
Esculturas gigantes provocam reflexão sobre tecnologia nas ruas de Niterói | Divulgação/Ari Kaye
A partir de 14 de junho, a paisagem urbana de Niterói vai ganhar novos contornos com a chegada da exposição “Primórdios Digitais”, do artista visual Beto Gatti. A iniciativa da Prefeitura de Niterói leva para as ruas cinco esculturas monumentais que prometem surpreender quem vive ou visita a cidade.
Com até dois metros de altura, as obras misturam humor, provocação e crítica social, ao retratar primatas com corpos humanos manipulando celulares, câmeras e óculos de realidade virtual. A proposta é clara: chamar atenção para o impacto da tecnologia nas relações humanas.
Em um primeiro momento, as esculturas ocuparão o pátio do Museu de Arte Contemporânea (MAC) entre os dias 14 e 30 de junho. Em seguida, elas serão redistribuídas por locais de grande circulação: Praça Arariboia, Praia de Icaraí (em frente à UFF), Praça do Rádio Amador (São Francisco) e Parque da Cidade.
Segundo o artista, o objetivo é transformar o espaço urbano em um ponto de pausa e reconexão.
“É um privilégio trazer instalações públicas para o cotidiano da cidade. Acredito na arte como forma de criar pausas, momentos de contato, de presença real. Quero que as pessoas se permitam esse instante de reflexão sobre o paradoxo entre o real e o virtual. As esculturas são convites silenciosos para voltarmos a sentir, observar e simplesmente estar”, afirma Beto Gatti.
Além da exposição, no dia 25 de junho, às 19h, o MAC sediará um talk show aberto ao público com a presença do artista e mediação da primeira-dama, Fernanda Sixel Neves.
Foi justamente ela quem trouxe a ideia da intervenção para a cidade, após se emocionar ao ver uma das esculturas no Aeroporto Internacional do Rio:
“A arte tem o poder de provocar diferentes reações. Ao me deparar com a obra “Saudade”, do artista Beto Gatti, no Aeroporto Internacional do Rio, fiquei completamente impactada. A ideia de um abraço — algo potente e afetuoso — atravessado pelas telas dos celulares, nos leva a refletir sobre o paradoxo entre a ausência física e a presença digital. O quanto estamos verdadeiramente conectados a nós mesmos, ao outro e ao mundo? Trazer essas obras para Niterói, inicialmente no MAC e depois nas ruas, em contato direto com a população, será uma oportunidade para que mais pessoas vivenciem essa experiência pessoal e, ao mesmo tempo, coletiva”, reforçou Fernanda Sixel Neves.
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O prefeito Rodrigo Neves também celebrou a ação como parte da consolidação de Niterói como polo cultural:
“Niterói tem se consolidado como um dos grandes polos culturais do país, reconhecido dentro e fora do Brasil. Somos referência em arte, arquitetura, investimentos em cultura e espaços culturais. É motivo de orgulho receber uma intervenção urbana de um artista do porte de Beto Gatti, com obras que provocam reflexão e dialogam com temas atuais. A arte nas ruas é mais do que democratizar o acesso: é transformar a cidade em um espaço vivo de cultura, de encontro e de pensamento. Queremos que iniciativas como essa contribuam para reforçar a sensibilidade e a consciência coletiva para a construção de um futuro melhor”, afirmou o prefeito Rodrigo Neves.
Embora use tecnologia de ponta no processo criativo, Beto Gatti recorre a materiais ancestrais, como o bronze, para dar forma às esculturas. O contraste entre o antigo e o contemporâneo ecoa o próprio paradoxo que ele expõe: o real versus o virtual.
As obras pertencem a coleções particulares e foram cedidas para esta ação inédita em Niterói. Cada escultura trará uma placa informativa e um QR Code para que o público possa, ironicamente, usar o celular e descobrir mais sobre o processo criativo por trás da crítica.