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Douglas Gomes: o vereador mais votado da história de Niterói

Douglas Gomes: o vereador mais votado da história de Niterói

Douglas Gomes: o vereador mais votado da história de Niterói | Reprodução

Na eleição municipal de 2024, Douglas Gomes (PL) registrou seu nome na história de Niterói ao se tornar o vereador mais votado de todos os tempos, com impressionantes 16.369 votos. Conservador declarado, ele trilha um caminho de crescimento político desde 2020, quando conquistou seu primeiro mandato com 2.496 votos. Em quatro anos, Douglas Gomes viu seu capital político se multiplicar, principalmente por conta de sua posição na trincheira da oposição, e discursando para pessoas que não só pensam como ele, mas também se veem representadas pelo que ele defende.

Em entrevista exclusiva ao FOLHA DO LESTE, sobretudo pelo transcurso dos 451 anos do aniversário de Niterói, o recordista de votos fala sobre sua vida, conta que “a ficha ainda não caiu” e mostra o que existe além da figura política.

“Esse resultado pegou todos nós de surpresa. A gente esperava um bom resultado, até pelo trabalho que nós estamos fazendo e também pelo recall da eleição para deputado estadual em 2022, quando fui muito bem votado aqui em Niterói, mas 16.369 votos, pegou a todos nós de surpresa”, revelou Douglas.

Douglas cresceu na Favela do Sabão, região central de Niterói. Perdeu a mãe aos 10 anos, mas atribui ao pai e à madrasta – sua segunda mãe – o alicerce de sua vida, juntamente com suas irmãs. Ele considera que sua criação numa família estruturada e na “rédea curta” teve papel fundamental para que o seu destino não fosse semelhante ao de muitos amigos que ingressaram na criminalidade e perderam suas vidas. Em contrapartida, reconheceu que, para muitos, era difícil resistir à sedução de ter dinheiro no bolso e poder usar cordão de ouro, tênis maneiro e roupas da moda.

Apesar das condições de vulnerabilidade da vida que a família levava na comunidade, Douglas conta que ninguém o assediava para ingressar no mundo do crime. Também fala que havia um grande respeito pela figura de seu pai, Adão. Relata ainda que, dentro do possível, levava uma vida normal. Gostava de jogar futebol, apesar de se definir como “ruim de bola”.

“Você ali tem um ambiente muito propício a ter como exemplo o cara que tem dinheiro no bolso, tá com a melhor moto, o melhor carro, a melhor menina – a mais bonita, e acaba sendo iludido achando que aquilo ali é uma vida fácil. Só que essas pessoas que estavam com tudo isso naquela época, não tão aqui para contar história. Então, tem prazo de validade. Hoje, estou aqui com 34 anos, mas muitos se perderam com 19, 18, 17 anos”, conta.

Um adolescente que não tinha interesse por política

Como boa parte dos jovens desinteressados pela política, Douglas Gomes não votou antes dos 18 anos, apesar de ter tirado título de eleitor. A primeira eleição que contou com a participação do Douglas eleitor, ocorreu em 2008. Mas ele não sabe precisar em quem votou para prefeito, mas afirma, com orgulho, a quem deu seu primeiro voto para vereador: Dr. Paulo Velasco. Inclusive, seu primeiro emprego na vida veio por intermédio do Dr. Paulo Velasco, atualmente seu colega de parlamento.

“Ele realizava um trabalho incrível na minha igreja, na Catedral Metodista de Niterói, há 20, 25 anos, ele fazia atendimento gratuito, principalmente pra moradores da comunidade do Sabão. Pediu o meu currículo e conseguiu um emprego pra mim como jovem aprendiz. Imediatamente, quando eu saí do jovem aprendiz, eu fui contratado por uma empresa de ônibus, onde eu trabalhei por sete anos”, recorda.

