O Dia Internacional da Consciência foi instituído pela ONU e é celebrado em todo o mundo no dia 5 de abril. Essa data visa incentivar a comunidade internacional a desenvolver ações que promovam a paz, a inclusão e a tolerância, contribuindo para uma cultura de paz universal, com consciência de que somos todos da mesma espécie, e que a geografia, a religião, a etnia não deveriam sobrepor a raça humana.
A história desse dia remonta ao Congresso Internacional sobre a Paz na Mente dos Homens, organizado pela UNESCO em 1989, na Costa do Marfim.
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No entanto, foi somente em 2020 que o Dia Internacional da Consciência foi comemorado pela primeira vez oficialmente, momento bastante oportuno para que a data entrasse no calendário mundial, a humanidade estava à beira de uma pandemia, contra um agressor desconhecido e obscuro, vivenciando um medo de proporções incalculadas, que afligiu a mente de todos e ainda causa bastante desordem emocional.
É uma oportunidade para refletirmos sobre nossa própria consciência e como podemos contribuir para melhorar a convivência na sociedade que estamos inseridos e principalmente, lembrarmos que é na consciência que nasce o RESPEITO AO PROXIMO.
O que é consciência, visão ampla.
A consciência é uma dimensão profundamente intrigante, um mistério a ser desvendado, um enigma que não tem uma definição, ainda, apesar dos muitos anos e projetos científicos que já discutiram, já estudaram, já abordaram esse tema, seja no campo filosófico, médico, místico, religioso, e, permanecem estudando o que é a consciência? Enfim, diante do dilema que encontramos aqui, a única forma de responder essa pergunta é, trazendo algumas respostas.
1. Consciência como Autoconhecimento:
– A consciência está ligada à nossa capacidade de autoconhecimento.
– É a percepção de nossa própria existência, pensamentos, emoções e experiências.
– Através da consciência, refletimos sobre quem somos, nossas escolhas e nosso lugar no mundo.
2. Consciência Coletiva:
– Além do indivíduo, existe a consciência coletiva.
– Ela se manifesta em grupos, sociedades e culturas.
– A consciência coletiva molda nossas crenças, valores e normas compartilhadas.
3. Consciência Espiritual:
– Algumas pessoas veem a consciência como uma conexão com algo maior, seja divino, cósmico ou espiritual.
– É a busca por significado e propósito além do material.
4. Consciência como Processo Contínuo:
– A consciência não é estática; é um processo contínuo de percepção e reflexão.
– Ela se expande à medida que aprendemos, crescemos e nos conectamos com o mundo.
Eu ousaria dizer que a consciência é uma jornada pessoal, porém também é coletiva, e por isso, é tão particular e misteriosa, quanto é universal e emblemática. Acredito que cada pessoa pode ter sua própria definição e experiência única da consciência.
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Ao trabalharmos com a consciência, nos permitirmos abrir a mente para diversas possibilidades, para novas escolhas, para olhar o mundo com mais humanidade. Meu trabalho como Terapeuta Sistêmica, é exatamente ajudar a olhar com consciência para os fatos acorridos em nossas vidas e reconciliar essas experiencias através das constelações.
“Os sofrimentos de uma família são como elos de uma corrente que se repetem de geração em geração até que um descendente tome consciência e transforme a maldição em benção”.
Bert Hellinger.
A Consciência na Visão Bert Hellinger.
A consciência é tema central nas constelações familiares, uma abordagem desenvolvida por Bert Hellinger, e foi um assunto bastante explorado através de um profundo estudo que durou muito anos, Bert Hellinger dedicou-se a uma vida de exploração e aprendizado em diversas áreas, suas contribuições mais significativas estão relacionadas à Terapia de Constelação Familiar.
Entre a década de 1980 e o início da década de 1990, Bert Hellinger descobriu a existência de diferentes tipos de consciência – nesta época consciência individual e consciência coletiva – e descobriu a base do “Comando do Amor”, mais tarde, ao observar as dinâmicas familiares nos campos fenomenológicos, observou a boa e a má consciências, então, ao lidar com conflitos familiares e dinâmicas sistêmicas, ele explorou conceitos como ordens do amor, lealdades invisíveis, e campos morfogenéticos.
No entanto, seu foco principal não estava nas consciências individuais em termos filosóficos ou psicológicos, mas nas consciências familiares, na consciência que nos liga, no emaranham, nos conectam como membros de um sistema familiar, seu legado continua a influenciar a prática terapêutica e a compreensão das relações humanas dentro dos sistemas familiares.
A Boa e Má Consciência.
