Na última segunda-feira (25), o FOLHA DO LESTE publicou reportagem sobre crimes investigados pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSG) que seguem sem solução. A especializada conta ainda com o Setor de Descoebrta de Paradeiros (SDP) e a morosidade também é observada na apuração de desaparecimentos de pessoas.
Em agosto do ano passado, o FOLHA DO LESTE contou a história de duas famílias que vivem a agonia da falta de respostas para o desaparecimento de entes queridos. Um dos casos recentemente completou cinco anos. Até o momento, nada de respostas para ambos.
Brunner Moraes, morador de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, desapareceu em Niterói cinco anos atrás. O caso é um dos vários que estão parados no SDP da DHNSG. Mãe de Brunner, Noemia Moraes, reclama da falta de respostas da polícia.
A polícia não fez nada. Cheguei a ir duas vezes a São Paulo, na cracolândia, mas não o encontrei. Disseram que ele estava preso no [Presídio Talavera] Bruce, no Rio de Janeiro. Fui lá com advogado, mas não achei”, declarou a mãe.
No último pronunciamento da especializada sobre o caso, em agosto de 2023, a delegacia apenas limitou-se a dizer que as investigações estão em andamento no Setor de Descoberta de Paradeiros da DHNSG e que os agentes realizam diligências para localizar o desaparecido e esclarecer os fatos.
10 meses de mistério
Já faz dez meses o desaparecimento da jovem Michelly da Silva Elias Pereira, de 29 anos, que permanece um mistério. Enquanto isso, a investigação conduzida pela DHNSG não demonstra avanços significativos.
A vítima foi vista pela última vez em 31 de maio, na garupa de uma moto, indo em direção ao Apolo II, e desde então não retornou para casa. Sua família teme que ela possa ter sido vítima de alguma emboscada.
A última resposta da DHNSG foi basicamente a mesma para o caso de Brunner:
O caso é investigado pelo Setor de Descobertas de Paradeiros da DHNSG. Diligências estão em andamento para localizá-la”.
Sem informações
O FOLHA DO LESTE questionou, novamente, a especializada sobre a investigação dos desaparecimentos de Michelly e Brunner. Desta vez, a Delegacia de Homicídios não enviou sequer uma “nota padrão”. A DHNSG não retornou ao pedido de informações.
Especialista analisa
A reportagem conversou com o advogado criminalista Reinaldo Santos de Almeida, que fez uma análise sobre essa questão. Ele pontuou que o baixo percentual de resolução de crimes trata-se de um problema nacional, denotando a ineficiência das investigações.
Infelizmente, o Brasil tem o índice de elucidação de crimes contra a vida em torno de 37%, segundo dados de pesquisa efetuada em 2022, pelo Instituto Sou da Paz, o que mostra a absoluta ineficiência da investigação policial no caso de crimes de homicídio”, disse.
Além disso, Almeida defendeu que a Polícia Civil invista no reforço de pessoal e tecnológico da DHNSG e de outras especializadas. Ele destacou ainda a importância de a famílias de vítimas constituírem advogados para garantir o acompanhamento do inquérito policial.
O investimento em recursos humanos, materiais, treinamento e inteligência policial, bem como a escolha e valorização estratégica de policiais experientes e comprometidos com a atividade investigativa”, acrescentou.
Prisão de ex-chede de polícia escancara falta de credibilidade
A nível estadual e nacional, a credibilidade das investigações de homicídios no Rio de Janeiro ficou ainda mais arranhada após a prisão do ex-chefe da Policia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, no último domingo (24). A Polícia Federal o acusou de participação no planejamento da execução da vereadora da cidade do Rio, Marielle Franco (PSOL), em 2018.