Ministério Público Federal (MPF), de que seria obrigatório o uso de câmeras em ações do tipo, o governo decidiu concentrar as forças federais apenas nas rodovias federais, portos e aeroportos.
O governador Cláudio Castro criticou a atuação do MPF. Além disso, afirmou que o posicionamento do órgão poderia ter prejudicado as ações de reforço na segurança do estado.
Eu acho triste, porque é um ente que deveria estar ajudando. Nós temos agora que empregar todas as forças para resolver. Temos que respeitar os órgãos públicos de controle, mesmo fazendo a crítica de que eles têm que ajudar, não atrapalhar. Para atrapalhar tem muita gente já. Mas digo, não há prejuízo nenhum para a operação. Não tenho dúvida de que esse reforço das estradas federais foi até uma solução melhor do que a ideia inicial”, disse Castro.
Especialista analisa
Para o especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna, toda operação conjunta é válida para apoiar a segurança pública estadual. Todavia, não é “razoável” querer ter efetividade à beira dos 4 anos de vigência da ação que impede operacionalizar, de maneira apropriada, a atividade policial nas comunidades do Rio de Janeiro.
“Mesmo não sendo o desejo do Ministério da Justiça, os resultados não virão e os efeitos não serão perenes e de todo positivos. Historicamente, as operações da Força Nacional, que tem operadores policiais muito experientes e que agem com excelência, não duram o tempo necessário que o estado do rio de janeiro precisará”, analisa.
Para Sant’Anna, o Rio de Janeiro precisa de muito mais apoio.
“A quantidade de profissionais disponibilizados só surtiria efeito, com um volume de tecnologia que essa tropa infelizmente ainda não dispõe. E falo de drones de longa autonomia, equipamentos básicos de visão noturna, viaturas blindadas, acessórios de última geração nos armamentos, etc”, explica o especialista que lembra ainda que, caso não haja mais empenho, o efeito deve ser temporário, diante das condições atingidas pelo crime organizado no Estado.
“Na melhor das hipóteses, estarão face a um abalo na credibilidade da Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal, diante de possíveis efeitos colaterais que são previsíveis quando uma força pública é destinada a uma tarefa crítica como essa, sem que lhes sejam oferecidos requisitos especiais que sem dúvidas necessitam”, alerta Sant’Anna.