Os conceitos de boa consciência e má consciência dentro do contexto dos sistemas familiares, foi foco de estudo dos sistemas familiares, foi através desta observação que nasceu a necessidade de pertencimento, de equilíbrio e a hierarquia familiar, através do estudo destas dinâmicas, podemos observar as Leis do Amor agindo, porque muitas desordens nascem quando infringimos essas leis.
1. Boa Consciência:
– A boa consciência está relacionada ao conhecido, ao familiar, àquilo que estamos acostumados e aos caminhos já trilhados.
– É a tranquilidade do pertencimento. Quando pensamos, sentimos e agimos de acordo com as expectativas e exigências do nosso grupo familiar, sentimos que somos acolhidos e que pertencemos a ele.
– Na boa consciência, nos tornamos aquilo que somos, contribuindo para perpetuar o que já está estabelecido.
2. Má Consciência:
– A má consciência está associada ao desconhecido, ao ainda não-conhecido, às verdades não descobertas e aos caminhos não desbravados.
– Surge quando pensamos, sentimos ou agimos em discordância das expectativas e exigências do nosso sistema familiar.
– Sentimos medo, insegurança e culpa quando saímos do padrão estabelecido, pois tememos a desaprovação daqueles que queremos que nos aceitem.
3. Não é uma Questão Moral:
– Os adjetivos “boa” e “má” associados à palavra “consciência” não são qualificações de ordem moral.
– Refletem nosso sentimento em relação ao pertencimento ou exclusão, não indicando o modo “correto” de agir.
– Durante as constelações, muitas vezes reconhecemos que o momento pede que a pessoa enverede pela má consciência, agindo de forma diferente do esperado pelo sistema, mas sempre honrando o sistema ao qual pertence.
– O desejo de pertencer é importante, mas também pode ser um grilhão que impede nossa plenitude, por isso, nos é permitido fazer diferente.
“Pertencer a família é nossa necessidade básica. Esse vínculo é nosso desejo mais profundo. A necessidade de pertencer a ela vai além até da nossa necessidade de sobreviver. Isso significa que estamos dispostos a sacrificar e entregar nossa vida pela necessidade de pertencer a ela.”
Bert Hellinger.
Decifrando o que é Consciência, visão sistêmica.
1. Consciência Pessoal:
– A consciência pessoal está relacionada ao conhecido, ao familiar e ao terreno já desbravado.
– Seguir as instruções dessa consciência nos proporciona uma boa consciência.
– Sentimos que pertencemos quando obedecemos a essas instruções.
– Por outro lado, violar essas instruções resulta em uma má consciência e culpa.
– A má consciência nos impulsiona a mudar nosso comportamento para recuperar a sensação de pertencimento
2. Consciência Familiar:
– Cada família tem sua própria consciência coletiva.
– A consciência nos ajuda a perceber o que devemos fazer ou não para pertencer à nossa família.
– Quando seguimos as instruções da nossa consciência, temos uma boa consciência.
– Se violarmos essas instruções, sentimos uma má consciência e nos sentimos culpados.
– A má consciência nos impulsiona a mudar nosso comportamento para recuperar a boa consciência e o senso de pertencimento.
– No entanto, cometemos um erro ao pensar que nossa consciência é universal e válida para todas as pessoas.
3. Exclusão e Expiação:
– Alguém pode ser excluído da família se contrariar os padrões da consciência familiar.
– A exclusão pode ser extrema, levando até a morte ou ao abandono de um filho.
– Isso pode levar as mais diversas consequências, como doenças, vícios.
– A boa consciência pode ser hostil à vida, enquanto a má consciência pode levar a expiações.
4. Consciência Espiritual Universal.
– Bert Hellinger identifica três campos espirituais de consciência:
– Consciência Pessoal: Relacionada ao conhecido e familiar.
– Consciência Coletiva: Varia de grupo para grupo.
– Consciência Espiritual Universal: Compreende as Leis Sistêmicas do Amor.
5. Inversão de Valores.
– Podemos fazer coisas consideradas ruins com sentimentos de inocência e boas ações com culpa ou má consciência.
– A boa consciência está ligada ao conhecido, enquanto a má consciência ao desconhecido.
– Às vezes, precisamos explorar o novo e o ainda-não-conhecido para encontrar equilíbrio.
A consciência é complexa e relativa, é individual e coletiva, varia entre grupos e contextos, está ligada à nossa origem, de onde viemos, a família original, a cultura, a religião a etnia, esta conectada ao nosso passado e a todas as dinâmicas familiares que nos antecederam, tudo isso é complexo, mas uma certeza toda a humanidade tem, o autoconhecimento é porta para compreensão de uma imensidão de descobertas, e a expansão da consciência nos leva mais longe. É preciso saber quem somos, para depois saber para onde vamos, “afinal para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Lewis Carroll. Quanto maior a consciência, mas humanos nos tornamos.