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Ex-ajudante de Jair Bolsonaro volta a ser ouvido pela Polícia Federal

Jair Bolsonaro e Mauro Cid| Reprodução Redes Sociais

A próxima terça-feira (19) marca mais um capítulo da investigação que envolve Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid será ouvido novamente pela Polícia Federal (PF), em um depoimento que promete trazer novas revelações. O motivo dessa nova oitiva? A recuperação de arquivos digitais, até então excluídos, de seus dispositivos móveis. Arquivos esses que podem revelar detalhes cruciais sobre as investigações em que o tenente-coronel se encontra envolvido, desde o caso das vacinas falsas até os esquemas de joias vinculados ao governo anterior.

O jogo da delação premiada

Mauro Cid foi preso em maio de 2023, sob a acusação de envolvimento em um esquema de falsificação de dados de vacinação no Ministério da Saúde. O escândalo, que inclui o uso de documentos fraudulentos para Bolsonaro e seus aliados, tornou-se um dos maiores emaranhados de corrupção envolvendo o ex-presidente.

Após a prisão, Cid optou por colaborar com a justiça, firmando um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Em troca da colaboração, o ex-ajudante de ordens foi solto quatro meses depois. Contudo, em março de 2024, a situação voltou a se complicar. Foram publicados áudios vazados em que Cid alegava ter sido pressionado pela PF durante o depoimento inicial.

O impacto desses vazamentos foi imediato. Mesmo com a alegação de pressão, a delação premiada de Cid permaneceu válida e ele foi novamente libertado, desta vez por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A liberdade condicional, no entanto, não aliviou as tensões em torno da investigação, que se estende para outros episódios envolvendo o governo Bolsonaro, como o esquema das joias e as alegações de um golpe político orquestrado por membros do alto escalão do governo.

A recuperação dos arquivos e o futuro da delação

Agora, com a recuperação de novos arquivos digitais – que haviam sido apagados dos dispositivos de Cid –, o cenário se torna ainda mais incerto. A Polícia Federal tem se aprofundado nas investigações e a expectativa é que esses dados possam fornecer provas substanciais sobre os crimes que envolvem não apenas o ex-ajudante de ordens, mas também figuras proeminentes do governo Bolsonaro.

O impacto dessa descoberta pode ser tão grande que, até mesmo, o acordo de delação premiada de Cid pode ser reavaliado pela justiça, caso a colaboração do ex-ajudante seja considerada insuficiente ou irregular. Seu advogado, entretanto, demonstrou confiança. Em entrevista à Agência Brasil, o defensor de Cid afirmou que não há “nenhuma preocupação” com a reavaliação do acordo de delação. Disse também que a defesa acredita firmemente que o pacto seguirá em vigor.

A postura da defesa parece ter sido uma tentativa de suavizar as especulações sobre uma possível revisão das condições do acordo. O que, para muitos analistas, poderia desencadear uma série de consequências imprevisíveis para a continuidade da colaboração de Cid.

Investigações paralelas: as joias e o golpe

Além da questão das vacinas, Mauro Cid também está sendo investigado em outros processos. Alguns deles diretamente ligados a escândalos que marcaram o governo de Jair Bolsonaro. O caso das joias – que envolvem o suposto desvio de presentes recebidos por Bolsonaro e sua família – segue sendo um dos pontos centrais da investigação. Cid, em sua posição de ajudante de ordens, teria atuado como intermediário em diversos desses processos. O que coloca seu depoimento em um local estratégico para elucidar as circunstâncias em torno da venda e do destino desses itens valiosos.

Outro ponto crucial é o inquérito que investiga o envolvimento de membros do governo Bolsonaro em um suposto golpe para contestar os resultados das eleições presidenciais de 2022. A delação de Cid poderia fornecer detalhes essenciais sobre os bastidores desse movimento, incluindo nomes, estratégias e a participação de figuras chave. Por ora, ainda não está claro até onde essas novas informações poderão chegar.

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