O interesse pela política surgiu somente entre 2013 e 2014, quando Douglas morou em São Paulo, em razão do seu trabalho. Ele participou da onda de protestos contra a presidente Dilma Rousseff e ao PT. Disse que mal sabia, naquele tempo, o que era direita e esquerda. Todavia, ressaltou ter sido criado por uma família conservadora. Quando retornou a Niterói no final desse período, o jovem que jamais havia se interessado por política já estava engajado com o bolsonarismo.

“Em 2016, eu estava filiado ao PSC, partido do Bolsonaro na época, então ajudei a coordenar a juventude do PSC”, menciona, complementando ainda que parte da população buscava por alguém que falasse aquilo que ela pensava, mas não tinha coragem de falar, ou, às vezes, simplesmente não falava para não se comprometer”, comentou.

Douglas se dedicou de forma ativa junto a movimentos conservadores e de direita, inclusive na eleição presidencial de Bolsonaro, em 2018.

“A partir do momento que eu comecei a falar sobre política, as pessoas começaram a dizer que eu seria candidato”, disse Douglas.

O político construiu sua primeira eleição de vereador, em 2020, na pandemia da Covid-19, organizando atos de protesto e manifestações contra as medidas de fechamento do comércio adotadas por prefeituras e governo do Rio por considerá-las equivocadas.

“Eu fui detido pela Polícia Militar na frente da residência do governador, no Rio, era o Witzel na época, com diversos indícios de corrupção, e nós fazíamos diversas manifestações, teve a primeira detenção e isso, querendo ou não, me gerou algumas multas que depois foram derrubadas na Justiça, mas me deu visibilidade na rede social. E depois aquela prisão que teve aqui na praia de Charitas, na época do lockdown, que teve repercussão nacional”, conta Douglas Gomes, acrescentando que isso lhe deu musculatura para a eleição de 2020.

Ao questionarmos se a postura dele tinha sido espontânea ou estratégica, de modo a lhe favorecer, bem como dar-lhe maior projeção eleitoral, o parlamentar respondeu que não houve planejamento para tirar proveito. E emendou:

“A gente não sabia o que poderia acontecer. Na época, pouquíssimas pessoas de Niterói estavam fazendo isso. Nenhum candidato fez isso em 2020, todo mundo com medo de ter perda eleitoral. Eu fiz, mesmo sabendo que poderia ter perda eleitoral. Perda, que eu falo, é de não conseguir ser candidato”, destacou.

Sobre a maturidade adquirida ao longo do mandato, Douglas Gomes disse existir duas visões: a de quando se está fora e outra, no exercício do mandato.

“Princípios e valores são inegociáveis e imutáveis. Em 2020, sem ser vereador, eu jamais cogitei conversar com um parlamentar do PT ou do Psol. Mas, estando aqui, a gente aprende a dialogar. Esse é o trabalho do parlamentar”.

Sobre os 451 anos de Niterói, Douglas exalta a cidade

“Niterói é uma cidade maravilhosa, com passagens importantes na construção do Brasil e do Rio de Janeiro. Depende de todos nós que Niterói seja uma cidade melhor. O processo eleitoral passou e nosso trabalho é fiscalizar o poder executivo e contribuir para que o melhor seja feito pelo bem da população de Niterói. Aqui não tem torcida para o quanto pior, melhor. Nosso trabalho é para que de fato essa gestão faça o seu melhor papel e o melhor para a população. Mas sim, de olhos atentos, nós vamos fiscalizar e trabalhar para que caso venha a cometer erros, que a população fique sabendo e que os órgãos de controle venham a tomar as medidas cabíveis”, ponderou Douglas.

Usando de um tom pacificador, Douglas Gomes concluiu a entrevista dizendo que até mesmo os políticos adversários estão em sua lista de orações.

“Antes de ser parlamentar, eu sou Cristão. Então, eu oro, para qualquer que seja a autoridade. Eu oro pela vida do prefeito, dos deputados, pelo presidente do Brasil. Claro, enquanto homem, cidadão, político e vereador, aí é fazer o meu papel, buscando fazer o melhor”, finalizou.

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