No Dia Mundial do Combate ao Fumo (29/08), é importante ressaltar os riscos do tabagismo. Hoje, existe um risco maior que é o cigarro eletrônico, nova febre que vem impactando pessoas cada vez mais jovens, com casos até mesmo de crianças dependentes desse vício. De acordo com estudos, o principal agente que provoca dependência é a nicotina, que chega ao cérebro mais rápido que a temida cocaína, estando associada a problemas cardíacos e vasculares (de circulação sanguínea). A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que mais de 7 milhões das mortes resultam do uso direto do produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo.
Pesquisas mostram que o cigarro eletrônico vem atingindo a geração mais jovem, mais especificamente aqueles nascidos entre 1995 e 2010.
“Esses dispositivos vêm disfarçados, com líquido saborizado e de diferentes sabores, atraindo mais esse público e veiculando uma informação falsa de que eles trazem menores problemas que os cigarros tradicionais. Mas a nicotina é a substância em maior quantidade nesses cigarros e vaporizadores, o que os torna ainda mais viciantes”
– comenta o pneumologista Renato Calil.
O especialista ainda ressalta que mesmo sem contar com itens como o tabaco em sua composição, os dispositivos eletrônicos possuem outros elementos que podem ser altamente prejudiciais.
Os dispositivos desencadearam com o surgimento da doença chamada Evali (Doença Pulmonar Associada aos Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaping), que causa fibrose e outras alterações pulmonares, podendo levar o paciente à UTI, ou mesmo à morte, em decorrência de insuficiência respiratória, em pouco tempo
– esclarece o pneumologista Renato Calil.
Entre 2019 e 2020, foram registrados nos Estados Unidos, quase 13 mil internações por causa da doença. Por causa disso, 80 entidades médicas, entre elas a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), assinaram uma carta reforçando a posição contrária ao Projeto Lei 5.008/2023, que pretende permitir a venda de cigarros eletrônicos no Brasil.
A clínica geral e geriatra Márcia Umbelino explica que o cigarro é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares.
O monóxido de carbono presente na fumaça do cigarro reduz a capacidade do sangue de transportar oxigênio, enquanto a nicotina aumenta a pressão arterial e os batimentos cardíacos. O fumo danifica as artérias, e favorece o acúmulo de placas de gordura e o entupimento dos vasos sanguíneos, o que pode causar infartos e derrames
– explica a médica.
Além disso, o cigarro prejudica o organismo como um todo, podendo causar diversos tipos de câncer e outras doenças como: úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.
Os prejuízos do fumo, geralmente, começam a aparecer no aparelho respiratório. No começo o paciente pode não sentir sintomas graves, pois o pulmão tem um grande estoque de reserva, mas as consequências surgem logo depois.
O enfisema pulmonar e a bronquite são doenças que provocam uma inflamação ou obstrução crônica no revestimento dos brônquios, e aos poucos levam a destruição do tecido que forma as vias respiratórias, dificultando a respiração
– acrescenta o pneumologista Renato Calil.
O especialista ainda acrescenta que o fumo é responsável por 85% dos casos de câncer de pulmão. Afetando fumantes e fumantes passivos.
O tabagismo também causa envelhecimento precoce, justamente por inflamar o organismo e fazer com que doenças mais comuns em idade avançada apareçam cada vez mais cedo. Apesar de ser usado como escape e forma de aliviar o estresse, o ato de fumar também está associado a problemas de ansiedade e depressão
– esclarece Márcia.
Existem diversas formas de tratar o vício, algumas delas é oferecida de forma gratuita e integral pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de medicamentos como adesivos, pastilhas, gomas de mascar (terapia de reposição de nicotina) e bupropiona, além do acompanhamento médico necessário para cada caso.
Medicamentos podem ajudar a livrar o organismo de substâncias que causam vício e a sensação de prazer, e a soroterapia também é uma aliada. A técnica é capaz de desintoxicar o organismo. Nesse sentido, ela vai procurar limpar o corpo das substâncias presentes no cigarro. Os soros são indicados de acordo com as necessidades de cada paciente. Antes dessa prescrição, o paciente passa por uma bateria de exames, inclusive hormonais, para que o especialista entenda quais são as substâncias que precisam ser repostas no organismo do paciente
– acrescenta a clínica geral que também é especialista em medicina ortomolecular.