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Estudo projeta aumento do empreendedorismo feminino em três anos

Foto: Pixabay.

Considerado o mês da mulher, março está próximo do fim. Mas isso não significa que o fim das lutas pelas causas em favor a elas. Ao contrário, é preciso sempre reforçar a importância feminina, principalmente no mercado de trabalho. Isso porque um estudo revelou que elas serão a maioria entre os futuros empreendedores em três anos.

A pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo 2023 (GEM) revelou que 54,6% dos brasileiros que pretendem empreender nos próximos três anos são mulheres. Além disso, o crescimento da presença feminina em cargos de liderança já é uma realidade. Isso porque, de acordo com a Forbes, elas ocupam 38% das posições de chefia e são mais bem avaliadas por suas equipes.

Pedagoga e mentora de carreira Fernanda Paiva celebra as pesquisas, mas que ainda existes discrepância no tratamento à mulher tanto no mercado de trabalho quanto no mundo dos negócios.

Embora os números sejam positivos, o avanço da liderança feminina ainda acontece de forma desigual. O acesso a oportunidades varia de acordo com fatores como raça, classe social e maternidade. Mulheres negras, por exemplo, ainda enfrentam maiores barreiras no mercado de trabalho, sendo sub-representadas em cargos de liderança e mais suscetíveis à informalidade e à falta de reconhecimento. Além disso, a conciliação entre carreira e maternidade segue sendo um desafio significativo, já que o cuidado com os filhos e a casa ainda recai majoritariamente sobre as mulheres”, afirma Fernanda.

Foto: Divulgação

Ela, que desenvolve um trabalho focado em mulheres, principalmente em mães, ressalta que, ao longo das últimas décadas, a presença feminina no mundo profissional se fortaleceu. O aumento da escolarização, a luta por direitos trabalhistas e a valorização de habilidades como inteligência emocional e liderança colaborativa foram alguns dos fatores que impulsionaram essa mudança. No entanto, a estrutura do mercado de trabalho ainda carrega desigualdades históricas, e o crescimento da liderança feminina não significa o fim destas barreiras.

As dificuldades vão desde o preconceito e a falta de oportunidades até as jornadas duplas e triplas que muitas mulheres enfrentam. Para algumas, ascender profissionalmente significa precisar lidar com um ambiente de trabalho que ainda questiona sua competência. Para outras, o desafio maior pode estar na conciliação entre carreira e vida pessoal, especialmente quando não há uma rede de apoio estruturada. O fato é que o caminho para a liderança não é o mesmo para todas, e ignorar essas diferenças é negligenciar a realidade de milhares de mulheres”, afirma a pedagoga.

Luta contra quem resiste à ascensão feminina

Embora a presença feminina na liderança esteja crescendo, a resistência ainda existe. Muitas vezes, as barreiras não são apenas estruturais, mas também culturais, manifestando-se em vieses inconscientes, menor reconhecimento e questionamentos sobre a capacidade de gestão das mulheres — especialmente quando são mães, negras ou pertencem a grupos historicamente menos privilegiados.

No Carnaval, por exemplo, as mulheres têm conquistado posições de destaque no comando de escolas de samba, alas e baterias. Isso porque duas das principais agremiações famosas no Brasil contam com mulheres no comando. São os casos Guanayra Firmino, da Mangueira (Rio de Janeiro), e Solange Cruz, da Mocidade Alegre, de São Paulo. Ambas comandam as respectivas escolas.

“O reconhecimento de sua competência ainda enfrenta desafios, mas mostra como a presença feminina tem transformado espaços antes dominados por homens”, diz Fernanda.

A ascensão das mulheres no mercado de trabalho e no empreendedorismo é um avanço inegável, mas que precisa ter uma análise com olhar crítico. O crescimento numérico da liderança feminina não pode mascarar as desigualdades que ainda persistem. É fundamental que as discussões sobre esse tema considerem as diferentes experiências e desafios enfrentados por mulheres de diferentes origens, raças e contextos socioeconômicos.

Se o futuro da liderança é feminino, ele precisa ser, acima de tudo, diverso, acessível e equitativo. E isso exige mudanças que vão além do esforço individual das mulheres para ‘chegar lá’. Isto é uma demanda uma transformação estrutural no mercado de trabalho, na cultura corporativa e nas políticas públicas para garantir que nenhuma mulher precise escolher entre sua carreira e sua vida pessoal, ou entre seu talento e sua identidade”, conclui Fernanda Paiva.

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