Não é, nunca foi, apenas um jogo.
O futebol, sabe-se lá a razão, é bem mais do que 22 pessoas correndo atrás de uma bola em um espaço gramado, algumas vezes observadas por milhares de outras sentadas a seu redor.
O futebol, sabe-se lá a razão, é algo mágico, quase mítico.
E quem duvida disso deve ver o que aconteceu antes de a bola rolar na partida entre Brasil e Panamá, pela Copa do Mundo feminina que está sendo realizada na Austrália e na Nova Zelândia.
Não vou nem falar (escrever) sobre as jogadoras do Brasil (e os torcedores) continuarem cantando nosso hino à capela depois que o sistema de som do estádio parou a execução da melodia. Já havíamos visto isso antes.
O que impressionou, muito, mexeu mesmo, foi ver a emoção das panamenhas durante o seu hino – também aconteceu com as nossas jogadoras, mas em muito menor escala.
QUE MOMENTO🥹🥹
Así fue el momento donde suena el himno de Panamá 🇵🇦 #TigoSportsPA pic.twitter.com/sJGmPmJwG8
— Tigo Sports PA (@TigoSportsPA) July 24, 2023
Lágrimas, muitas lágrimas, rolavam nas faces emocionadas das atletas do Panamá. Eram sentimentos vivos e intensos que um hino, apenas, não pode proporcionar.
As lágrimas representavam a alegria (sim, lágrimas podem ser de alegria) de estar ali, representando seu país, representando os sonhos de familiares, representando os sonhos de pessoas que jamais conheceram ou conhecerão – mas que estavam unidos pelo sonho do futebol.
Era a estreia do Panamá em uma Copa do Mundo feminina. Chance próxima a zero de conseguir uma vitória. O que isso importava, porém?
Não custa lembrar a emoção da torcida (e dos jogadores) do Panamá quando, na Copa da Rússia, em 2018, fizeram um gol contra a Inglaterra. Perderam por 6 a 1, mas a festa foi tamanha que esse único gol foi mais valorizado do que a vitória britânica.
O futebol é mais do que um jogo. Mesmo que o mercantilismo esteja tomando conta do esporte, cada vez que uma lágrima é derramada durante um hino, ou na comemoração de um gol, podemos ter certeza disso.
Vicente Dattoli