Estado do Rio de Janeiro

Estado do Rio tem agronegócio de maconha

Estado do Rio tem agronegócio de maconha

Foto: Divulgação

No pitoresco município de Cachoeiras de Macacu, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, uma serena igrejinha abandonada revelou um segredo sombrio dentro de suas paredes. Sob lâmpadas potentes e ventilado por aparelhos de ar-condicionado, dezenas de pés de maconha crescem vigorosamente. Uma operação da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) desvendou esse caso, que expõe um crime em ascensão: o cultivo em escala da Cannabis sativa, com o uso de estufas e equipamentos para maximizar o crescimento das plantas.

Essa nova modalidade de crime tem atraído traficantes de classe média, que buscam proteção de criminosos armados em favelas para realizar esse tipo de operação. No entanto, a proteção tem um preço: parte do lucro da venda, ou até mesmo da própria droga, acaba indo parar nas mãos dos bandidos, segundo investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil.

Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que, nos últimos cinco anos, foram realizadas 2.252 apreensões de pés de maconha no estado do Rio de Janeiro. Nessas operações, foram confiscados 754 quilos de pés de maconha e outras 1.104 unidades. A média foi de mais de uma apreensão por dia, entre 2018 e maio de 2023.

Investigações da Polícia Civil revelam que o negócio de produção de maconha em estufas está em constante diversificação, conquistando novos territórios e uma clientela fiel disposta a pagar cerca de R$ 50 mil pelo quilo da droga, enquanto nas favelas o preço é de R$ 1,5 mil. A procura por espaços em comunidades é uma forma de evitar locais onde a produção seria facilmente descoberta, como em bairros de classe média, onde vizinhos poderiam denunciar o cheiro e a movimentação suspeita.

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Montar uma estufa de maconha não é um empreendimento para amadores. Em Olaria, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, a Polícia Civil descobriu em 2021 uma estufa de dois andares que custou cerca de R$ 150 mil. A estrutura contava com mais de dez aparelhos de ar-condicionado, controladores de umidade, filtros de ar e paredes revestidas com proteção térmica.

Apesar do alto investimento inicial, o retorno financeiro é rápido. Em questão de três ou quatro meses, os traficantes conseguem faturar em torno de R$ 400 mil após a primeira produção. A droga produzida em estufas é considerada de alta qualidade e tem elevado valor de mercado. É procurada por indivíduos de classe média alta, com bom poder aquisitivo, que desejam uma maconha com maior concentração de THC e sem o envolvimento com o tráfico armado.

No ano passado, em setembro, a equipe da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) encontrou uma plantação de maconha em um condomínio de luxo em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói. Durante a ação, além dos pés de maconha, foram apreendidas também outras drogas, como ecstasy, LSD, haxixe, remédios controlados e anabolizantes. Um maquinário usado para produzir haxixe a partir da extração de óleo de maconha também foi confiscado.

Os presos envolvidos nessas plantações têm chamado a atenção dos investigadores. Eles se denominam cultivadores e empresários, e não enxergam suas ações como crimes. Alegam ajudar a polícia ao retirar viciados das ruas.

 

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